Carcinicultura é opção de renda viável para produtores de São Cristóvão

Os produtores de São Cristóvão têm um diferencial por serem os únicos beneficiários do programa de crédito fundiário que trabalham com a criação de camarão

A produção de camarão em viveiro tem sido uma opção rentável para agricultores familiares do município de São Cristóvão, na região da grande Aracaju. Graças ao Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNFC), atualmente denominado Terra Brasil, são oferecidas condições especiais para que agricultores sem acesso à terra ou com pouca terra possam comprar imóvel rural por meio de um financiamento de crédito rural e nessas propriedades investirem em atividades agrícolas, a exemplo da carcinicultura. Em Sergipe, o programa é executado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), em parceria com o Governo Federal.

Um dos beneficiários do programa, Francisco das Chagas Campos, produz camarão no povoado Colônia, Assentamento Novo Horizonte, na propriedade adquirida pelo seu filho Everton Galvão, falecido há quatro anos. O produtor complementa sua renda mensal com a carcinicultura, além de gerar oportunidade de emprego para outras cinco famílias, com a contratação de mão de obra para a manutenção do tanque e na despesca do camarão. “Precisei assumir o negócio deixado por meu filho e hoje vejo como opção muito rentável, pois em cada ciclo de 75 dias tiro de 500 a mil quilos de camarão, pesando em média de 12 a 14 gramas, a unidade”, disse ao destacar que os mais graúdos consegue vender por R$ 24, o quilo.

Implantado no município há pouco mais de 10 anos, nas propriedades Novo Horizonte, Bom Jesus e São Francisco o programa beneficia 39 famílias. “Os produtores de São Cristóvão tem um diferencial por serem os únicos beneficiários desse programa público de acesso à terra em Sergipe que trabalham com a carcinicultura”, observou o coordenador da Unidade Técnica do Crédito Fundiário, José Carlos de Jesus, ao destacar que somente no Assentamento Novo Horizonte 23 famílias são atendidas pelo programa. Segundo ele, nessa região as terras se apresentavam inóspitas, sem boa produtividade para o cultivo de culturas agrícolas, devido a influência da água salobra e os produtores apostaram na carcinicultura como opção mais rentável.

Para Ademir da Silva, que também é produtor na região, quem aderiu à produção de camarão se deu muito bem. “Quem cultiva camarão hoje em dia conseguiu melhorar de vida, comprar seu carrinho, trocar a mobília de sua casa, dar uma condição de vida melhor para sua família”, destacou o agricultor que se dedica ao plantio de mandioca, macaxeira e coco no Assentamento Rita Cacete, também localizado na área rural de São Cristóvão. O município desponta como terceiro maior produtor de camarão no Estado, ficando atrás somente dos municípios de Brejo Grande e Nossa Senhora do Socorro, nessa ordem, de acordo com dados apresentados pelo Perfil da Pecuária Sergipana 2020, do Observatório de Sergipe.

Crédito Fundiário

Além da terra, os recursos financiados pelo programa Crédito Fundiário/Terra Brasil podem ser utilizados na estruturação da propriedade, do projeto produtivo e na contratação de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), gerando oportunidade, autonomia e fortalecimento da agricultura familiar. O Estado atua fazendo toda a parte técnica do programa e auxilia os grupos de agricultores na aquisição das terras que são financiadas pelo Banco do Nordeste pelo período de 25 anos.

Para o secretário de Estado da Agricultura, Zeca da Silva, esse é um trabalho muito exitoso para a agricultura familiar, feito em todo o país em parceria com o Governo Federal. “Em Sergipe foram mais de 28 mil hectares de terra adquiridos através do programa de Crédito Fundiário/Terra Brasil para atender 2.318 famílias de produtores, nos 74 municípios sergipanos, o que representou um investimento de R$ 84 milhões”, pontuou.

De perfil empreendedor, irrigante atendido pela Cohidro busca registro de produtor orgânico

Lote do agricultor tem abacaxi, macaxeira, inhame, coco verde, mamão, quatro variedades de banana e de batata-doce

Na Grande Aracaju, fica Riachuelo, um dos três municípios beneficiados pelo Perímetro Irrigado Jacarecica II, do Governo do Estado. Com a água e assistência técnica fornecidas pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), é neste município que produz o agricultor irrigante Francisco de Araújo, mas a colheita ele mesmo vende na capital, no Mercado Municipal do bairro Augusto Franco. A clientela fiel opina no que o produtor deve plantar e deposita nele toda a confiança de que ele está vendendo produtos agroecológicos, cultivados sem agrotóxicos. Mesmo assim, o empreendedor quer ir além e está prestes a conquistar a certificação de que seus produtos são orgânicos, com registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

“Já foi aprovado pelo MAPA, ele veio, pegou nosso produto, levou, fez o teste e foi aprovado. Nós não estamos hoje certificados por causa do coronavírus, que eles não puderam vir e ficou barrado, porque eles são de Brasília. Mais para terminar, eles disseram que assim que estiverem liberados para vir, logo vai ser constituído”, explicou Seu Francisco. Enquanto isso, na sua lavoura ele prossegue seu processo de transição e utiliza produtos alternativos como a cinza, para adubar; o leite, para combater doenças; e a manipueira, líquido extraído do processamento da mandioca, como inseticida. Todo o seu lote de 8,5 hectares também está protegido da contaminação da ‘deriva’ do agrotóxico usado nos lotes dos vizinhos, com um grande barreira quebra-vento feita com o plantio de capim de corte e bananeiras.

