Projeto Rede Citros fortalece citricultura sustentável em Sergipe

Próxima atividade acontece no dia 29, no município de Cristinápolis, sul sergipano

Agricultores e técnicos da região citrícola sergipana têm participado de atividades de campo, como parte do projeto Rede Citros, realizado no período de 23 a 29 de outubro. Os encontros tem como objetivo levar conhecimento técnico e boas práticas para o público assistido e são realizados pela Cooperativa de Agricultores Familiares de Indiaroba (Cooperafir), com financiamento do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e apoio técnico da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), empresa vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri). A atividade tem reunido produtores em diferentes municípios para trocar experiências e aprimorar técnicas que visam uma citricultura mais produtiva e sustentável.

Os dois primeiros encontros aconteceram nos dias 23 e 24 de outubro, nas cidades de Indiaroba e Estância, sul sergipano, e contaram com a presença de 56 participantes entre técnicos e agricultores de localidades como Boquim, Arauá e outras cidades da região. A série será finalizada no próximo dia 29 de outubro, no município de Cristinápolis, também no território sul, ampliando o impacto do projeto para mais comunidades citrícolas.

No evento em Estância, realizado na Colônia Estancinha, os participantes interagiram com especialistas em diferentes estações temáticas, que abordaram assuntos essenciais, como Saúde e Segurança do Trabalhador Rural, Amostragem e Análise da Fertilidade do Solo, Manejo Agroecológico do Solo, Manejo Integrado de Pragas e Preparo e Uso de Bioinsumos. A Emdagro esteve presente em todas as etapas como parceira central do projeto, contribuindo com seu conhecimento técnico e incentivando o uso de práticas sustentáveis.

Segundo Djalma Cardoso Lima Neto, agente de desenvolvimento do Banco do Nordeste da agência de Estância, o projeto tem raízes em ações iniciadas entre 2017 e 2018 e busca fortalecer o setor citrícola da região. “Esse projeto de citricultura começou com o objetivo de fortalecer o setor e aumentar a produtividade na região e desde o início a Emdagro tem sido uma parceira fundamental nessa jornada. Junto com prefeituras, sindicatos e secretarias de agricultura, a Emdagro se uniu para oferecer suporte técnico aos citricultores, especialmente no controle de pragas e nas práticas de manejo, ampliando o alcance e a qualidade do projeto. Atualmente, trabalhamos com 85 citricultores distribuídos em seis municípios, que recebem assistência e incentivo para aumentar suas colheitas”, afirmou. Djalma destacou ainda a importância do financiamento não reembolsável do Fundo de Desenvolvimento Econômico, Científico, Tecnológico e de Inovação (FUNDECI), que, segundo ele, foi decisivo para a continuidade das ações junto aos citricultores.

Dia de Campo

Participando de seu primeiro Dia de Campo, o agricultor estanciano Ginaldo dos Santos expressou seu entusiasmo pela experiência de aprendizado. “O que mais chamou minha atenção foi a estação que trata das pragas e doenças. Verifiquei um inseto que achava que era praga, mas na verdade a pesquisadora da Emdagro esclareceu que não. Este inseto é inimigo natural de muitas pragas e doenças, ou seja, é amigo da lavoura”, comentou, referindo-se ao Crisopídeo, conhecido como bicho-lixeiro, um importante aliado no combate biológico das pragas nos citros.

José Maurício Silva Andrade, agricultor de Boquim, compartilhou seu entusiasmo ao longo do evento. “Gostei de tudo o que vi aqui neste Dia de Campo, mas o que mais chamou minha atenção foi a fala sobre as pragas, que na lavoura é o nosso maior problema, e sobre como fazer e utilizar a água de vidro na fertilização do solo”, destacou.

Sediando o evento em sua propriedade, o agricultor José dos Passos falou sobre o aprendizado proporcionado pelo Dia de Campo, enfatizando o manejo agroecológico e a importância de técnicas sustentáveis. “O conhecimento adquirido foi valioso, e agora o desafio é colocar em prática para colher os frutos no futuro”, disse José. Ele destacou o interesse em aplicar o uso de produtos naturais nas pulverizações para preservar os insetos benéficos, além da técnica da ‘água de vidro’, que promete otimizar a fertilidade do solo.

Coordenando as atividades ao lado dos técnicos da Emdagro, Elisabeth Campos reforçou a importância do apoio técnico da empresa no evento e no desenvolvimento do projeto. “A Emdagro tem se dedicado a compartilhar conhecimento técnico para fortalecer a citricultura em Sergipe, promovendo o manejo sustentável. Nosso foco é fornecer aos agricultores técnicas que aumentem a produtividade sem comprometer o meio ambiente, melhorando a qualidade de vida no campo e agregando valor ao produto final”, declarou Elisabeth.

Agricultura

Obtenção de crédito para máquinas e implementos agrícolas estão isentos de licenciamento ambiental

A decisão atende às necessidade dos produtores visando à melhoria contínua e o desenvolvimento econômico do estado, sem prejudicar o meio ambiente

Produtores rurais não precisam mais de licenciamento ambiental nas operações de crédito junto ao sistema financeiro para aquisição de máquinas e implementos agrícolas. Esta decisão está em vigor desde o dia 11 de outubro, com a publicação da Resolução  N° 03/2024 do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Cema/SE), no Diário Oficial do Estado de Sergipe. A iniciativa era pleiteada pelos produtores e defendida pela Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), que identificava a exigência do licenciamento como restrição e obstáculo ao desenvolvimento socioeconômico do estado.

Na mesma resolução, o Conselho Estadual isentou a exigência do licenciamento, também, para as operações de crédito com objetivo de outras aquisições como matéria-prima, insumos e mercadorias; aquisição de animais, sêmen, embriões, sementes, rações e mudas; aquisição isolada de animais; recuperação de pastagens e correção de solos, construção ou recuperação de cercas; custeio e investimento agropecuário e de demais atividades-meio; investimentos agropecuários de Pronafianos, mini e pequenos produtores rurais ou urbanos.

