Publicado: 19 de fevereiro de 2020, 14:04

Agricultores realizam colheita do arroz de transição agroecológica no Baixo São Francisco


Das 17 unidades familiares produtivas envolvidas no cultivo, 14 são apoiadas financeiramente pelo Projeto Dom Távora, executado pelo governo de Sergipe.

Rizicultores do Baixo São Francisco realizaram, na última semana, a “Festa da Colheita”, demostrando que o cultivo do arroz agroecológico tem viabilidade econômica e sustentabilidade ambiental. Numa área de 17 hectares, eles colheram 150 toneladas do cultivo, obtendo uma média de rendimento de 7 t/há – produtividade superior à média nacional do cultivo convencional e, destaque-se: sem a utilização de defensivos e adubos químicos.

Das 17 unidades familiares produtivas envolvidas no cultivo, 14 são apoiadas financeiramente pelo Projeto Dom Távora, executado pelo governo de Sergipe. Segundo a Secretaria de Estado da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), foram investidos R$ 257.231,82 entre a implantação das unidades produtivas de arroz e quintais agroecológicos, a capacitação em agroecologia e a implementação de campos de multiplicação de sementes de arroz.

“Estamos orgulhosos de ver o resultado desse projeto no Baixo São Francisco. O cultivo do arroz de transição agroecológica é um dos 39 investimentos produtivos do Projeto Dom Távora realizados aqui na região, uma ação importante e priorizada pelo governador Belivaldo Chagas, em parceria com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) para melhorar o Índice de Desenvolvimento Humano na região. Estamos considerando essa experiência do arroz de transição agroecológica como bem sucedida, dada a sua produtividade, a sustentabilidade ambiental que proporciona e a perspectiva de autonomia produtiva para esses agricultores, a partir do cultivo das suas próprias sementes”, destacou André Luiz Bomfim Ferreira

Presente na programação, a vice-governadora Eliane Aquino conclamou comerciantes e parceiros a comprar o arroz dos agricultores familiares. “É muito gratificante quando a gente vê o resultado do potencial dos produtores e a forma como eles estão colhendo e vendendo o arroz sem agrotóxicos. O que precisamos, a partir de agora, é divulgar essa iniciativa, buscar parceiros que comprem o arroz dessa comunidade e, desta forma, fazer com que este produto de qualidade possa chegar à mesa da população sergipana”, disse a vice-governadora.

O rizicultor Valmir dos Santos, apoiado pelo Dom Távora, conta que já tinha feito uma experiência de um hectare do plantio agroecológico, combatendo insetos com defensivos naturais feitos com urina de vaca, fumo com álcool, folha de nim e castanha. “Tivemos um resultado muito bom. Com a chegada do Projeto Dom Távora, ampliamos para 14 hectares divididos entre 12 família – um hectare para cada família, mais dois hectares reservados para produzir sementes. Hoje, estamos colhendo essa resultado maravilhoso de um arroz diferente do convencional sem o uso de produtos químicos. Um arroz que a gente sente que tem qualidade boa para beneficiamento na indústria e que é saudável, tanto para a terra quanto para nos alimentar”, disse, satisfeito o agricultor.

Para o representante do Movimento dos Pequenos Agricultores de Sergipe (MPA-SE), Mauro Cibulski, a Festa da ‘Colheita do Arroz’ representa a consolidação da transição do plantio do arroz convencional para o agroecológico. “Ao meu ver, o grande avanço foi fazer o agricultor perceber que não existe um modelo único de produção utilizando produtos químicos. Estamos sinalizando um novo modelo que só precisava de um incentivo”, pontuou o rizicultor. “Muitos dos agricultores que plantavam o convencional pensando na própria saúde e também dos seus familiares, já estão querendo partir para o cultivo agroecológico na próxima safra”, disse a rizicultora Maria Carlinda dos Santos. Ela informou ter produzido 300 sacos de 50kg de arroz e aguarda comprador. O preço do arroz em casca convencional é vendido na região por R$ 200 o alqueire de 240kg.


Atualizado: 19 de fevereiro de 2020, 14:04
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