Diretor de Irrigação e Desenvolvimento Agrícola da Cohidro, João Fonseca expõe que, na assistência técnica agrícola oferecida aos irrigantes, é dada uma visão realista da dificuldade em produzir orgânicos. “A ideia sempre foi estimular essa produção orgânica nos perímetros irrigados, mas a gente sabe que não é uma coisa fácil para o produtor conseguir. Demanda um tempo de carência para isso de no mínimo 2 anos para ele sair da agricultura convencional para a orgânica. E daí ele vai solicitar o selo dos órgãos fiscalizadores. Hoje temos o selo do MAPA, que já facilita essa comercialização e os mercados, mundial e brasileiro, estão demandando cada vez mais produtos livres de agrotóxicos. A gente louva a iniciativa dele e a Cohidro está aqui, para apoiar no que for preciso”, avisou o diretor, fazendo votos que o produtor tenha sucesso em transformar totalmente seu lote para a produção orgânica.

Empreendedor, Francisco de Araújo praticamente eliminou a figura do atravessador de sua produção, vendida quase toda na sua banca do Mercado Augusto Franco e, por conta disso, segundo ele os preços são mais baratos que na concorrência. Deste contato direto com o cliente final, o produtor dá a liberdade ao freguês de opinar naquilo que ele irá plantar em seu lote, para depois trazer para à venda na banca. Como retorno dessa atenção especial, Francisco conquistou a confiança junto ao cliente de que suas frutas e vegetais têm qualidade e são produzidas sem o uso de agrotóxicos. Boa-fé que o agricultor adquiriu também para comercializar uma parte menor da sua produção com a Cooperativa de Produtores Orgânicos de Sergipe (Coopersus). Instituição que vende os produtos dos cooperados em um ônibus itinerante estacionado em shoppings centers e órgãos públicos de Aracaju.

Francisco produz banana-da-terra, prata, da pão e da maçã; mamão; batata-doce das variedades cenoura, tipo beterraba, roxa e da branca; macaxeira; inhame; coco verde e abacaxi. “A produção não é como a do pessoal que planta convencional. O meu demora 2 a 3 meses a mais, porque é natural e também o abacaxi dos outros não tem o doce igual a este. A vantagem é que você está vendendo um produto com saúde, não está vendendo um produto sabendo que vai fazer mal para os seus clientes e a você mesmo. Se eu uso veneno e mato o meu cliente, daqui a uns dias eu não tenho mais clientes né, e está tendo boa saída”. É a partir da irrigação, fornecida durante todo ano pela Cohidro, que o agricultor consegue ter sempre uma diversidade de produtos para oferecer. “A irrigação é a parte fundamental. Sem a água não vai para frente, esse projeto aqui foi uma benção de Deus”, avalia o Francisco.

Pró-Campo: Belivaldo autoriza recuperação da barragem Barra da Onça e implantação de sistemas de abastecimento de água em comunidades rurais

Governador também entregou títulos de posse de terra a famílias da Fazenda Lagoa Nova II, no município de Poço Redondo, e da Fazenda Cangaleixo, do município de Gararu e autorizou a Licitação para o Programa de Recuperação de Barragens 2021/2022

Entre as ações do programa Pró-Campo, lançado na manhã desta segunda-feira (13), foram dadas as ordens de serviço para a recuperação estrutural da barragem do povoado Barra da Onça, em Poço Redondo, e para perfuração de poços com a instalação de nove sistemas de abastecimento de água em comunidades rurais em Tomar do Geru, Areia Branca, Canindé do São Francisco, Indiaroba, Itabi, Graccho Cardoso, Monte Alegre, São Cristóvão e Gararu com R$ 402.719,91 investidos. Foi assinada, também, a autorização de Licitação para o Programa de Recuperação de Barragens 2021/2022, atendendo à demanda do combate aos efeitos da estiagem prolongada nos municípios sergipanos em estado de emergência.

“São ações conjuntas que se somam e se complementam para oferecer melhores condições de vida a quem vive no campo, especialmente aos municípios mais atingidos pela estiagem. Trabalhamos para melhorar a vida desses sergipanos e sergipanas que seguem lutando continuamente pela prosperidade das suas terras e dignidade das suas famílias mesmo  diante das adversidades”, pontuou o governador.

A recuperação da barragem do povoado Barra da Onça terá um investimento de R$ 800.213,11, em recursos do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Funcep), administrado pela Seias e visa atender à demanda emergencial daquele e demais povoados, principalmente na dessedentação animal; ainda mais sendo, a pecuária leiteira, a principal atividade econômica naquela região. Para tanto, o Termo de Cooperação Técnica entre Seias, Seagri e a sua vinculada, Cohidro, vai recuperar a estrutura e aumentar a impermeabilização da barragem.

“Além dessa barragem, a gente vai fazer recuperação de outras. São 1.020 barragens, 1.000 de pequeno porte e 20 de médio porte, que darão também condição em outras regiões, no Alto Sertão, para que as pessoas tenham uma quantidade de água por mais tempo. Isso é fundamental para que o produtor de leite, produtor rural de modo geral, possa ter uma tranquilidade e diminuição de custos” destacou Paulo Sobral, presidente da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro).