De acordo com o secretário de Estado da Agricultura, Zeca Ramos da Silva, a decisão vai contribuir para o desenvolvimento rural no estado. “A exigência do licenciamento nas operações de crédito para máquina e outros itens pleiteados pelos produtores é um obstáculo vencido. Agora é retomarmos os investimentos que muito contribuem para o desenvolvimento socioeconômico do estado. Sergipe já é um celeiro na produção agropecuária e, da nossa parte, estamos à frente da Secretaria da Agricultura para contribuir com o fortalecimento deste setor produtivo”, pontuou o secretário.

A decisão também foi comemorada pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Sergipe (Faese). O superintendente da federação, Denio Augusto Leite, disse que a decisão atende às reais necessidades dos produtores sem prejudicar o meio ambiente. “Estamos felizes com essa atualização na legislação, inclusive pleiteada também pela Faese, que atende às necessidade dos produtores visando à melhoria contínua e o desenvolvimento econômico do estado, sem prejudicar o meio ambiente. Em vários estados brasileiros essa decisão já é também uma realidade em razão da aquisição de máquinas ser classificada como uma atividade de baixo potencial poluidor, degradador ou baixo impacto ambiental”, explica Denio.

Ainda de acordo com o representante da Faese, esta inexigibilidade de licenciamento ambiental para aquisição de máquinas, implementos e equipamentos não isenta os empreendimentos e atividades que necessitem realizar supressão de vegetação. Para estas atividades, os interessados deverão solicitar Autorização de Supressão Vegetal junto ao órgão competente, conforme legislação ambiental.

Agricultura

Seagri e suas empresas vinculadas participam dos jogos dos servidores

Os servidores públicos da Secretaria da Agricultura, Coderse, Emdagro e Pronese estão entre os cerca de 3.500 atletas que participarão dos Jogos dos Servidores Públicos. Na manhã desta quinta-feira, 24, foi realizado o Congresso Técnico para sorteio das chaves das modalidades coletivas das competições, cuja solenidade de abertura oficial será às 16h da próxima segunda-feira, 28, no Constâncio Vieira, em Aracaju.

A Seagri e suas empresas vinculadas participarão de quatro modalidades coletivas – vôlei masculino, futsal, queimado feminino e queimado masculino. O dia, hora e local dos jogos serão anunciados a cada segunda-feira. O primeiro jogo será na segunda-feira, 28, às 15h, entre Casa Civil e Polícia Militar, no Constâncio Vieira, antes da abertura oficial das competições.

A equipe da Agricultura está no grupo 8 (cor verde) e já tem adversário. No sorteio deste dia 24, ficaram definidas as seguintes chaves de confronto: Futsal da Seagri está na chave 1, na qual participam a PM, SSP, e Casa civil; no Queimado Feminino a Seagri vai disputar com a equipe da Sedurbi; no Queimado Masculino o confronto é com a Polícia Militar; já no Vôlei Masculino os atletas da Seagri vão confrontar com Saúde, Seduc e Sead.

Nas modalidades individuais, os sorteios ocorrerão no mesmo dia das competições. Os servidores da Seagri estão inscritos nas modalidades: dama, xadrez, dominó e beach tênis.

O servidor Ailton Coelho, lotado no setor financeiro da Secretaria da Agricultura, é o coordenador das equipes de atletas da Seagri. De acordo com Ailton, os Jogos dos servidores são importantes para promoverem integração com os colegas de outros órgãos. “É um momento de motivação para questões como saúde física e mental, como também para fazermos mais amizade com colegas de outras repartições. Eu, por exemplo, estava afastado das atividades de competição, e agora tenho uma motivação para retornar”, pontuou.

Ailton Coelho convida todos os servidores da Seagri para participarem da solenidade de abertura, que vai acontecer no próximo dia 28 de outubro. “Os servidores podem chegar mais cedo para assistir ao primeiro confronto no futsal, entre PM e Casa Civil, às 15h, em seguida haverá a abertura com desfile dos atletas, fala do governador e encerramento com show musical”, divulgou.

Secretaria da Agricultura capacita mulheres quilombolas para implantação de hortas orgânicas

Atividade reuniu 70 agricultoras familiares dos municípios de Capela e Aquidabã atendidas pelo programa Ater Mulher

Mulheres agricultoras de comunidades quilombolas integrantes do programa Ater Mulher tiveram a oportunidade de participar, nesta quarta-feira, 23, de um curso sobre implantação de hortas orgânicas. A atividade, que se estendeu durante todo o dia, contou com orientações teóricas e práticas realizadas pela equipe do Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), e operacionalizadas pela Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro). A atividade reuniu 70 agricultoras familiares dos municípios de Capela e Aquidabã. 

Do município de Capela, participaram mulheres da Associação da Comunidade Remanescente de Quilombo Terra Dura e Coqueiral, e do município de Aquidabã, da Associação do Território dos Remanescentes do Quilombo Mocambo.

Uma das agricultoras contempladas foi Patrícia Freitas, da Associação da Comunidade Remanescente de Quilombo Terra Dura e Coqueiral. Segundo ela, o ‘Ater Mulher’ funciona na comunidade desde o início deste ano. “Já tínhamos um grupo formado por umas 50 mulheres que a gente, na época da pandemia, formou para cultivar horta, com a ajuda da comunidade de Patioba. Começamos a plantar no modelo de mandalas. Eles doaram as mudas, nós fizemos a irrigação. Foi muito bonito no início, mas tivemos problema com a escassez de água, e agora estamos resgatando, com a ajuda do programa ‘Ater Mulher’”, disse.

