Parceria entre governo do Estado e município leva serviços e informações para a população
Ações nas áreas da inclusão social, saúde, educação e agricultura marcaram a primeira edição do Programa Cidadania Quilombola, uma iniciativa do governo de Sergipe em parceria com os municípios. A primeira comunidade a receber os serviços foi o Povoado Forras, em Riachão do Dantas, no Agreste sergipano. A Escola Quilombola Municipal Mariana Fontes Costa e a Unidade de Saúde local disponibilizaram a estrutura física para acolher a população e a oferta de serviços como cortes de cabelo, orientações sobre o combate ao mosquito da dengue e sobre a importância do Cadastro Único, palestras sobre prevenção de infecções sexualmente transmissíveis – ISTs, atendimento básico de saúde e contação de histórias para as crianças.
“Foram realizadas diversas ações em parcerias com as secretarias estaduais e municipais. Essa é a primeira ação do Programa Cidadania Quilombola, que trouxe um dia inteiro de ações na escola. Temos uma programação até o fim do ano. Então, e a ideia é que o evento continue, após esta primeira edição, para poder atender as demandas das comunidades quilombolas sergipanas”, destacou Wellington Nascimento, coordenador do Movimento Quilombola Estadual.
Para a diretora da escola, Giovana Santos Souza, a ação é importante para a comunidade local e para as comunidades do entorno, que também foram beneficiadas. “Os serviços são muito importantes porque essa é uma comunidade que precisa muito, assim como todas aqui perto. Ter o programa é muito bom para nós, pois é uma forma de suprir demandas básicas e tão necessárias que ainda temos dificuldade em trazer”, disse.
O coordenador o Programa Estadual IST/Aids da secretaria de Estado da Saúde (SES), Almir Santana, orientou sobre a importância da prevenção. “A comunidade quilombola é uma população prioritária para levarmos informação e serviços, por ser de difícil acesso. Essa parceria com as secretarias de Inclusão, Agricultura e o município é necessária, pois permite o acesso da população que vive mais isolada. Trouxemos informações, o município trouxe testes rápidos de HIV/Sífilis/Hepatites e orientamos sobre o uso da camisinha. O diálogo com a comunidade é um momento muito bom para nós”, afirmou.
Foi com muita alegria e um sorriso no rosto que Seu José Milton Santos sentou para cortar o cabelo. “Eu sou nascido aqui, trabalho na roça e estou gostando muito de tudo. Pude fazer exame de sangue e agora cortei meu cabelo. É ótimo poder ter esses serviços. Tomara que tenha mais vezes”, comentou. Além de serviços na área de saúde e estética, a população recebeu diversas orientações sobre atendimentos específicos na área da inclusão, como informações sobre o Cadastro Único – CadÚnico, carteira de Artesão e empoderamento da mulher quilombola.
“Fizemos contato com a secretaria municipal de assistência de Riachão do Dantas para que começássemos a alinhar as famílias quilombolas no Cadastro Único, o que é extremamente importante, porque no CadÚnico em Sergipe o índice das comunidades de povos tradicionais que aparece no relatório ainda é muito baixo, mediante ao número de famílias que estão cadastradas no Incra. Por isso, é fundamental manter a comunicação com a secretaria do município e realinhar essas famílias numa política pública que é de direito para todos”, explicou Iyá Sônia Oliveira, referência técnica para Povos e Comunidades Tradicionais da Seit.
De acordo com a presidenta da Associação Comunitária Quilombola de Forras, Edite Pereira, a ação chegou no momento adequado para orientar e solucionar com mais facilidade questões que assolam a comunidade, como o alto índice de casos de dengue. “Aqui é uma comunidade muito carente e que tem muitas pessoas doentes. O foco da dengue está vitimando muita gente, inclusive, a minha sobrinha faleceu por isso. Essa ação veio numa hora abençoada, pois já ajuda a ver os problemas que temos aqui, e a nos orientar, com a vinda de profissionais”.
Segundo a secretária da Educação de Riachão, Gedilma do Nascimento, destacou que os agentes de endemias passaram nas casas para verificar se havia foco do mosquito e ensinaram como a população poder proceder, caso identifiquem focos. “As pessoas da comunidade são necessitadas e precisam muito dos serviços que foram realizadas com êxito neste evento. Cada ação trazida veio beneficiar nossa população, é uma parceria que deu muito certo”.
Para Carmelita Lima de Jesus, moradora da Colônia Coqueirão, localidade próxima à comunidade de Forras, além dos serviços prestados, as palestras ajudaram a sanar dúvidas e explicar procedimentos importantes. “Trabalho na roça e soube desse evento quando o carro de som passou anunciando. Aproveitei e vim fazer os exames preventivos, e também participei de palestras. Gostei muito porque eu não sabia de muitas coisas e pude tirar dúvidas, ouvir e aprender”, contou.
| Fotos: Vanessa Passos