Entre 2021 e 2022, o Governo do Estado, através do Termo de Cooperação Técnica entre Seias, Seagri e Cohidro, investirá um montante de R$ 4.910.772,90 para a execução de serviço de limpeza e recuperação de 20 barragens de terra de médio porte e 1.000 de pequeno porte. Ações que serão executadas em duas etapas. Na primeira etapa, autorizada nesta segunda-feira, o Programa de Recuperação de Barragens será responsável pelo processo de contratação de empresa especializada para realizar serviços de limpeza, recuperação e ampliação de 10 barragens de médio porte e 500 barragens de pequeno porte nos municípios de Poço Redondo, Carira, Nossa Senhora da Glória, Poço Verde, Nossa Senhora Aparecida, Gararu, Frei Paulo, Pinhão, Porto da Folha e São Miguel do Aleixo. Um investimento total de R$ 2.455.386,45, através de recursos do Funcep.

Dando sequência às ações em Glória, o governador, o secretário de Estado da Agricultura e o presidente da Cohidro; junto do representante da empresa Hidrosolo Serviços Hidrogeológicos e Geológicos Ltda, responsável pelo lote da perfuração de poços, assinaram ordem de serviço para obras no valor de R$ 124.229,40. E com o representante da empresa Universo Serviços Terceirizados Ltda, responsável pelo lote de instalação dos sistemas simplificados de abastecimento de água, assinam ordem de serviço para obras no valor de R$ 278.490,51, totalizando R$ 402.719,91 em investimentos.

“Levaremos água potável para as comunidades que precisam. São 72 sistemas simplificados de abastecimento, 72 comunidades rurais com água de qualidade para o consumo próprio e também para que o excedente de água possa ser utilizado na produção. É o governo do Estado dando dignidade à população do campo, mostrando que quem vive no campo tem o olhar diferenciado do governo”, finalizou o presidente da Cohidro, Paulo Sobral.

Títulos de posse

Na mesma manhã, o governo do Estado realizou a entrega de escrituras aos beneficiários do Programa Nacional de Crédito Fundiário Terra Brasil. Foram 38 famílias beneficiadas, sendo 30 da Fazenda Lagoa Nova II, no município de Poço Redondo, e 08 famílias da Fazenda Cangaleixo, do município de Gararu. O investimento, superior a R$ 3 milhões, é referente a recursos do governo federal/Mapa, através do Fundo de Terra e da Reforma Agrária, em parceria com o Governo do Estado de Sergipe (Seagri)/ Unidade Técnica do Crédito Fundiário Pronese.

Edilene Silva Souza, residente da Fazenda Lagoa, no Assentamento Júlio Soares, em Poço Redondo, foi uma das pessoas beneficiadas com a ação. “É muito importante para a gente, antes a gente não tinha terra e, hoje, estamos com o título em mãos. Foram muitos anos de luta e, hoje, é só vitória. Vamos em busca de coisas melhores para nossa comunidade, para o nosso município. Com o documento, vamos atrás de projetos para trabalhar mais e investir mais no terreno” destacou a produtora rural que já cultiva palma, milho, feijão, além de produzir leite.

Na Fazenda Lagoa Nova II, a área adquirida é de 1.489,22 tarefas sergipanas, correspondente a 451,28 hectares, a partir de um investimento de R$ 2.704.854,99, tendo como agente financeiro o BNB. Já na Fazenda Cangaleixo, a área adquirida é de 403,09 tarefas sergipanas, correspondente a 122,15 hectares, a partir de um investimento de R$ 627.213,88, tendo como agente financeiro o BNB.

Agricultores recebem escrituras de suas terras através do Pró-Campo

Ação visa fortalecimento da agricultura sergipana e melhoria na qualidade de vida na área rural

O lançamento do Programa Pró-Campo, feito pelo governador de Sergipe, Belivaldo Chagas, em Nossa Senhora da Glória, promoveu muitos benefícios e ações para o homem do campo. Com investimentos que superam R$ 100 milhões e vão contemplar mais de 50 municípios sergipanos, o programa compreende uma série de ações destinadas ao fortalecimento da agricultura sergipana e à melhoria na qualidade de vida na área rural, através de investimentos com foco no desenvolvimento social e econômico. Uma dessas ações, executada por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), garantiu a trabalhadores rurais a obtenção da escritura de suas terras.

Na oportunidade, foram entregues aos beneficiários do Programa Nacional de Crédito Fundiário Terra Brasil as escrituras de suas propriedades rurais. São 38 famílias, sendo 30 da Fazenda Lagoa Nova II, no município de Poço Redondo, e oito famílias da Fazenda Cangaleixo, localizada no município de Gararu. O investimento superior a R$ 3 milhões (R$ 3.332.068,87), é referente a recursos do Governo Federal/Mapa, através do Fundo de Terra e da Reforma Agrária, em parceria com o Governo do Estado (Seagri)/Unidade Técnica do Crédito Fundiário Pronese.