O coordenador do programa Ater Mulher em Sergipe, Mateus Cristóvão Santana Freire, indicou que a ação atende 630 beneficiárias em todo o estado, nos municípios de Indiaroba, Barra dos Coqueiros, Japaratuba, Capela, Canhoba e Aquidabã. Ele explica que o projeto  é fruto de parceria entre o Governo Federal e o Governo do Estado, por meio da Emdagro, e em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater). 

“O ‘Ater Mulher’ tem como objetivo trazer recursos e melhorias para as comunidades quilombolas. O nosso público de atendimento é exclusivamente de mulheres, e fazemos todo um trabalho de pesquisa, vendo o potencial de cada comunidade. Vai vir um recurso no valor de R$ 4,6 mil, que vai fomentar toda a produção da agricultura familiar, e diante disso estamos fazendo essa capacitação, promovendo cursos de empreendedorismo rural. As mulheres aprendem como investir, qual o procedimento a ser adotado com as técnicas apresentadas, para que elas possam ter sucesso na sua produção. Também fazemos o acompanhamento técnico com o pessoal dos escritórios locais da Emdagro”, detalhou.

A agricultora Maria Luciene Cunha Santos, de 40 anos, da comunidade Quilombola Mocambo, em Aquidabã, compartilhou sua empolgação por participar do curso e aprender novas técnicas de plantio. “É importante a gente receber esse pessoal que vem nos ensinar novas práticas, para melhorar nossa plantação. O nosso sonho é ter uma horta bonita, saudável, plantar para colher e vender nossos produtos, para termos uma renda para a gente”, destacou a produtora rural, que já planta milho, feijão e macaxeira e agora quer iniciar o plantio de hortaliças orgânicas, a fim de aumentar a renda familiar.

O instrutor do curso e agrônomo da Emdagro, Lucas Travassos Déda, é mestre em Agroecologia e especialista em horticultura, e explica sobre o conteúdo das orientações. “Estamos atualizando todo o conteúdo relativo às hortas, trazendo novas questões da horticultura para o público. Hoje o trabalho é para conscientizar sobre o plantio de hortaliças de forma orgânica. Então toda a adubação é feita com insumos que são permitidos para a produção de orgânicos, todas as caldas defensivas, que não agridem o meio ambiente e nem envenenam o aplicador da calda, tudo em prol da sustentabilidade do agroecossistema e saúde do agricultor”, apontou.

“Durante a parte prática, ensinamos desde a confecção dos canteiros até o plantio de mudas e sementes, e vamos ensinar também alguns tratos culturais, de como conduzir o tomate, por exemplo, que precisa de um sistema de condução para dar uma produtividade boa, a questão da adubação da terra, como fazer, como calcariar e a quantidade de adubo orgânico a ser colocado”, acrescenta o instrutor.

A produtora rural Maria Gréci de Santana Silveira, da Associação do Território dos Remanescentes do Quilombo Mocambo, em Aquidabã, foi outra participante que aprovou a experiência em sua comunidade. “A gente já tem essa prática da vida toda, de fazer o plantio sem uso do veneno, e aí através do projeto Dom Távora, em 2018, a gente conseguiu montar um grupo de mulheres para fazer o cultivo da horta. De lá para cá, a gente tem tentado manter o plantio sem uso do veneno, e tem dado muito certo. Hoje viemos aqui aprender novas técnicas, para podermos manter o nosso trabalho e os nossos planos de continuar cultivando a couve, alface, rúcula, cebolinha, pimentão, cheiro verde, o coentro, tudo de forma natural”, pontuou a representante da associação, que atualmente agrega mais de 130 famílias na localidade.

Seagri participa do segundo Encontro Sergipano de Carcinicultores

Evento dedicado ao desenvolvimento da carcinicultura no estado foi aberto a carcinicultores, empresas do setor, instituições e interessados na cadeia produtiva de camarão em Sergipe

A Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) esteve representada nesta terça-feira, 22, durante o 2º Encontro Sergipano de Carcinicultores, realizado pelo Sistema Faese/Senar Sergipe, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Sergipe). O evento, dedicado ao desenvolvimento da carcinicultura no estado, ocorrido no auditório do Sebrae, foi aberto a carcinicultores, empresas do setor, instituições e interessados na cadeia produtiva de camarão em Sergipe.

O chefe da Assessoria de Planejamento da Seagri, Arlindo Nery, participou do Painel de Ações Governamentais, juntamente com o representante do Ministério da Pesca e Aquicultura, José Everton Santos e o secretário de Agricultura de Arapiraca, em Alagoas, Iomar Santos Pereira, destacaram as ações de fomento para o desenvolvimento da carcinicultura, durante o Painel de Ações Governamentais.

Arlindo apresentou os dados do censo da carcinicultura realizado pela Seagri no município de Santa Luiza do Itanhy, sul sergipano, e falou sobre a necessidade de organização da cadeia, por meio do associativismo ou cooperativismo. “Também procuramos demonstrar os benefícios de alocação e infraestrutura que podem ser concedidos ao produtor”, observou durante sua fala.

A importância do encontro é marcada pelos números da produção em Sergipe, que abrange produtores de 16 municípios do litoral. O estado tem a quarta maior produção de camarões do Brasil e, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), produziu mais de quatro toneladas em 2023, o que corresponde ao valor de R$ 73 milhões. Brenno Barreto, diretor técnico do Sebrae, destacou que o encontro tem o objetivo de conectar os atores do setor e mantê-los informados sobre o que há de inovador no mercado. “O Sebrae abraça, com este encontro, todos os participantes dessa cadeia produtiva tão valiosa para o nosso estado. Estamos fomentando discussões importantes para o setor, além de ouvirmos as dificuldades do produtor, que podem ser resolvidas com as nossas soluções”.

