Ainda durante a missão do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) em Sergipe, pequenos produtores de ovelhas e cabras beneficiados pelo Projeto Dom Távora foram visitados pela equipe, em Carira
Os produtores fazem parte da Associação Comunitária do Povoado Lagoa do Meio, que corresponde a um dos 133 planos financiados pelo Dom Távora. Com a missão de contribuir para a diminuição da pobreza no campo, o projeto beneficia 15 municípios do estado por meio de apoio financeiro do FIDA e suporte técnico do governo de Sergipe para desenvolvimento de negócios rurais em diversas áreas, como agricultura, criação de animais, artesanato e turismo rural.
O oficial de programas do FIDA para o Brasil, Leonardo Bichara, explica que o FIDA é uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU) que direciona recursos para o alivio da pobreza no campo. “O Dom Távora é um dos nossos oito projetos no Nordeste. Aqui em Sergipe, temos recursos na ordem de 40 milhões de dólares, dos quais cerca de $ 15 milhões vêm do FIDA, cerca de $ 12 milhões do governo do Estado e o restante dos próprios beneficiários. A essência do FIDA é investir na capacitação dos agricultores, ou seja, não somente disponibilizar o recurso para a produção, mas especialmente realizar o acompanhamento por meio de assessoria técnica”, revela.
Ainda segundo ele, o projeto está em fase final e tem previsão de conclusão no segundo semestre. “O plano de negócio do Dom Távora é bem sucedido, os produtores estão bem capacitados, temos uma forte assessoria técnica aqui, através da Seagri e Emdagro. Estamos satisfeitos”, avalia Leonardo Bichara.
A produtora rural Josineide Augusta de Lima começou a criar ovelhas há um ano, após a chegada do projeto Dom Távora na Associação. “Eu achei o projeto muito bom. Comecei com seis ovelhas e, com novas crias, fiquei com 16. Dessas, vendi quatro filhas e agora estou com 12 ovelhas que gerarão outras mais. Graças a Deus estão nascendo muitas. É só alegria”. Para o beneficiário Jorge Almeida Costa, a perspectiva também é de crescimento. “Esse investimento nos ajudou a gerar renda, através da estruturação do espaço, criação, nascimento e venda desses novos animais. O projeto ajudou a melhorar a renda da gente e a desenvolver o nosso povoado. Estou com 10 animais, e três vão parir futuramente, com isso vamos render cada vez mais”, disse Jorge.
Desenvolvimento local
De acordo com o presidente da Associação Comunitária Povoado Lagoa do Meio, Paulo Almeida Costa, a evolução da comunidade local foi um dos frutos desse investimento. “O povoado Lagoa do Meio era o mais pobre do município de Carira. Hoje, já não é mais. Com esse crescimento, todo mundo está caminhando quase com suas próprias pernas. A associação não tinha como tomar um empréstimo no banco e, através dessa parceria entre o FIDA e o governo, os moradores daqui puderam ter uma criação de animais, fazer capristos e cercamentos, plantar e adquirir as rações. Em troca, eles se comprometem a criar as ovelhas e cabras e ir vendendo os filhotes para geração de renda. A associação contribui orientando e buscando projetos. A perspectiva é de crescimento, em parceria com órgãos do poder público. Estamos satisfeitos com o governo, por financiar projetos para que a gente possa crescer”, disse o presidente da Associação.
Ainda segundo ele, a associação conta com 30 associados, dentre os quais há 22 mulheres produtoras. “O Projeto exige que, no mínimo, 30% dos beneficiários sejam mulheres e jovens rurais. Junto à comunidade, realizamos capacitações e oficinas com o objetivo maior de fortalecer as próprias associações comunitárias, para que eles possam aplicar aqui o conhecimento adquirido. Existem também os intercâmbios, que ocorrem quando os agricultores se deslocam para observar experiências similares em outras localidades dentro e fora do estado. A ideia é que eles adquiram conhecimentos para aplicar na própria comunidade”, detalhou a consultora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para o projeto Dom Távora, Amarize Soares Cavalcante.
Capacitações e intercâmbios
O representante jovem da Associação, Paulo Mateus Costa, conta que as capacitações o estimularam a iniciar o curso de graduação em Engenharia Agronômica. “Participei de todas as capacitações disponibilizadas pelo Projeto Dom Távora e hoje posso ensinar para quem não sabe. Fui para Alagoas para uma capacitação sobre inseminação artificial para caprinos e ovinos; fui para um curso de castração, manejo e melhoramento genético de rebanho na Paraíba; fui para outro sobre manejo, vacina e qualidade da alimentação em Pernambuco. O que os produtores precisam, ligam para mim e eu vou até a casa deles tentar ajudar. O projeto me fez querer aprender cada vez mais, e hoje estou cursando a faculdade de Engenharia Agronômica na Faculdade Nordeste da Bahia”, conta o jovem.
O técnico agrícola da Emdagro e coordenador da Unidade Local de Gestão do Projeto (ULGP), José Ananias Rezende Silva, afirma que as ações da assessoria técnica que são realizadas dentro do projeto dão novas perspectivas para os produtores da região. “Além das capacitações sobre gestão de negócios rurais, tratamento dos animais, manejo, vacinação, entre outros conhecimentos, fazemos visitas diárias, com a ida dos técnicos até a criação dos produtores, para acompanhar o que está sendo feito e ver se os animais estão bem. Junto à comunidade, estamos com a perspectiva de criar uma cooperativa para que possamos buscar novas formas de mercado que auxiliem a geração de renda dos produtores”, conta o técnico.
|Fotos: Vanessa Passos