Para Maria Geane de Farias Silva, presidente da Associação do Assentamento Júlia Soares, na Fazenda Lagoa Nova II, em Poço Redondo, foi com grande alegria que recebeu a escritura de suas terras. “Pra mim e para as demais famílias foi muito gratificante esse momento. Já há algum tempo produzimos milho e feijão, no local, além de algumas cabeças de gado e ter essa escritura em mãos era um anseio muito grande de todos nós”, destacou. O local compreende 30 famílias de agricultores familiares em uma área de 451,28 hectares, adquiridas a partir de um investimento de mais de R$ 2,7 milhões.

“Foi muito bom receber o governador Belivaldo Chagas aqui e ver sua preocupação com o trabalhador rural, promovendo tantas ações e esse benefício de recebermos a escritura de nossas terras”, comemorou o presidente da Associação Comunitária Nossa Senhora Aparecida, Lucivaldo Lima, da Fazenda Cangaleixo, em Gararu. A área correspondente a 122,15 hectares, a partir de um investimento de R$ 627.213,88, compreende oito famílias que produzem milho e feijão nas localidades. Ambas as propriedades tiveram como agente financeiro o Banco do Nordeste do Brasil (BNB).

De acordo com o secretário Zeca da Silva (Seagri), uma das preocupações do Governo do Estado é gerar emprego e renda para o homem do campo. “Foi isso que o governador demonstrou com o anúncio desse pacote de medidas que beneficiam e fortalecem a agricultura do estado de Sergipe, em todos os segmentos, seja com ações de infraestrutura na zona rural, construção de poços com sistema simplificado de água, limpeza de pequenas barragens, no fortalecimento da bacia leiteira da região e com a entrega da escritura de suas terras, entre outras ações que beneficiam diretamente os agricultores e suas famílias”, afirmou ao destacar a importante parceria com os órgãos de apoio, como a Cohidro e Emdagro.

Programa de Crédito Fundiário

Iniciado em Sergipe no ano de 2003, o Programa Nacional de Crédito Fundiário Terra Brasil promoveu somente no alto sertão sergipano a aquisição de 52 propriedades, localizadas nos municípios de Porto da Folha, Monte Alegre, Nossa Senhora da Glória, Canindé de São Francisco, Poço Redondo e Gararu. São 10.316,10 hectares, que correspondem a 34.043,13 tarefas, beneficiando 743 famílias de agricultores sergipanos. Em todo o Estado foram adquiridas 168 fazendas, num total de 28.199,94 hectares (93.059,80 tarefas) que beneficiam 2.317 famílias e representam um volume de recursos de mais de R$ 83,9 milhões.

Alto Sertão começa a produzir limão taiti com o suporte da irrigação pública estadual

Variedade cravo é precoce, com ciclo de produção comercial que pode durar dos 2 até os 10 anos de vida do limoeiro

Mais uma planta típica de regiões mais frias e úmidas, que se adapta bem ao clima semiárido de Canindé de São Francisco, no Alto Sertão Sergipano. A partir do suporte vital dado pela água fornecida pelo Perímetro Irrigado Califórnia, mantido pelo Governo do Estado, o limão taiti irrigado agora é o novo produto que o sertanejo sergipano é capaz de produzir. De mudas plantadas há 2,5 anos, há 1,5 produzindo limões, o pomar de Eudes dos Santos começa a dar lucro e tem sua viabilidade confirmada, podendo ser agora uma alternativa de renda, atrelada à geração de empregos, para os outros agricultores irrigantes do perímetro administrado pela Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri).

No sul do estado, polo citrícola, e no Platô de Neópolis, que até exporta o fruto para Europa, está concentrada a maior parte do limão produzido no estado. Neste último, a Cohidro foi buscar a tecnologia para dar assistência técnica aos pomares de Canindé. O sol forte do Alto Sertão, ao contrário de prejudicar, acelera o metabolismo da maioria das plantas e no limoeiro, previne a incidência de doenças fúngicas que atacam pomares nas outras regiões de Sergipe, como explica o técnico agrícola da companhia, Roberto Vieira. “Lá no Platô de Neópolis, para evitar a gomose, é plantado no ‘leirão’ e aqui não, o Eudes plantou normal e não encharca. Neópolis chove mais do que aqui, que ele mantém o turno de regra de duas horas e tá sem problema nenhum”, analisou o profissional que fez estágio técnico no Platô sobre limão.

Eudes dos Santos comemora os resultados dos seus limoeiros, pioneiros no perímetro irrigado de Canindé. “Peguei a muda em Lagarto [município do Centro-sul Sergipano] e plantei 180 pés, que são duas tarefas (0,66 hectares). Comecei a colher ele com 1 ano e 6 meses mais ou menos, mas bom mesmo foi depois de 2 anos. Mas ele tá começando. Nessas duas semanas aqui eu tirei 120 saquinhos de 7 kg”, conta ele, que informou que está ampliando o pomar de limão taiti. “Eu tenho 180 pés e tenho outra área com 70 pés que eu estou começando a zelar agora, que é quase uma tarefa”. O irrigante está suprindo o mercado local e já alça voos para mandar seu limão até para o estado vizinho. “Mandei duas vezes para a Bahia. Mandei 20 sacos e nesse domingo mandei mais 15”, contabilizou.