Luís Nakanishi, gestor da cadeia da carcinicultura no Sebrae Sergipe, reforça que essa parceria entre Sebrae e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) tem sido estratégica para impulsionar o setor em Sergipe. “A troca de experiências com outros estados, somada às capacitações que oferecemos, permite que nossos carcinicultores se atualizem e ampliem sua visão de mercado, buscando soluções para os desafios locais e identificando oportunidades de crescimento”, concluiu Nakanishi.

Programa Garantia Safra realiza vistoria para detectar perda da produção 2023/2024

Técnicos da Emdagro estão em campo para atender cronograma que vai até 28 de outubro

Os municípios inscritos no programa Garantia Safra, que solicitaram a inspeção para comprovar a perda das lavouras de milho, têm até o próximo dia 28 de outubro para realizar as vistorias. Os laudos serão encaminhados para a coordenação nacional do programa, em Brasília. O Garantia Safra, coordenado em Sergipe pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), deve beneficiar mais de 14.500 trabalhadores rurais, de 21 municípios sergipanos, referente à safra 2023/2024.

A vistoria está sendo feita por amostragem, em propriedades rurais dos municípios de Aquidabã, Canindé de São Francisco, Carira, Feira Nova, Frei Paulo, Gararu, Gracho Cardoso, Monte Alegre, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora das Dores, Pedra Mole, Pinhão, Poço Redondo, Porto da Folha, Ribeirópolis, São Miguel do Aleixo, Tobias Barreto, Nossa Senhora da Glória, Itabi, Nossa Senhora de Lourdes e Canhoba. Técnicos da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) e das prefeituras municipais estão em campo para cumprir o cronograma.

O coordenador estadual do Garantia Safra, Sérgio Santana, explica que para reconhecer a perda da safra são analisados, além do laudo do município, os dados do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “A confirmação se dará se o laudo de apenas um dos órgãos coincidir com o do município, não sendo necessária a validação de todos juntos”, disse Santana, ao observar que a fase de pagamento acontece após a liberação.

Para a agricultora Concília Barros Freire, do povoado Sítios Novos, em Poço Redondo, o valor do seguro Garantia Safra, de R$ 1.200, pago em uma única parcela, é que ajuda na hora do sufoco, quando não há colheita. “Há muitos anos estou inscrita no programa e é essa ajuda que nos tira do sufoco. Como já aconteceu de outras vezes, este ano o milho não desenvolveu e secou no pé, só vai servir para darmos como ração para as galinhas. Nem para fazer silagem serve. Com esse dinheiro, a gente consegue comprar novas sementes e algum mantimento”, observou.

Nascidos no município de Bom Conselho, em Pernambuco, Dona Concília e o marido, Heleno Rodrigues dos Santos, também agricultor, moram em Sergipe desde que se casaram, há 50 anos. “Aqui nessa região a vida é difícil para o agricultor, por causa da seca. Este ano choveu pouco e prejudicou muito a lavoura. Já era pra estar dando caju nos pés, mas o que a gente vê é só as folhas caindo. O milho a gente perdeu todo, não se desenvolveu e secou nos pés, ficou pequeno demais, assim também foi com o feijão, que este ano praticamente não plantamos quase nada, aí só conseguimos um saco, que deu somente pra gente comer”, relatou o senhor Heleno que herdou do pai a propriedade de seis tarefas, onde o casal criou os três filhos e vive até hoje.

A agricultora Mônica Almeida de Barros, de Lagoa Redonda, povoado de Poço Redondo, também plantou milho em seus 10 hectares de terra e esperava dar uma semente boa, mas não foi o que aconteceu. “O grão ficou bem pequenininho, faltou chuva e ele não se desenvolveu. Faz dois anos que a gente planta e não colhe nada. O que deu não serve para alimentação, somente para ração dos animais”, destacou, ao observar que paga o seguro todo ano, para garantir o benefício. “Com o dinheiro que recebo compro as sementes e ainda ajuda para contratar o trator e arar a terra, além de pagar alguém para ajudar no plantio”, confirmou.

Trabalho de vistoria

De acordo com o técnico da Emdagro, José Augusto dos Santos Nazaré, faz mais de cinco anos que houve o último inverno considerado normal para o município. Este ano, o índice de pluviosidade foi menos de 120 milímetros. 

“Poço Redondo é o maior em extensão rural do estado e este ano nós tivemos mais uma grande perda. A gente se sente até constrangido com o que os agricultores estão passando. Auxiliamos no acompanhamento, no cadastramento do programa e agora mais uma vez estamos no local para comprovar a perda da lavoura, a fim de garantir que ele possa receber seu benefício”, explicou.

José Augusto pontuou que, nos últimos meses, foram menos de 40 dias de chuva, que não deu para juntar água nos tanques e nas barragens do município, uma chuva fina que não deu para molhar o centro da terra e o milho não deu o grão que a gente esperava. “Como o agricultor recebe o benefício antes que comecem as chuvas, na safra seguinte, aí dá tempo dele preparar o solo, de comprar a semente com esse recurso e de fazer o seu plantio novamente”, enfatizou.

Fiscalização educativa da Emdagro promove uso consciente de agrotóxicos

A ação destaca a importância da destinação adequada das embalagens vazias para a preservação ambiental

A equipe da Coordenadoria de Insumos Agropecuários e Agrotóxicos da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) realizou, nesta semana, uma ação de fiscalização educativa nos municípios de Cristinápolis, Arauá e Pedrinhas,  região citrícola de Sergipe, com o objetivo de conscientizar produtores rurais sobre o uso adequado de agrotóxicos. A iniciativa, que integra uma rotina de trabalho da equipe, busca garantir a segurança alimentar, proteger a saúde dos trabalhadores rurais e promover a preservação ambiental.

