Comunidade quilombola beneficiada pelo Dom Távora adere à produção de máscaras e entra na luta contra o novo coronavírus
A comunidade esteve entre as atendidas pelo Projeto Dom Távora, o que possibilitou a reforma da sede da associação, a aquisição de máquinas, equipamentos e aviamentos para o artesanato com tecidos, além de terem recebido capacitação na qualificação dos produtos e gestão do negócio.

As comunidades quilombolas, que são referência na luta em defesa de seus territórios, de sua cultura e de tudo o que envolve suas tradições ancestrais, continuam mostrando a força da resistência nesse período de combate ao coronavírus. Exemplo dessa superação é a comunidade quilombola Caraíbas, no município de Canhoba – Médio Sertão sergipano. Lá, as famílias que trabalham no processo de produção do bordado entraram na luta contra a pandemia e estão produzindo máscaras de proteção respiratória.
“Nós trabalhamos com o artesanato em tecido com ênfase no bordado Ponto de Cruz, mas nesse momento, estamos fazendo máscaras de proteção ao contágio pelo coronavírus. É um momento difícil, mas precisamos resistir para existir, para garantir, na comunidade, a segurança na saúde e na geração de renda”, disse a artesã e líder do quilombo Caraíbas, Nézia Santos.
Ela cita importantes vitórias da comunidade, como o reconhecimento do quilombo pela Fundação Cultural Palmares em 2005, prosseguindo com a formalização da Associação Quilombola Dona Paqueza Piloto, em 2008, quando se intensificaram as conquistas. “Dentro da Associação, criamos grupos de trabalho, como a do artesanato e da criação de suínos e galinha, como meios de aumentar a renda das famílias e a autonomia financeira das mulheres e dos jovens”, relatou Néze. Em 2017, a comunidade esteve entre as atendidas pelo Projeto Dom Távora, sendo contemplada com recursos do Governo de Sergipe em parceria com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), que possibilitaram a reforma da sede da associação, a aquisição de máquinas, equipamentos e aviamentos para o artesanato com tecidos, além de terem recebido capacitação na qualificação dos produtos e gestão do negócio.
O testemunho do quilombola Jeferson Jovino Santos confirma o protagonismo dos jovens na comunidade rural. “Estou ajudando minha família no trabalhando da confecção de máscaras em favor da saúde e da geração de renda”, contou. Segundo ele, a comunidade recebe encomendas tanto de máscaras de proteção facial quanto de produtos diversos, como jogos de cozinha, banheiro, toalhas e lençóis, pelo telefone (79) 99657-7203.
De acordo com dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca de Sergipe (Seagri), há comunidades quilombolas em sete municípios sergipanos apoiados pelo Projeto Dom Távora. “São 572 famílias quilombolas atendidas pelo governo em parceria com o FIDA, para o fortalecimento da economia das famílias e valorização das mulheres e jovens, com atividades como artesanato, ovinocultura e piscicultura, as quais estamos também ajudando a integrar à cadeia produtiva do turismo de base comunitária”, disse o secretário de Estado da Agricultura, André Bomfim.
Atualizado: 19 de maio de 2020, 14:00