O manejo empregado por Seu Eudes tem como base induzir a produção a partir da poda. “A poda que eu tinha feito nele era leve, daqueles ramos ladrões. A poda mais forte está sendo agora, acredito que daqui a 90 dias começo a colher. Mas no meio vai ficar muito limão ainda, e passa uns 40 a 45 dias colhendo”. O produtor não dispensa a utilização de tecnologias de irrigação que agregam vantagens, como a feritirirgação, levando nutrientes à planta, diluídos na água. “Uso o cloreto purificado. São duas mangueiras, uma para o microaspersor e uma para o gotejo, numa carreira só de limão. Também adubei com muita cama de galinha no início, que foi no inverno”, explica. O produtor conta que quando os limoeiros completaram 1,5 anos, ele começou a usar um fertilizante foliar na fertirrigação, para influenciar a floração, estágio de onde surgem os frutos.

“Nesse período de 45 dias que eu estou colhendo ele, eu tirei uns 350 saquinhos desses de 7kg, quando vier agora, daqui a 90 dias, é para tirar na base de uns 800 sacos para frente. Fevereiro para março é para tirar isso aí”, projeta Eudes dos Santos. “Eu vou constantemente ao plantio de limão taiti dele, da variedade cravo, e a gente acompanha o turno de rega de duas horas, que é o que o limão precisa. Igual é lá no Platô e ele não está tendo problema aqui nenhum com relação a parte fitossanitária. Começou a aparecer ácaro da ferrugem, mas eu avisei com antecedência e ele pulverizou, resolvendo a situação. O plantio está indo muito bem, o estado vegetativo  e a produção também. Ele estava vendendo de R$ 50, um saco de 25 kg e depois de conversar com o pessoal de Neópolis, eu passei a informação para ele aumentar o preço para R$ 70”, complementa o técnico Roberto Vieira.

Encontro reúne agricultores orgânicos para discutir produção agroecológica em Sergipe

Setenta agricultores estiveram presentes para debater produção, comercialização e certificação de produtos orgânicos

Aconteceu em Itabaiana, região Agreste do Estado, o Encontro de Produtores Orgânicos de Sergipe, que contou com a participação de aproximadamente 70 agricultores familiares de todas as regiões do estado que trabalham na linha agroecológica. O evento foi uma realização da Emdagro, aconteceu no Sest/Senat de Itabaiana, e contou com a parceria do Mapa, Cporg e Sebrae e a Secretaria Municipal de Agricultura.

Na abertura do encontro, o diretor de Assistência Técnica e Extensão Rural da Emdagro, Antônio Reis, cumprimentou a todos os presentes e destacou a importância do cultivo orgânico na produção de um alimento de qualidade, valor de uma vida mais saudável, e o apoio que a Emdagro vem dando a todos os agricultores que trabalham na linha orgânica. “Quero dar as boas-vindas a todos os presentes. Dizer que hoje é um dia importante para a agroecologia do estado, porque, nesse encontro, a gente está discutindo os assuntos mais importantes da cadeia produtiva agroecológica, de forma a criar uma estratégia para o próximo ano, fortalecer toda a cadeia, sobretudo, a comercialização desses produtos orgânicos”, disse o diretor.

Ao longo do dia, os participantes contaram com uma palestra sobre “Estratégias para a reestruturação da produção orgânica”, ministrada pela engenheira agrônoma da Rede Borborema de Agroecologia da Paraíba, Maria Amélia da Silva Marques, e também de uma Roda de Experiências sobre a influência das organizações de Controle Social (OCS) no avanço no processo da produção e comercialização de orgânicos.

Para o agricultor orgânico da Comunidade Garangal, em Campo do Brito, José Adelson da Fonseca, que também participa da Organização de Controle Social, o encontro reúne as melhores experiências na produção orgânica. “Esse encontro é muito bom porque reúne todos os agricultores orgânicos para essa troca de conhecimentos. Todos só têm a ganhar!”, afirmou o agricultor, que não esconde sua satisfação em ver como a atividade agroecológica vem ganhando espaço tanto no campo, como na sociedade que passa a ter na sua mesa um alimento de qualidade.

Entendimento semelhante é do produtor orgânico Carlos César, do Povoado Junco em Areia Branca. Ele considera o encontro muito rico e destaca o papel da Emdagro nesse trabalho da agricultura orgânica em Sergipe. “Esse evento é muito rico porque aqui estão reunidos todos os agricultores de todas as regiões do estado, numa troca de saberes que só quem tem a ganhar é agroecologia sergipana. 

Pesquisa

No encontro, os participantes conheceram também as ações da Emdagro, no âmbito da pesquisa, voltadas para a agricultura orgânica, a exemplo dos inimigos naturais como forma de substituição do uso de agrotóxicos. “A pesquisa vem buscando desenvolver métodos de controles alternativos e métodos de controle biológico, no sentido de atender essas demandas agroecológicas e no sentido de abolir o uso de agrotóxicos na agricultura. Temos produzido em nosso laboratório microrganismos biológicos e insetos que são predadores, a fim de disponibilizar esses produtos para que sejam usados no dia a dia do agricultor”, explicou o pesquisador da Emdagro, Marcelo Mendonça.