As fiscalizações, que fazem parte de um esforço contínuo da Emdagro, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura, para sensibilizar os produtores, são fundamentais para assegurar que os agrotóxicos sejam utilizados de maneira correta e segura. Segundo Aglênia Araújo, coordenadora de Insumos Agropecuários da Emdagro, a prioridade é orientar e educar os produtores. “Nosso foco não é a punição, mas sim a conscientização. No entanto, quando nos deparamos com situações graves, cumprimos o que estabelece a lei. Nesses casos, o produtor pode ser autuado, mas isso não significa que haverá necessariamente uma penalidade. A defesa apresentada é sempre analisada antes de qualquer decisão”, explicou.

Neste ano de 2024, já foram realizadas 281 fiscalizações, sendo 136 em propriedades rurais e o restante em estabelecimentos agropecuários. Esse quantitativo resultou em 18 advertências, oito apreensões e 20 infrações. A ação realizada nos municípios da região citrícola de Sergipe, que incluiu visitas a Cristinápolis, Arauá, Itabaianinha, Santa Luzia, Salgado, Umbaúba e Tomar do Geru, é parte de um esforço mais amplo que se estenderá por todo o mês de outubro. O objetivo é promover a sensibilização dos produtores sobre a importância do uso correto dos agrotóxicos para garantir que alimentos livres de resíduos químicos cheguem à mesa do consumidor, preservar a biodiversidade e proteger a saúde dos trabalhadores rurais.

Outro ponto abordado durante as fiscalizações é a destinação correta das embalagens vazias de agrotóxicos, uma questão crucial para a preservação ambiental. “Orientamos todos os produtores, autuados ou não, sobre a correta devolução das embalagens vazias e a importância da destinação adequada. A preservação do meio ambiente é um compromisso que precisamos assumir de forma responsável”, destacou a diretora de Defesa Animal e Vegetal da Emdagro, Aparecida Andrade. 

Atuação fiscal

As fiscalizações são iniciadas com base em indícios de irregularidades, identificados por meio do Sistema Integrado de Gestão de Agrotóxicos (Siagro). A partir desses indícios, as equipes se dirigem às propriedades suspeitas para averiguar a situação. Muitas vezes, a identificação de um único problema pode desencadear uma série de fiscalizações em diferentes propriedades ou estabelecimentos comerciais. “A ação da Emdagro reforça o compromisso com a segurança alimentar e a sustentabilidade, promovendo uma agricultura responsável e consciente em Sergipe”, reforçou Aparecida.

Sergipe avança com o Programa Ater Mulher e beneficia 630 trabalhadoras rurais

Programa leva assistência técnica e promove autonomia financeira com foco na agroecologia e sustentabilidade

Neste 15 de outubro, Dia Internacional da Mulher Rural, Sergipe celebra o avanço das políticas públicas voltadas para o empoderamento feminino no campo. Por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), em parceria com a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), o Governo do Estado vem implementando o Programa Ater Mulher, que tem como objetivo prestar assistência técnica e extensão rural específica para mulheres trabalhadoras rurais no estado.

O secretário de Estado da Agricultura, Zeca Ramos da Silva, disse que as ações do Ater Mulher revelam o comprometimento do governo e servem de exemplo e inspiração para outras atividades de apoio às mulheres do campo. “Essa ação reafirma o compromisso do Governo de Sergipe com a inclusão e a valorização das mulheres rurais, que desempenham um papel essencial na segurança alimentar e na economia local, e também com o desenvolvimento sustentável no campo e o fortalecimento da agricultura familiar. O testemunho positivo das comunidades mostra que esse programa deve ser replicado em outras comunidades”, destacou.

As ações, coordenadas pela Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), incluem visitas técnicas, oficinas, dias de campo, rodas de conversa e capacitações. O foco é o desenvolvimento de sistemas produtivos agroecológicos e o manejo sustentável dos recursos naturais, além do apoio à organização de grupos produtivos de mulheres, facilitando o acesso dessas trabalhadoras ao Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF) e a políticas de crédito e comercialização. 

O Programa Ater Mulher, em Sergipe, também se destaca pelo foco na autonomia financeira e empoderamento das mulheres quilombolas, promovendo o trabalho coletivo e fortalecendo a inserção dessas trabalhadoras no mercado de maneira sustentável.

A iniciativa já finalizou o diagnóstico das agricultoras a serem atendidas. Estão sendo beneficiadas 148 mulheres na Barra dos Coqueiros, 108 em Canhoba e 224 em Japaratuba. Já no município de Boquim são 23 agricultoras atendidas, além de 60 trabalhadoras rurais de Aquidabã e 67 de Capela participam do programa.

Além da assistência técnica, essas 630 beneficiárias receberão um fomento no valor de R$ 4.600,00, disponibilizado pelo Governo Federal por meio do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), para apoiar a produção das mulheres quilombolas em situação de vulnerabilidade social. Esse recurso visa alavancar as atividades produtivas dessas trabalhadoras e será liberado via Bolsa Família ou Caixa Econômica Federal.

Os técnicos da Emdagro, junto aos credenciados, estão elaborando projetos produtivos e oferecendo assistência técnica durante todo o processo, garantindo que as trabalhadoras possam investir com segurança em suas produções. Suinocultura, artesanato, culinária, empreendedorismo, salão de beleza, pesca, fruticultura, mandioca, hortaliças, macaxeira, avicultura, vendas (comida, perfumes, roupas, etc), caprinocultura são algumas das atividades desenvolvidas pelas mulheres rurais selecionadas pelo Programa.

“O programa Ater Mulher é um marco para a agricultura familiar em Sergipe. Estamos oferecendo às mulheres rurais as ferramentas necessárias para seu desenvolvimento e autonomia, com foco em práticas agroecológicas e sustentabilidade. O impacto dessa ação vai além da produção agrícola, pois fortalece a economia e transforma a vida dessas mulheres, de suas famílias e de suas comunidades”, ressalta o Presidente da Emdagro, Gilson dos Anjos.

