Fusariose atinge principalmente espécies frutíferas
A assistência técnica aos agricultores nos perímetros irrigados do Governo do Estado complementa o fornecimento da irrigação. Em Lagarto, centro-sul sergipano, os técnicos agrícolas do perímetro Piauí têm dado toda orientação para combater a incidência da fusariose em pomares irrigados, principalmente de maracujá. A doença fúngica mata as plantas infectadas e tem alta capacidade de contaminação do solo e até de outras plantações.
A fusariose, ou murcha do maracujazeiro, é uma doença causada pelo fungo Fusarium oxysporum que impede o crescimento e atrofia as plantas, culminando até na sua morte súbita. Conforme explica o engenheiro agrônomo da Coderse, Fernando Andrade, a contaminação ocorre com o plantio de mudas contaminadas e também entre as plantas, por meio do contato entre as raízes.
“É uma das principais patogenicidades que acometem o maracujá, constituindo-se em uma doença de grande expressividade econômica que, caso não seja adequadamente combatida, poderá ser transmitida de um pomar para o outro. A fusariose ataca as raízes, com o micélio do fungo atuando nos vasos da planta, bloqueando o xilema e impedindo o fluxo normal de água, provocando a murcha e, posteriormente, a morte das plantas”, advertiu Fernando Andrade.
Produtor irrigante do perímetro Piauí, Weverton da Silva disse que, por conta da fusariose, perdeu cerca de 50, dos 700 pés de maracujá que plantou com a irrigação da Coderse. “A orientação dos meninos foi boa, graças a Deus. Eles vieram para verificar tudo certinho e me orientaram que arrancasse a planta que foi infectada e as outras próximas dela. Abri uma valinha onde tem os pés, joguei a cal e fiz a aplicação do fungicida”, disse.
Gerente do Piauí, Gildo Almeida informa que os técnicos agrícolas têm dado bastante atenção à fusariose, pela sua gravidade. A recomendação geral é de que ao fazer o tratamento sejam eliminadas as plantas infectadas e mais as cinco plantas sadias em volta da doente. “O técnico tem que indicar o defensivo para o produtor usar, como prevenção das plantas sadias e não deve ser feito um novo plantio na área em que foi identificada a doença”, observou.
O técnico da Coderse em Lagarto, Jackson Ribeiro, reforça que a doença se dissemina de uma planta para outra. “De urgência, tem que evitar a gradagem, arrancar a planta que está doente pela raiz e queimar, abrir um buraco de 20 cm, onde estava a planta e jogar cal dentro. Depois disso, usar um fungicida sistêmico para pulverizar, diluído em água, na planta toda [na parte sadia da lavoura]. Devem ser feitas três aplicações no intervalo de sete dias”, ensinou, observando ainda sobre a necessidade de limpar bem as ferramentas usadas com as plantas doentes, a fim de não infectar as sadias.
“Quanto mais a gente divulgar, melhor. Porque só assim os outros produtores vão começar a se prevenir. Já vão saber quando começar a atacar as plantinhas, para a gente conseguir frear essa doença e não dar tanto prejuízo para os produtores também. Sempre quando aparece algum problema, eu já procuro William e o Gildo, que dão uma assistência muito boa para a gente”, considerou o agricultor Weverton da Silva, se referindo à equipe da Coderse.
Ainda segundo Fernando Andrade, a doença não tem controle curativo, sendo recomendadas medidas preventivas para que ela não se dissemine e possa comprometer toda a plantação. “Para o caso de a doença já estar instalada, recomenda-se evitar o novo plantio na área infectada, mantendo-se a mesma em ‘pousio’”, acrescentou o agrônomo.
A iniciativa faz parte do programa ‘Saúde no Campo’, realizada pela Emdagro para criadores que possuam até 20 vacas e para criadores de ovinos e caprinos, que possuam até 30 animais
A vacina contra a Clostridiose de bovinos, ovinos e caprinos já está disponível para os criadores sergipanos. O Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) e da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), tem como meta vacinar 2.500 animais de pequenos produtores, em todos os municípios. A iniciativa faz parte do programa ‘Saúde no Campo’, realizado pelo Governo do Estado, que disponibiliza as doses gratuitamente para criadores que possuam até 20 vacas e para criadores de ovinos e caprinos que possuam até 30 animais.
A Clostridiose é uma doença grave e de fácil transmissão que afeta bovinos, ovinos e caprinos, comprometendo a saúde e a produtividade do rebanho. De acordo com a veterinária da Emdagro Larissa Góes, a doença causa diversas enfermidades, tais como manqueira, tétano e enterotoxemia, com alta taxa de mortalidade. “A transmissão ocorre principalmente pelo contato com esporos contaminados, seja por ferimentos, ingestão de alimentos ou água contaminados”, observou.
A equipe de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) da Emdagro integrou a vacinação contra a Clostridiose ao programa Saúde no Campo, que já promove a vacinação contra a Brucelose em todo o estado. A coordenadora da unidade regional nas regiões do médio e alto sertão, Rita Selene, destaca que, para terem direito aos benefícios, os produtores interessados devem se dirigir ao escritório da Emdagro mais próximo para realizar a inscrição no programa. “Diferentemente da vacinação contra a Brucelose, que é feita apenas uma vez, a da Clostridiose é realizada em três etapas: após 20 a 30 dias da primeira dose é feita uma dose de reforço, e depois disso o animal precisa ser vacinado uma vez por ano”, explica.
