Em seu segundo dia de atividades, o evento atraiu consumidores do bairro, de localidades vizinhas e de outras regiões de Aracaju para aproveitar a oferta de produtos de qualidade
A Feira da Reforma Agrária e Agroecologia tem movimentado o Parque de Exposições João Cleophas, na zona norte da capital. Em seu segundo dia de atividades, o evento atraiu consumidores do bairro, de localidades vizinhas e de outras regiões de Aracaju que vieram aproveitar a oferta de produtos de qualidade, cultivados de forma natural e vindos diretamente da roça para as bancas de comercialização. O governador Fábio Mitidieri esteve no local na manhã desta quinta-feira, 30, onde cumprimentou os feirantes e destacou a importância da parceria entre os governos estadual e federal para a realização do evento. A feira acontece até o próximo sábado, 2.
Para o governador, a feira representa uma demonstração do quanto o homem do campo tem um papel importante na sociedade. “O Governo do Estado, por meio da Emdagro e da Secretaria de Agricultura, têm apoiado o homem do campo e os representantes do MST. Estamos estudando, também, uma parceria da Secretaria da Educação para inserir esses produtos na merenda escolar. Já existe uma legislação nesse sentido e precisamos ver de que maneira o Estado pode colaborar ainda mais com os produtores. Essa parceria fortalece a agricultura familiar e aqueles que tiram o seu sustento da agricultura”, enfatizou Fábio Mitidieri.
O secretário de Estado da Agricultura, Zeca Ramos da Silva, destacou que a realização da feira é o resultado de um trabalho em conjunto. “A Emdagro, o homem do campo e os movimentos sociais, no caso aqui o MST, participam ativamente dessa feira para mostrar os itens produzidos e a força do homem no campo e do pequeno agricultor. Sergipe tem a sua força no pequeno agricultor, que hoje representa 70% de toda a nossa produção e que é um grande gerador de riqueza, um grande gerador de empregos”, afirmou ao ressaltar que a feira traz diversos eventos, como palestras, shows e principalmente a venda de produtos orgânicos, como frutas e legumes em geral, além de peças artesanais.
Para a artesã Cristiane Santos de Jesus, da comunidade quilombola Alagamar, em Pirambu, foi uma grande oportunidade participar da feira e expor suas peças feitas com a palha do ouricuri. “Espero que toda a população de Aracaju venha conhecer nosso trabalho, feito à mão, natural, da palha do ouricuri. A gente realiza um trabalho coletivo, as mulheres e homens tiram a palha, botam para secar e tem aquele procedimento todo. A gente utiliza o talo para fazer o souplast, fazemos cestos, utilizamos a palha para fazer as bolsas, os tapetes e, também, aquela outra palha mais grossa, a gente usa para fazer a vassoura de varrer. Do ouricuri a gente utiliza tudo, não perde nada, com cada palha faz uma peça diferente”, explicou Cristiane, ao enfatizar que o quilombo todo sobrevive desse trabalho.
Produtos naturais
Para José Roberto da Silva, da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e um dos responsáveis pela organização do evento, a feira está sendo muito importante para os participantes. “Primeiro por diminuir a distância entre quem produz e quem consome, pois aqui o consumidor tem o contato direto com aqueles que produzem lá no campo e essa relação direta entre produtor e consumidor é uma coisa fantástica. Sem falar que, aqui, eles só vão encontrar alimentos puros, que vai ajudá-los a manter uma vida mais saudável, por serem produtos cultivados sem o uso de agrotóxicos”, pontuou. “Temos agricultores de todas as regiões, de vários municípios de Sergipe, desde o Jacaré-Curituba, no alto sertão, até Pacatuba, Brejo Grande, e de comunidades quilombolas, só pra citar alguns”, divulgou o coordenador.
Maria Cícera, do Assentamento Alto da Bela Vista, de Canindé do São Francisco, veio comercializar seus produtos na feira e trouxe uma diversidade de itens. “A gente trouxe pé de moleque, beiju, mal casado, abóbora, batata, maxixe, quiabo, feijão verde, macaxeira, ovos, a galinha capoeira, o tamarindo. Tudo isso é produzido lá na região, no assentamento. Então, a diferença é que esse produto aqui é feito sem edição de agroquímico, o produto é todo orgânico. A gente não usa o produto químico. São alimentos saudáveis, que a pessoa pode comer sem medo, a acerola, o maxixe, o pimentão, tudo é orgânico aqui”, garantiu.
Quem foi atraído por essa oferta de produtos de qualidade foi o professor Antônio Araújo, morador do bairro Luzia, que foi até a feira. “Quando vi a divulgação na mídia, de que estava acontecendo essa feira aqui, vim conferir de perto. Temos que cuidar da nossa saúde e buscar sempre produtos mais saudáveis para a nossa alimentação, então foi isso que me atraiu até aqui, pois os produtos normais, cultivados de qualquer jeito, a gente já encontra em todo lugar”, destacou ao iniciar suas compras.
Já a aposentada Adenilse Lima Santos, moradora do bairro Santos Dumont, gostou da praticidade de encontrar alimentos saudáveis bem pertinho de casa. “Como moro em um bairro vizinho daqui e vi a divulgação da feira na televisão, vim aproveitar. Encontrei produtos de qualidade e com preço bom, equiparado com o das outras feiras livres, de bairros. Gostei da escolha do local porque ficou próximo da minha casa, é bem seguro e também por resgatar um pouco o espaço, que é acostumado somente a receber exposições agropecuárias”, disse ao garantir que achou bem interessante e tranquilo fazer as compras no local.
Fotos: Vieira Neto