O coordenador do Ater Mulher da Emdagro, Matheus Cristóvão de Santana Freire, também destacou o progresso do programa. “Já realizamos diagnósticos e articulações com as organizações parceiras, selecionamos as 630 beneficiárias e inserimos suas documentações no sistema da Anater. Estamos agora na fase de elaboração dos projetos individuais e capacitação das trabalhadoras. Em breve, vamos disponibilizar os formulários de adesão ao fomento rural para que elas possam assinar e, assim, receber o recurso. Todo o processo de pagamento será feito via cartão do Bolsa Família ou em agências da Caixa Econômica Federal”.

Sergipe se destaca como 2º maior fornecedor de laranja para Ceasas do Brasil

Avanço no desempenho da citricultura sergipana está diretamente ligado ao apoio do Governo do Estado, por meio da Seagri e Emdagro

A produção citrícola sergipana vive um momento de destaque, com o estado como o 2º maior fornecedor de laranjas para as Centrais de Abastecimento (Ceasas) de todo país. Em agosto de 2024, Sergipe enviou 5,8 mil toneladas da fruta para esses centros de distribuição. Os números, divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ressaltam a importância do estado no abastecimento de frutas, posicionando Sergipe entre importantes produtores agrícolas, desempenho que, aos poucos, tem devolvido ao estado os bons resultados dos tempos áureos da citricultura em pomares sergipanos.  

Os dados foram trazidos no Boletim Hortigranjeiro Nº 09, Volume 10, do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), que analisa a comercialização exercida nos entrepostos públicos de hortigranjeiros, que representam um dos principais canais de escoamento de produtos in natura do país. Ainda segundo o boletim, o cinturão citrícola forneceu 35,9 mil toneladas para as Ceasas em agosto, e Boquim, em Sergipe, foi apontado como a 2ª maior microrregião produtora individualmente que forneceu laranja para as Ceasas, com 5 mil toneladas, seguida por regiões goianas, baianas, mineiras e fluminenses, com 4 mil, 3,58 mil, 3,48 mil e 1,28 mil toneladas, respectivamente.

De acordo com a gerente de Produtos Hortigranjeiros da Conab, Juliana Torres, Sergipe é um grande produtor de laranja tanto para consumo no atacado e varejo como para exportação, sendo o suco de laranja um dos principais produtos da pauta de exportação do estado. “Sergipe se destaca no abastecimento de laranja às principais centrais atacadistas brasileiras, sendo que no mês passado foi o segundo estado com maior fornecimento. A microrregião de Boquim geralmente é a 2ª microrregião brasileira que mais fornece laranjas para as Ceasas. Em setembro, o volume chegou a 5,2 mil toneladas. Os envios têm como principal destino a Ceasa/PE – Recife e a Ceasa/ES – Vitória. Esses dados mostram a importância da produção sergipana no abastecimento nacional de laranja, produto que está com a demanda aquecida”, declarou.

Apoio que faz a diferença

O desempenho da citricultura em Sergipe está diretamente ligado ao apoio da Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) e da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário (Emdagro), que têm fornecido assistência técnica aos pequenos produtores. Além disso, a alta nos preços da laranja, que chegou a R$ 2.400 por tonelada em 2024, está impulsionando a produção voltada ao abastecimento das Ceasas. Com a expectativa de que o preço atinja R$ 3 mil até o final do ano, muitos produtores estão reativando seus pomares.

De acordo com o chefe do escritório da Emdagro de Boquim, Joetôneo Ferreira Neves, conhecido como Ferreira, essa valorização está diretamente ligada à crise citrícola nos Estados Unidos, onde a doença ‘greening’ tem dizimado pomares na Califórnia, que já foi um dos maiores produtores de laranja do mundo.  

Ferreira destacou que o aumento no preço da laranja foi o estímulo que muitos produtores precisavam para voltar a investir. “Há três anos, a tonelada era vendida a apenas R$ 400, e muitos desistiram. Mas, com a alta recente, os pomares estão sendo reativados, e o otimismo voltou. Com essa queda na produção americana, eles estão buscando a laranja brasileira, aquecendo o mercado global. Como maior consumidor de suco de laranja, os Estados Unidos aumentaram suas importações, o que está gerando um efeito em cadeia, o que tem favorecido, também, o abastecimento interno”, explicou.

Esse cenário reflete diretamente nas Ceasas, onde a demanda por laranjas sergipanas tem sido constante e crescente. O representante da Emdagro conta que, com a produção de laranja voltada para o consumo interno aquecida, muitos produtores estão aproveitando o bom momento para direcionar parte de suas colheitas para esses centros de distribuição. Antes, a estimativa era de mil produtores em Boquim. Hoje, é um pouco menor porque muitos saíram da atividade em função da idade e mudaram de cultura. “Porém muitas dessas áreas que foram arrendadas que estavam produzindo mandioca e milho estão voltando para citricultura por conta do bom momento da produção da laranja no estado. Então, Sergipe está em crescimento na produção do estado, especialmente a região de Boquim, que foi o berço no estado”, relatou Ferreira.

Pomares saudáveis

Apesar da crise que afeta outros estados produtores de laranja, como São Paulo e Minas Gerais, devido à praga do greening, Sergipe se destaca com uma perspectiva de crescimento na citricultura. Um dos fatores que diferencia a produção local é a sanidade dos pomares, garantida pelo rigoroso controle sanitário realizado pela Emdagro, que impede a entrada de doenças. Além disso, o estado mantém viveiros telados para a produção de mudas saudáveis, o que contribui para a resiliência da citricultura sergipana.

