Projeto Dom Távora realiza troca de experiência entre beneficiários e FIDA

Esta semana, beneficiários do Projeto Dom Távora participaram de um encontro com técnicos, consultores, coordenadores e representações do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola – FIDA, que financia o projeto em parceria com o Governo de Sergipe

Realizado no auditório do Núcleo de Apoio ao Trabalho – NAT, o encontro teve como objetivo a troca de experiências sobre os resultados dos investimentos em Negócios Rurais para Pequenos Produtores, com a presença de 80 beneficiários vindos dos três territórios abrangidos pelo projeto: Centro Sul, Agreste Central e Médio Sertão, e território do Baixo São Francisco.

“O Dom Távora não chegou dando um complemento de renda, ele literalmente mudou a história da renda familiar do nosso povoado. Antes não tínhamos fonte de renda e hoje, com o projeto de corte e costura, nós conseguimos atingir grandes valores mensais. Graças ao investimento do Dom Távora, hoje temos mais de 30 máquinas de costura, um salão para o trabalho, com banheiros, almoxarifado, escritório, computador, tudo adquirido através do financiamento. Esse projeto foi fundamental para o nosso desenvolvimento. Só temos a agradecer”, disse Pedro Bispo de Aragão, presidente da Associação do Desenvolvimento Social e Comunitário (Adescom) do Povoado Gavião, no município de Graccho Cardoso.

O coordenador geral do Projeto Dom Távora em Sergipe, Gismário Nobre, afirmou que o contrato de financiamento vai até setembro, mas que há a possibilidade de prorrogação para projetos ainda não finalizados. “Estamos em fase de conclusão, então este é um momento importante de troca de ideias para saber a impressão dos beneficiários. O projeto encerra financeiramente, mas a nossa assistência técnica continua. Ao total, foram 132 projetos participantes do Dom Távora, com recursos no valor de cerca de 20 milhões. Vamos conseguir cumprir 80% dos projetos até setembro. Para os 18 projetos que não conseguiram se concretizar, nós encaminhamos um pedido de prorrogação para o Governo Federal. Se aprovado, os projetos terão essa oportunidade até início de 2021. Os principais problemas estão justamente na região do Baixo São Francisco, pois são projetos mais complexos que dependem de licenciamento ambiental, licitação, entre outras normas legais”, explicou.

De acordo com o oficial de programas do FIDA para o Brasil, Leonardo Bichara, o principal objetivo do projeto é contribuir para a remissão da pobreza rural nas localidades de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). “A gente percebe que trabalhar com agricultura não é fácil. Poucas agências financiam a agricultura familiar. O FIDA vem com o intuito de agregar e potencializar algo que muitas vezes já existe. Aqui em Sergipe, já temos histórias de sucesso e estamos contentes com o progresso do Dom Távora. Quem faz o projeto são os beneficiários, que transformam o financiamento em bens, produção, maquinário, estrutura. Espero que o FIDA possa vir a financiar novos projetos para Sergipe no futuro. Vamos continuar o nosso diálogo com o governador do Estado, secretários e com o Governo Federal para continuarmos vindo”, disse.

Mulheres e jovens

Podem participar do Dom Távora todas as famílias pobres que vivem nas áreas rurais de atuação do Dom Távora e que estejam organizados em associações, comunidades quilombolas e assentamentos rurais. O Projeto exige que, no mínimo, 30% dos beneficiários sejam mulheres e jovens rurais. “Temos os chamados ‘agentes jovens’ das comunidades, que atuam como multiplicadores das orientações e conhecimentos passados pelos técnicos em capacitações e intercâmbios. São jovens dos 16 aos 29 anos que estão muito empolgados por estarem inseridos. Eles têm um potencial muito grande e devem realizar atividades de responsabilidade. Por isso, fazemos um resgate desses jovens para o projeto e eles se sentem mais protagonistas das suas histórias. Antes, eram os pais que tomavam conta do plano de negócio, agora eles passaram a ser a primeira pessoa”, afirmou Edilene Souza Barros, consultora na temática juventude do Dom Távora.

As mulheres também têm papeis prioritários nas comunidades, muitas vezes exercendo posições de liderança, como é o caso de Josefa Santos de Jesus, conselheira fiscal da Associação de Proteção Comunitária do Sítio Alto, em Simão Dias. “Tenho 61 anos, sou nascida e criada no sítio quilombola. Lá temos projeto de aves, ovelhas e agricultura, e também temos o nosso projeto cultural. Hoje, a gente agradece ao FIDA por ter nos proporcionado um galpão, que é o nosso centro comunitário. Agora, a gente pode trabalhar na roça e usar o galpão para vender os nossos produtos, fazer nossas reuniões e atividades culturais. O projeto incentivou o público a fazer a feira com a gente e estimulou os jovens a se sustentarem dentro do campo, desenvolvendo a nossa localidade”, disse.

A especialista em gênero do Dom Távora, Márcia Roseane, disse que ainda serão realizadas diversas ações ate a finalização do Dom Távora. “As mulheres correspondem a mais de 50% dos beneficiários. A gente está trabalhando para qualificar as ações, com alguns grupos de mulheres do artesanato e da agricultura familiar, trabalhando três eixos: empoderamento social e pessoal, autonomia econômica e organização. Estamos com um trabalho piloto na comunidade de Rancho, em Pacatuba, com 26 artesãs. A partir desse piloto, vamos mensurar as ações e possíveis contribuições para o cotidiano dessas mulheres. Paralelo a isso, vamos desenvolver uma ação com todos os projetos apoiados pelo FIDA no Nordeste, com a entrega de 200 Cadernetas Agroecológicas, que servirão como instrumentos para viabilizar e valorizar as produções das mulheres”, contou.

Dom Távora

O Projeto Dom Távora é uma ação do governo de Sergipe em parceria com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola – FIDA, e execução pela Secretaria de Estado da Agricultura Desenvolvimento Agrário e da Pesca – SEAGRI, que dispõe de uma unidade técnica específica para análise das propostas originadas das comunidades. O Projeto atende a 15 municípios do estado localizados nos seguintes territórios: Centro Sul – Tobias Barreto, Poço Verde e Simão Dias; Território Agreste Central e Médio Sertão – Pinhão, Nossa Senhora Aparecida, Carira, Graccho Cardoso e Aquidabã; Território do Baixo São Francisco – Japoatã, Santana do São Francisco, Ilha das Flores, Pacatuba, Brejo Grande, Neópolis e Canhoba.

|Fotos: Vanessa Passos

Governo

Última atualização: 24 de maio de 2019 15:10.

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