Agricultores de Arauá recebem apoio da Emdagro na comercialização da produção

Mercados institucionais garantem renda para organização de agricultores do município

A agricultura familiar é responsável por grande parte da produção agropecuária de Sergipe. Ela garante que 70% dos alimentos produzidos cheguem às mesas das pessoas. Entretanto, os caminhos percorridos, desde a produção até o consumidor final, não são nada fáceis se não houver um apoio qualificado que possa direcionar a caminhada. É nesse contexto, dentre tantos outros, que a Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), órgão de assistência técnica e extensão rural vinculado à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Rural e da Pesca, vem desempenhando um papel fundamental nesse processo de comercialização ao auxiliar os pequenos produtores desde o plantio da semente até o acesso aos diferentes mercados consumidores.

É o que acontece com agricultores familiares do município de Arauá, região Sul do Estado, que, com o apoio dos técnicos do escritório da Emdagro no município, buscaram acessar os principais canais de comercialização. “Nós, extensionistas rurais, ao orientar o agricultor no tocante à produção – da porteira para dentro – orientamos também sobre a comercialização dessa produção, ou seja, da porteira para fora. Esse é um trabalho que vem sendo muito bem conduzido pelos técnicos da Emdagro do município de Arauá que orientam os agricultores sobre a venda em feiras livres, Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), entrega em domicílio, Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e pontos de venda”, enfatizou o Assessor Técnico em Comercialização da Emdagro, o economista Wagner de Aragão Brito.

O assessor detalha como vem sendo realizada a comercialização no município, além dos canais de venda em feiras livres, que possuem uma característica interessante por ser uma modalidade mais popular e democrático que existe. “Por isso, incentivamos os nossos agricultores a participarem desse tipo de mercado, buscando inibir a figura do intermediário e, consequentemente, fazendo com que o agricultor familiar, ao vender sua produção diretamente na feira livre, consiga agregar mais valor aos seus produtos”, reforçou Wagner.

Nos mercados institucionais, por exemplo, o assessor explica que ao acessar o Pnae, os agricultores familiares e suas organizações podem vender seus produtos para a merenda escolar, respeitando-se as referências nutricionais, os hábitos alimentares, a cultura e a tradição alimentar da localidade, pautado na sustentabilidade e diversificação agrícola da região, na alimentação saudável e adequada. “Já o PAA é um programa que tem a finalidade de incentivar a agricultura familiar, compreendendo ações vinculadas a distribuição de produtos agropecuários para pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional”, detalhou.

Tanto em um programa (Pnae) como no outro (PAA), o assessor da Emdagro destaca uma organização fornecedora de produtos, que é o Grupo de Jovens Cooperativista da Colônia Sucupira (Cooperjos), em Arauá, que viabilizaram projetos que, somados, ultrapassam o valor de mais de meio milhão de reais. “Com o PAA, o projeto é de 296 mil reais, beneficiando 37 agricultores com a comercialização de laranja, mamão, maracujá, melancia, milho verde, macaxeira a vácuo, banana, inhame e tangerina. Com o Pnae, no valor aproximado de 250 mil reais, 48 produtores beneficiados comercializam pimentão, quiabo, milho verde, pão de macaxeira, tangerina, macaxeira a vácuo, mamão, melancia, cebolinha, laranja, coentro, couve, abacaxi, abóbora, banana e batata doce”, detalhou Wagner Brito.

Para o agricultor familiar e membro do grupo de jovens  Cooperjos, Pedro Oliveira, a Emdagro tem tido uma participação importante nesse processo de comercialização. “A Emdagro é muito importante para nós, porque, além de nos prestar assistência técnica individual e coletiva, ela assessora a cooperativa com a elaboração de projetos da agricultura familiar também. Agradecemos muito esse apoio dos técnicos da Emdagro de Arauá, o Elizaldo, Luiz e o Anselmo que não nos deixa na mão, sempre nos apoiando. Graças à Emdagro pudemos tirar nossa Declaração de Aptidão do Produtor (DAP), que é o documento essencial para acessarmos esses mercados institucionais”, reconheceu o agricultor.

Outras formas de comercialização que os agricultores familiares têm são a venda direta em domicílio, que é modalidade de mercado que consiste em entregar os produtos produzidos pelo produtor na localidade que o freguês escolher. Nessa modalidade, a produção é toda da propriedade para garantir a qualidade. E a outra forma de comercialização são os pontos de vendas, que é um local estratégico onde os produtos são vendidos.

Secretário visita perímetros irrigados em Itabaiana e acompanha nível das barragens

Produção de tubérculos e folhosas abastece mercado local e de outras regiões do país

Saber as necessidades do homem do campo, observar in loco o que está sendo produzido nas lavouras sergipanas e verificar como estão os níveis de água das barragens que abastecem os perímetros irrigados de Sergipe. Essas são algumas demandas do governador Belivaldo Chagas para o setor agrícola, e, com esse propósito, o secretário da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e da Pesca, Zeca da Silva, iniciou nessa quarta-feira, 24, uma série de visitas que fará aos perímetros. Acompanhado do diretor-presidente da Cohidro, Paulo Sobral, ele foi até Itabaiana, na região agreste do Estado, para conhecer de perto os perímetros Jacarecica I e Ribeira.

Em operação desde março de 1987, o Jacarecica I compreende uma área total de 398 hectares e 126 lotes familiares onde são produzidos tubérculos e folhosas, como batata-doce, quiabo, amendoim, coentro, alface, cebolinha, tomate, pepino e maxixe, entre outros. Toda a produção abastece Sergipe e grande parte da região Nordeste, principalmente os Estados da Bahia e Alagoas. “Além disso, nossa batata-doce é vendida para Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. São 250 a 300 toneladas ao mês de itens produzidos em 248 hectares de área cultivada, onde é beneficiado um público de 630 pessoas”, destacou o técnico agrícola da Seagri, Simeão Santana, no povoado Agrovila, onde está localizado o escritório da Cohidro.