Em 2023, Sergipe se consolidou como o 5º maior produtor de laranja do Brasil e o 2º do Nordeste, com uma produção de 382 mil toneladas. Esse resultado é fruto de uma área colhida de 31 mil hectares, com um rendimento médio de 14 mil kg/ha. A produção é concentrada em 14 municípios das regiões sul e centro-sul, com destaque para Cristinápolis e Itabaianinha, segundo dados do IBGE. 

Produtores de Boquim

Boquim, tradicional polo citrícola de Sergipe, desempenha um papel essencial no fornecimento de laranja. José Hunaldo Andrade é produtor da região. Oriundo da região de Tobias Barreto, o agricultor relatou que se transferiu para a região de Boquim há 24 anos, atraído pelos bons resultados da produção da laranja na época.

“Nos últimos anos, vimos uma mudança significativa no foco da produção. Antes, boa parte da laranja ia para a indústria de suco. Hoje, estamos priorizando o abastecimento das Ceasas, que têm uma demanda crescente por laranjas de mesa”, comentou José Hunaldo, que cultiva 35 hectares de laranja.

Ele também detalhou o ciclo de colheita, que ocorre três vezes ao ano, com a devida assistência técnica promovida pela Emdagro, o que garante o bom manejo da plantação. De acordo com o produtor, a colheita é feita em parceria com atravessadores, que compram o produto ainda no campo. A laranja de melhor qualidade vai para o comércio, especialmente para o Ceasa de Itabaiana e de Aracaju, e a outra parte é destinada à indústria.  

O produtor enfatizou que o apoio da Emdagro tem sido crucial para garantir que os agricultores locais possam atender a demanda com qualidade. “A assistência técnica nos ajuda a produzir uma laranja de melhor qualidade, que atende ao mercado consumidor. Isso nos possibilita negociar melhores preços e garantir o sustento de nossas famílias”, afirmou.

O citricultor contou que muitos pequenos proprietários não conseguiram manter suas plantações. “Muitos desistiram, abandonaram os sítios ou migraram para o milho e mandioca. Mas quem persistiu hoje colhe os frutos. Graças ao incentivo e à orientação técnica da Emdagro, com foco no combate às pragas e no preparo do solo, estamos bastante satisfeitos. A produção de laranja está boa e estamos quase alcançando a independência financeira”, frisou.

Adilson Souza Santos, 52 anos, é um dos trabalhadores rurais que realizam a colheita da laranja na propriedade de José Hunaldo Andrade. Para ele, o crescimento da produção da laranja é importante porque interfere no seu sustento e da sua família. “É gratificante, porque aqui tiro o sustento da minha família e ainda tem 12 trabalhadores que também trabalham comigo”. Ele explicou que o trabalho é concentrado principalmente no período de colheita. “Agora no mês de novembro a colheita está quase no final. Depois vamos passar uns dois meses sem trabalhar, e o que vai nos manter é o benefício do Mão Amiga Laranja”, contou, referindo-se ao benefício do Governo do Estado que dá apoio aos trabalhadores rurais da citricultura durante a entressafra.  

Assistência

O sucesso de Sergipe no fornecimento de laranja para as Ceasas não seria possível sem o trabalho desempenhado pelo Governo do Estado, por meio da Emdagro.  O chefe da unidade regional da Emdagro em Boquim, Luiz Fernandes de Oliveira Silva, ressaltou que a assistência técnica tem sido essencial para melhorar a produtividade e garantir que a produção local possa atender às exigências do mercado consumidor. “Temos ajudado os produtores a melhorar o manejo de suas lavouras, controlar pragas e doenças, e utilizar técnicas modernas que aumentam a produtividade e a qualidade da fruta”, explicou.

Um ponto de destaque é o controle rigoroso do greening, também conhecido como Huanglongbing (HLB), doença que afeta gravemente pomares em outros países, feito pelo trabalho de vigilância e controle da Diretoria de Defesa Animal e Vegetal  Emdagro. “Nós monitoramos constantemente as fronteiras do estado e controlamos a entrada de mudas de outros lugares para evitar a introdução de doenças. Esse cuidado tem sido fundamental para garantir a saúde dos nossos pomares e a competitividade da nossa laranja no mercado”, disse Luiz Fernandes.

Perspectivas

O Programa de Citricultura Sustentável, do Governo Estadual, tem impulsionado ainda mais a produção, com ações como a distribuição de 210 mil borbulhas de citros e a implantação de viveiros que produzirão cerca de 300 mil sementes de variedades mais resistentes. Além disso, campanhas contra a compra de mudas clandestinas e o uso de novas tecnologias, como a fibra de coco para produção de substrato, têm ajudado a reduzir custos e aumentar a produtividade. Esses incentivos, aliados ao bom momento do mercado, têm motivado os produtores a reinvestir na citricultura, reativando pomares e expandindo suas áreas de cultivo.

“Sergipe já foi o 2º maior produtor de laranja. Estamos em 5º no momento, e a perspectiva é muito positiva. Muitos citricultores estão se sentido estimulados com esse momento bom na citricultura. O pessoal está reinvestindo, está acreditando, vendo que a tendência do mercado é crescer”, declarou Luiz Fernandes.

Um desses agricultores é Manoel Álvares Nascimento, de 66 anos, morador do povoado Meia Légua, em Boquim. Produtor de laranja há 22 anos, Manoel explicou que possui uma plantação de seis tarefas de terra e que o bom momento de valorização do produto tem estimulado a expansão da plantação. Manoel admitiu que não investiu no sítio como deveria e se arrependeu. “Se tivesse acreditado na produção, teria colhido mais. Agora, estou otimista e já comecei a adubar o terreno, com a expectativa de melhores resultados no futuro”, disse, ao reforçar a importância da assistência técnica. “Se tivesse que pagar por esse serviço, seria muito caro. Aqui, o pessoal da Emdagro vem e ajuda sem custo. Isso faz toda a diferença”, apontou.

