Investimentos do Governo de Sergipe e FIDA favorecem tradição do bordado Richelieu na comunidade Nova Brasília
Bordadeiras do município de Tobias Barreto, no Centro Sul sergipano, ampliaram sua atividade produtiva com a aquisição de novas máquinas de costura e bordado, e realização de curso de capacitação, com apoio financeiro do Projeto Dom Távora, realizado pelo Governo de Sergipe em parceria com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA). Dessa forma, o grupo assegura a sucessão de saberes, através do envolvimento de jovens da comunidade com o bordado Richelieu. Parte dessa produção nasce das mãos talentosas das mulheres do Povoado Nova Brasília, que têm nessa atividade sua principal fonte de renda. Lá, elas fundaram uma Associação, que mantém viva essa importante tradição cultural.
A artesã Josivania Menezes conta que a tradição desse tipo de bordado tem mais de 70 anos, transmitida entre gerações de tobienses. “Por volta de 1950, se iniciavam os trabalhos do bordado Richelieu no Povoado Nova Brasília, trazido pelas senhoras Iracema Geralda dos Santos, Maria Ferreira e Normiza Andrade de Jesus, que repassaram a técnica do bordado para um grupo de interesse, de caráter informal, constituído por mulheres da comunidade. A partir de 2006, passaram a se organizar na Associação de Bordadeiras com apenas nove associadas que participavam e pagavam uma pequena mensalidade para manter o trabalho. Desde então, a Associação tomou novos rumos e foi formado esse grupo, que hoje conta com mais de 130 mulheres e homens associados, e só cresce a cada dia”, revela.
Josivania explica que, mesmo com o apoio de outras instituições, a Associação de Bordadeiras tinha poucas máquinas para um grupo grande de mulheres. Segundo ela, a chegada do Projeto Dom Távora possibilitou a aquisição de 64 novas máquinas de costura e bordado; matéria prima (tecidos e aviamentos); e a participação do grupo em Seminário de Associativismo e Cooperativismo, Curso de Gestão Agrícola e Não Agrícola, e intercâmbio para a Colômbia. Dessa forma, o grupo está conseguindo alcançar os objetivos de aumentar a renda e promover a sucessão do artesanato, produzir em maior quantidade, qualidade, e conseguir um mercado fixo para venda dos produtos. Para ela, o trabalho de bordar se tornou mais atrativo para a comunidade, em especial para os jovens, incluindo o grupo de 10 meninos inseridos no processo de produção do bordado.
Ao visitar as bordadeiras este mês, o secretário de Estado da Agricultura, André Bomfim, constatou avanços importantes na atividade. “A artesã Josivania representou Sergipe no intercâmbio na Colômbia sobre troca de experiência em negócios rurais e, pelo que constatei, ela conseguiu implementar uma visão empreendedora, avançou, e criou a Casa do Richelieu. O grupo tem grandes diferenciais, a exemplo da qualidade e da singularidade das peças produzidas, com o adendo de que a produção do artesanato é feita de forma coletiva e colaborativa”, destacou o secretário.
Conhecendo os produtos
Entre as peças que são vendidas, principalmente no comércio da cidade, há artigos variados, desde toalhas de rosto bordadas, lençóis e passadeiras, até a indumentária completa utilizada em cerimônias de religiões de matriz africana, adornadas com bordados detalhados. Com a pandemia de Covid-19, as artesãs também produziram máscaras de proteção com detalhes em bordado, chegando a alcançar a renda de até um salário-mínimo somente com essa produção. Os preços variam de R$ 5,00 a R$ 550,00 e podem ser adquiridos através da Associação ou de comerciantes locais.