Também inaugurado na mesma época, em 1987, o Perímetro Irrigado da Ribeira é um projeto do tipo irrigação pública, gerido pelo governo do Estado que comporta uma área total de 1.970 hectares, sendo 1.100 hectares de área agrícola irrigável, beneficiando mais de 4.600 pessoas, e de onde saem diariamente entre quatro a cinco caminhões carregados de produtos. São 466 lotes familiares onde se cultivam batata-doce, coentro, cebolinha, pimentão, tomate, pepino, couve, amendoim, berinjela, alface, feijão, vagem, quiabo e milho verde. “O governo do Estado é responsável pela gestão dos perímetros, por toda a assistência técnica, a cessão de uso da área e pela água que os abastece. O resultado disso é a produção de diversas culturas agrícolas que abastecem todo o Estado, inclusive contribuindo para que tenhamos uma das cestas básicas com menor custo do país”, ressaltou Paulo Sobral.

São famílias de agricultores que trabalham na terra e dela tiram seu sustento, numa cadeia produtiva que avança de geração em geração, como no caso do produtor Roberto Santos Nascimento. “Desde que foi inaugurado o perímetro, meu pai, José Francisco, começou a plantar na região. Hoje infelizmente ele não está mais com a gente, mas continuo na lavoura junto com meus irmãos e assim garantimos nossa renda e o sustento de nossa família”, afirmou o agricultor que planta batata-doce e coentro em uma área de dois hectares, no Jacarecica I, juntamente com mais cinco irmãos.

Para o secretário Zeca da Silva as visitas foram muito produtivas e vão acontecer com uma maior regularidade de agora em diante. Preocupado com a estiagem desse ano e as consequências para as lavouras, observadas no baixo nível de água das barragens visitadas, o secretário ouviu os produtores e garantiu estar atento, junto com os órgãos competentes, caso seja necessário interromper o fornecimento de água. “Foi muito gratificante conhecer de perto o funcionamento de nossos escritórios nesses perímetros da região, ver as lavouras verdinhas, produzindo itens de qualidade que abastecem nosso mercado, de estados vizinhos e ate de outras regiões do país”, afirmou. “São milhares de pessoas beneficiadas diretamente, além de outras tantas de forma indireta, através desse trabalho realizado pelo governo do Estado, que promove renda, gera empregos e garante o sustento do homem do campo”, comemorou.

Fotos: Vieira Neto

Queijeiros sergipanos participam de intercâmbio em Minas Gerais

cnicos e pequenos produtores conheceram as experiências na produção de queijo artesanal mineiro

O queijo artesanal de Sergipe tem conseguido se destacar como uma importante fonte de renda de pequenos produtores rurais ligados à pecuária leiteira no estado. Pensando em estimular ainda mais uma produção de qualidade do derivado, a Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), promoveu, na última semana, um intercâmbio interestadual de técnicos e produtores ao estado de Minas Gerais com o objetivo de conhecerem as políticas públicas do governo mineiro de incentivo à produção artesanal de queijos, com foco na regularização das pequenas queijarias.

Ao todo, nove técnicos da Emdagro e seis queijeiros do estado estiveram participando do intercâmbio para conhecerem as experiências exitosas de assistência técnica e extensão rural (Ater), na Inspeção para legalização das queijarias, na produção de leite e queijo com qualidade e na forma de comercialização do queijo Minas Artesanal e do Queijo Artesanal de Minas. O grupo foi recepcionado pelo presidente da Emater-MG – órgão responsável pela assistência técnica e extensão rural – Otávio Maia, e toda sua equipe que trabalha com agroindústria, além dos representantes da Empresa de Pesquisa de Minas Gerais (Epamig) e do Instituto Mineiro de Agropecuárias (IMA), órgão responsável pelo Serviço de Inspeção.

Ao longo da semana, a comitiva de Sergipe se reuniu com o prefeito de São Roque de Minas, município polo da região da Serra da Canastra – composto por 9 municípios – que foi a primeira região a ter a Indicação Geográfica de Origem – IG do queijo Minas Artesanal, percebendo a forte participação dos municípios no processo de valorização do queijo artesanal, inclusive, com a formação de consórcios municipais para garantir o serviço de inspeção das queijarias.

O grupo visitou cinco queijarias nos municípios de São Roque de Minas, Bambuí e Vargem Bonita, onde observaram, na prática, as instalações adequadas para a produção do queijo artesanal e as formas de produção e maturação do queijo. “Esse foi um trabalho bastante importante, porque conhecemos o papel da Extensão Rural no processo de produção do queijo, das boas práticas de produção de leite, o papel da Defesa Agropecuária no controle da Brucelose e Tuberculose garantindo a qualidade sanitária do lácteo e seu derivado, bem como a organização dos agricultores através da associação e da cooperativa com papel relevante na organização e evolução dos queijeiros”, comentou a Coordenadora de Pecuária da Emdagro, Izildinha Dantas.