Tecnologia da ‘agricultura regenerativa’ aumenta produtividade da batata-doce

Método visa a fazer crescer a produção do tubérculo em todo o estado, mas sem que haja a necessidade do aumento de área de produção. Iniciativa será aplicada em perímetro irrigados

Sergipe é o segundo maior produtor de batata-doce do Nordeste, conforme levantamento das safras de 2023, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foram 67.049 toneladas colhidas naquele ano, só perdendo para o estado do Ceará (163.530). A produtividade, de 18 toneladas por hectare, é superior à média nacional (15), mas inferior a do Ceará (20,2). Uma iniciativa para que a produtividade cresça ainda mais e aumente a produção da raiz tuberosa em Sergipe é a implantação de quatro campos demonstrativos de aplicação da tecnologia de ‘agricultura regenerativa’ em perímetros irrigados estaduais, a partir de Termo de Cooperação com empresa de consultoria sergipana e o Governo do Estado.
 
Esses campos demonstrativos serão montados em lotes comercialmente produtivos e que já tenham afinidade com o cultivo da batata-doce irrigada. A Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), fez uma avaliação técnica e escolheu quatro produtores experientes no cultivo do vegetal em três perímetros irrigados de diferentes regiões do estado: Califórnia, em Canindé de São Francisco, alto sertão; Jacarecica I e Poção da Ribeira, em Itabaiana, no agreste, região onde se concentra a maior produção do estado.
 
“São perímetros que fazem uma boa amostragem de como são os principais climas e tipos de solo explorados para a produção da batata-doce irrigada. A Seagri e suas vinculadas, Coderse e Emdagro, abraçaram a ideia de um parceiro da iniciativa privada de testar a tecnologia da ‘agricultura regenerativa’ com foco na produtividade. Pensando em fazer crescer a produção da batata-doce em todo estado de  Sergipe, mas sem que seja necessário o aumento de área, substituindo as outras produções agropecuárias”, pontuou o presidente da Coderse, o engenheiro agrônomo Paulo Sobral.
 
Termo de Cooperação

A área experimental do cultivo é viabilizado pelo Termo de Cooperação  entre a Seagri, Coderse, Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) e a GTerra Consultoria Agropecuária. O diretor da empresa privada sergipana, Gilberto Bruto Oliveira, esclarece que o projeto é baseado na demonstração das potencialidades da tecnologia da ‘agricultura regenerativa’ no cultivo da batata-doce em Sergipe. Um conceito norte-americano, em que o equilíbrio da nutrição do solo consegue equilibrar a saúde da planta.
 
“O projeto tem como objetivo trazer para os perímetros irrigados, assistidos pela Coderse, técnicas agrícolas baseadas na reabilitação do solo e conservação dos sistemas produtivos e alimentares, como foco principal na regeneração, conservação do solo e segurança alimentar. É a utilização de práticas agrícolas sustentáveis com uma visão holística que, ao tempo em que promove a recuperação e a regeneração dos sistemas produtivos, estabelece novos patamares produtivos, trazendo renda para o irrigante”, detalhou Gilberto Bruto.
 
O engenheiro agrônomo Gilberto Bruto informa que o agricultor que abrigar os campos demonstrativos não terá custos com os insumos necessários à introdução da ‘agricultura regenerativa’. Ele somente vai contribuir com a área e sua mão de obra. “São usados condicionadores de solo líquidos antes e durante o plantio. Depois há a utilização de produtos biológicos e químicos na plantação. O agricultor vai receber 100% dos produtos”, completa.
 
Comparando técnica

Cada campo demonstrativo será implantado em uma área de cultivo do dobro do tamanho, onde metade terá a aplicação da agricultura regenerativa e a outra vai receber os tratos culturais que o agricultor, propositalmente escolhido por sua experiência no cultivo de batata-doce, está acostumado a fazer. Diante disso, será possível que bataticultores de todo o estado e profissionais do meio agrícola possam fazer um comparativo entre as duas técnicas. Irrigante do perímetro Califórnia, José Bernardino Neto hoje já dedica todo seu lote à plantação do tubérculo, de olho no mercado cada vez mais atrativo para quem produz.
 
“Estou pensando em expandir para outros mercados, além de Canindé. Tendo uma produção maior, é tocar o barco para frente, investir para ter resultado”, planjeou Bernardino Neto. O produtor está animado com a assistência que vai receber das empresas públicas e da consultoria privada para produzir mais em sua nova área já lavrada, comprometido em seguir as recomendações técnicas. “Vou fazer tudo. Com a ajuda, a gente faz tudo”. Sobre o tipo de batata-doce que vai usar para plantar no campo demonstrativo, Bernardino disse que será a mesma variedade que já produz: a ‘roxinha comprida’.
 
Assistência técnica

Engenheiro agrônomo da Coderse, Paulo Feitosa considera que a aplicação da ‘agricultura regenerativa’ é o desenvolvimento da cultura para obter melhor qualidade do produto. “Essa é a essência para aumentar a produtividade, promover uma nutrição vegetal com base na adubação da folha, na melhoria do solo. E, por consequência, você tem uma melhor qualidade do produto e produtividade da cultura”, avaliou. Para o especialista em irrigação, ao aumentar a produção, promove a melhoria para o produtor, que dificilmente conseguiria implantar a tecnologia sem essa assistência técnica e os insumos.
 
“Quando você tem uma cultura bem colhida, bem produzida, ela tem mais resistência para algumas pragas ou doenças. Bem nutrida, ela fica mais imune. Mesmo que ela tenha alguma praga ou doença, ela tolera um pouco melhor e sem prejuízo para a produção. Estamos regenerando o solo para futuras produções e desenvolvimento de novas espécies de produção”, concluiu Paulo Feitosa.

Governo

Última atualização: 14 de outubro de 2024 08:55.

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