Evento debate manejo sustentável e de alta produção e os prejuízos de defensivos agrícolas à atividade
Sergipe vive um momento de ascensão da apicultura e da meliponicultura. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção chega a 150 toneladas por ano. Para celebrar os avanços, comemorar o dia do apicultor e também debater temas relacionados ao fortalecimento da cadeia produtiva, foi realizado nesta quinta-feira, 22, na unidade sede do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Sergipe, em Aracaju, o III Encontro Sergipano de Apicultores e Meliponicultores. O evento conta com apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) e suporte técnico da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro).
A edição deste ano do evento traz como tema “Apicultura e Meliponicultura Sustentável”, e debate o manejo sustentável, de alta produção e os problemas ocasionados pelos agrotóxicos à criação de abelhas. Representando o secretário Zeca da Silva, o diretor de Planejamento da Seagri, Arlindo Nery, destacou avanços importantes em relação ao apoio do Estado na construção de políticas públicas voltadas para o setor.
“Diferente do cenário de anos anteriores, hoje nós temos o Governo presente no apoio aos apicultores e meliponicultores, por meio da Seagri e as empresas de assistência técnica vinculadas já foi possível realizar ações como: apoio à pesquisa em parceria com a Universidade Federal de Sergipe, Fapitec e SergipeTec; implementar os serviços de defesa e controle sanitário na criação de abelhas; cadastramento dos apicultores e meliponicultores, por meio da Emdagro; criação e coordenação do Conselho Estadual de Apicultura e Meliponicultura do Estado de Sergipe, em 2024; patrocínio do Encontro Estadual de Criadores de Abelha; além do apoio à Rota do Mel em parceria com o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional”, afirmou Arlindo.
Para o professor do Departamento de Biologia para Genética da UFS e um dos coordenadores do encontro, Edilson Divino de Araújo, Sergipe tem avançado muito, e o Governo do Estado é um dos principais atores desse processo. “Primeiro que, agora, nós já sabemos da existência dos apicultores e meliponicultores e onde eles estão produzindo, estamos avançando nessa questão. Uma novidade muito boa é que passamos a trabalhar em um conjunto de dados compartilhados, coisa que nunca existiu anteriormente. Esse conjunto de dados compartilhado entre todas as instituições vai subsidiar nossos projetos. É essa informação que hoje temos de quanto se produz, onde e quem produz. Isso nos ajuda a avançar”, explicou o professor.
“Agora, as instituições trabalham de forma conjunta. Hoje, temos um registro muito melhor da produção, hoje nós temos o controle sanitário do Estado e diversos apoios como o Banco do Nordeste (BNB), IBGE e Ministério da Integração. São avanços extremamente promissores que refletem até na captação de recursos, ou seja, se a gente não tivesse essa organização, a Codevasf, por exemplo, não teria captado junto ao SergipeTec e UFS um projeto de R$ 15 milhões, como é o caso do que conseguimos junto ao Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e nem o BNB teria investido aqui no estado R$ 1.800.000 associado ao Fundo de Desenvolvimento Econômico, Científico, Tecnológico e de Inovação – Fundeci”, acrescentou Edilson Divino.
O presidente da comissão organizadora do evento e presidente da Associação de Apicultores e Meliponicultores (Asmase), Ricardo Thairon dos Santos, agradeceu a participação do Governo do Estado, que já demonstrou apostar muito na atividade apícola de Sergipe. De acordo com ele, muito ainda precisa ser feito. “Precisamos profissionalizar a cadeia, precisamos nos profissionalizar como pessoas, como grupo, como setor. Precisamos melhorar nosso manejo, nossa capacidade produtiva, nossa visão de futuro. Nossa expectativa é de que esse encontro seja um divisor de águas. Um momento de fortalecer laços, compartilhar saberes, alinhar objetivos e construir juntos um futuro melhor”
Rota do mel
Paralelo ao encontro de criadores de abelhas, aconteceu uma reunião das instituições e produtores que fazem parte da “Rota do Mel” e do Conselho Estadual de Apicultores e Meliponicultores. A reunião foi coordenada por Edilson Divino, e contou com a participação do coordenador nacional das Rotas, pelo Ministério da Integração, Joaquim Carneiro, pelo reitor da UFS, professor André Maurício e do representante da Companhia de Desenvolvimento do Vale São Francisco (Codevasf), e o engenheiro florestal Ronaldo Fernandes, analista em Desenvolvimento Regional da Codevasf que representa o Mird no colegiado da Rota do Mel. Também participam o IBGE, Sebrae, Seagri e as associações dos produtores que hoje são 11 atuando de forma regular.
De acordo com o engenheiro florestal Ronaldo Fernandes, dois passos importantes a serem dados são o estudo de mercado e um levantamento do diferencial que o mel da região tem para agregar valor. “Sabemos que determinadas plantas principalmente aqui no semiárido, na caatinga são diferentes e elas produzem um mel de qualidade ímpar. Não pode ser vendido como um mel qualquer de outra região do Brasil. A caatinga só existe aqui no Nordeste e o mel desse bioma é diferenciado”, detalhou.
O produtor de Tobias Barreto Damião do Mel, participante do evento, afirmou que o mercado é bastante favorável. Segundo ele, só neste ano, já foram comercializados pelos produtores de seu município cerca de 17 toneladas de mel para o Piauí. “Vejo que nosso problema não é produção, nosso problema é organização. Estamos reorganizando a cooperativa de produtores para não ficar nas mãos dos atravessadores. Esse é um passo importante que estamos dando”, frisou Damião.
O município de Tobias Barreto aparece nas estatísticas com o maior número de produtores registrado na produção de mel em Sergipe. A maior produção está no município de Nossa Senhora da Glória, conforme estudo feito pelo professor do Departamento de Biologia para Genética da UFS, Edilson Divino de Araújo.