No município de Medeiros, também localizado região da Serra da Canastra, os técnicos e produtores visitaram um entreposto de maturação coletivo de queijos, para pequenos queijeiros que não têm condições de instalações para este processo e finalizaram o intercâmbio visitando o mercado de Belo Horizonte. “O intercâmbio foi uma experiência muito proveitosa para o grupo de técnicos e queijeiros e a intenção é apresentar uma proposta de um programa estadual de apoio às pequenas queijarias do estado”, frisou a coordenadora.

“Quero agradecer à Emdagro pela oportunidade de conhecer a cadeia produtiva do queijo artesanal da Serra Canastra, em Minas Gerais, conhecer o dia a dia dos daqueles produtores de queijos, a diversidade e qualificação desses empreendedores”, destacou a presidente da Associação de Queijeiros do Alto Sertão, Maria Joseane da Costa.

Macaxeira irrigada no sertão de Canindé tem qualidade e promove renda ao agricultor

Manejo da planta é econômico e simples: irrigação uma vez por semana e capinagem

Macia ao cozinhar, ao ponto de derreter na boca. Assim é a macaxeira cultivada por José Teodoro, agricultor irrigante no Perímetro Irrigado Califórnia, em Canindé de São Francisco. Por conta da irrigação, as raízes tuberosas podem ser colhidas na metade do tempo que levaria na plantação em sistema de sequeiro. É essa precocidade que gera a maciez e diminui o tempo de espera para o Seu Zé Antônio, como é mais conhecido, ter o retorno do seu investimento na lavoura. Só na comercialização do aipim, o outro nome da planta, foram gerados quase R$ 2 milhões em renda aos produtores do perímetro Califórnia em 2020. Além das feiras do Alto Sertão, parte de Alagoas e dos muitos restaurantes daquela cidade turística, o produto também é adquirido por programas de compra da produção rural, para doação simultânea a pessoas em vulnerabilidade social ou para compor a merenda escolar.

No ano passado foram 3.224 toneladas da mandioca-mansa, como também é chamada, colhidas em uma área de 106 hectares (ha) no perímetro irrigado de Canindé. Zé Antônio é atendido com irrigação e assistência técnica fornecida pelo Governo do Estado através da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Irrigação de Sergipe (Cohidro). Em seu lote no Califórnia, a produção de macaxeira ocupa cerca de 2 ha. “O manejo é todo igual para todo o lote, sempre tem que jogar uma terrinha para não mostrar as raízes e molhar uma vez por semana, ou de 15 em 15, para ficar bem molhadinho e pronto, é o segredo. Adubação eu não uso, nem veneno. Se eu molhar muito, quando for arrancar ela fica azul, e molhando menos, eu só arranco boa, direto assim. Zelando para que os matos não cresçam juntos. Mas também tem que molhar, porque se secar demais o chão, ela cria como se fosse uma ‘vela’ no meio e não cozinha”.

A macaxeira está em qualquer dieta nutricional formulada a partir de produtos in natura e por isso, é muito aceita no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). “Tivemos irrigantes fornecendo macaxeira para os PAAs, o mantido pela Conab e o Estadual, organizado pela Seias (Secretaria de Estado da Inclusão e Assistência Social). São alimentos adquiridos com recursos públicos e por preços acima do valor de mercado, gerando mais renda ao produtor. Mas que ajudam bastante às famílias em situação de insegurança alimentar que recebem gratuitamente esses produtos, frescos e de alta qualidade nutricional. Outro programa que gera mais renda ao agricultor é o PNAE, igualmente garantindo a venda certa da produção por um período mais longo”, explicou a gerente do perímetro Califórnia, Eliane de Moraes.

“Eu vendo para os dois PAAs e, agora, vendo também para a merenda escolar, para as crianças daqui da região e por isso, tenho um capricho a mais. Eu só mando a boa”, garantiu Seu Zé Antônio. Contando com a água fornecida pela Cohidro, vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), ele consegue oferecer um produto de alta qualidade e com um tempo de espera reduzido, permitindo a rotatividade e maior renda com o cultivo do lote. “O tempo de colheita certo é 6 meses e vou arrancando até uns 8 meses. Daí, com isso já acaba e eu já começo [a colheita] em outra, porque eu tenho cinco etapas de macaxeira, para sempre ir arrancando e não ficar velha. A diferença da que está com 6 meses, da com 8 meses, é que ela fica mais grossa ao passar do tempo”, explica o irrigante.

Segundo o técnico agrícola na Cohidro, Flamarion Déda, a macaxeira pode ser cultivada em todo o estado de Sergipe. “Não é diferente no perímetro Califórnia. Aqui, inúmeras variedades de macaxeira são cultivadas, destacando-se a precoce, que é em um ciclo em torno de 180 dias, e a tardia, que é em torno de 270 dias. O produtor geralmente dá preferência pela tardia, por ter uma durabilidade de prateleira maior. Mas tem alguns produtores que preferem a precoce, pela rapidez que se colhe o produto. Geralmente nós orientamos, após a retirada da raiz, para que se faça uma rotação de cultura com o feijão de corda, que é uma cultura economicamente viável, e que também contribui com a nitrogenação da área. Tendo em vista que a macaxeira é altamente extratora de nutrientes do solo em toda sua copa”, esclareceu.

Fotos: Vieira Neto

Governo

Última atualização: 30 de novembro de 2021 09:29.

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