Para o criador Valdomiro Santos, do povoado Campo Grande, no município de Siriri, tem sido muito importante contar com esse suporte do Governo do Estado, por meio da Seagri e Emdagro. “Se não fosse assim, não teríamos condições de vacinar nosso rebanho, pelo valor das vacinas e também por precisarmos de um veterinário credenciado para fazer esse serviço. Há muito tempo sou criador, e sempre conto com a assistência da Emdagro. Este ano, eles estão desenvolvendo um trabalho ainda melhor, mais atento aos pequenos produtores e sempre disponível para vacinar o gado, a fim de evitar doenças”, declarou.
Brucelose
O programa ‘Saúde no campo’ desenvolvido pelo Governo do Estado vacinou, no ano passado, 2.579 animais fêmeas contra a Brucelose, beneficiando 483 produtores, em 12 municípios sergipanos, atendendo à demanda do pequeno produtor rural. A vacina é pré-requisito para que o criador tenha direito a Guia de Trânsito Animal (GTA), ao programa de Inseminação Artificial por Tempo Fixo (IATF) e ao Mão Amiga Leite.
Emdagro e agricultores buscam soluções para proteger suas plantações em meio às mudanças climáticas
As mudanças climáticas têm causado preocupações crescentes entre os agricultores, especialmente àqueles envolvidos na produção de cacau. O aumento das temperaturas e a intensidade da radiação solar estão prejudicando as plantações, levando à redução na produtividade e na qualidade dos frutos. Em resposta a esses desafios, a Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) iniciou, na última semana, em duas unidades demonstrativas nos municípios de Arauá e Umbaúba, um estudo para testar a eficácia de protetores solar na cultura do cacau.
Segundo o engenheiro agrônomo da Emdagro, Valbério Paolilo, responsável pelo experimento, os protetores solares têm demonstrado resultados promissores em outras culturas, como manga, melancia e tangerina. “Estamos investigando como essa tecnologia pode ser aplicada no cultivo do cacau, especialmente em plantas jovens e em áreas onde o sombreamento natural não é suficiente para protegê-las, com a expectativa de melhorar o desenvolvimento, reduzir a mortalidade e contribuir para um maior ‘pegamento’ de frutos”, afirmou Paolilo.
Jean Carlos Nascimento, diretor de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) da Emdagro, enfatizou a importância do projeto. “A proteção solar na cultura do cacau pode representar uma solução promissora para os desafios enfrentados pelos agricultores. Estamos comprometidos em fornecer suporte técnico e recursos necessários para garantir o sucesso deste estudo e sua implementação prática”.
A experiência tem acontecido nas propriedades dos agricultores Manoel Conceição, no município de Arauá, e José Manoel Nascimento, município de Umbaúba, onde foram implantadas duas Unidades Demonstrativas da cultura do cacau. O experimento com o protetor solar conta com a participação do técnico agrícola Elizaldo Malta e do engenheiro agrônomo Cláudio Soares Júnior, além da colaboração ativa dos produtores locais.
Na avaliação do agricultor Manoel Conceição, pesquisas como essas são importantes para ajudar o dia a dia do homem do campo. “Eu acho interessante porque são das pesquisas que nasce o produto. Em que pese estarmos no início, os técnicos já veem algum resultado. Minha expectativa é de que dê realmente certo para que a gente possa cultivar o cacau de forma tranquila, sem preocupação com pragas”, frisou.
O engenheiro agrônomo Valbério também ressaltou o desempenho dos primeiros testes e informou que o produto já está disponível no mercado. “Estamos entusiasmados com os resultados preliminares do nosso estudo. Isso nos dá esperança de que podemos mitigar os impactos das altas temperaturas e da radiação solar excessiva na produção de cacau”, comentou o profissional da Emdagro.
Os trabalhos serão realizados em 188 propriedades rurais de 63 municípios sergipanos
A Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) lançou nesta sexta-feira, 1º, uma série de inquéritos epidemiológicos com o objetivo de fortalecer a saúde animal e garantir a segurança alimentar no estado. Os esforços concentram-se na obtenção do certificado de reconhecimento de zona livre da Febre Aftosa sem vacinação, bem como na manutenção dos status internacionais de zona livre da Peste Suína Clássica (PSC), de influenza aviária e da doença de Newcastle.
Para alcançar esses objetivos, a Emdagro realizará estudos soroepidemiológicos em rebanhos de bovinos, suínos e aves em todo o estado. Estes inquéritos vão abranger 188 propriedades rurais, distribuídas em 63 municípios sergipanos, e visam fortalecer o serviço oficial de Defesa Sanitária Animal na detecção e resposta rápida a pragas e doenças.
Um dos focos principais desses inquéritos é a vigilância sorológica para a Febre Aftosa, alinhada com o Plano de Vigilância do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (Pnefa), com foco no certificado de reconhecimento de zona livre da Febre Aftosa, sem vacinação, para 2024. Esse esforço faz parte do Plano Estratégico 2017-2026 (PE-Pnefa), em conformidade com as diretrizes internacionais da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e do Programa Hemisférico de Erradicação da Febre Aftosa (Phefa).
Além disso, serão realizados inquéritos específicos para suínos, como parte do Plano Integrado de Vigilância de Doenças dos Suínos, atendendo assim a recomendação técnica do Ministério da Agricultura (Mapa), por meio dos quais serão realizadas sorologia e vigilância clínica em estabelecimentos de criação de suínos, visando demonstrar a ausência de Peste Suína Clássica e Africana nos animais. O Brasil, sendo o quarto maior produtor e exportador de carne suína no mundo, depende da qualidade sanitária do rebanho para manter sua posição no mercado global.
A vigilância de Influenza Aviária (IA) e Doença de Newcastle (DNC) também está incluída nos inquéritos, devido aos graves prejuízos econômicos e à ameaça à saúde pública que essas doenças representam, e a fim de manter a situação de área livre da doença em Sergipe. A rápida detecção de casos é essencial para o sucesso das medidas de controle e erradicação, bem como para a manutenção do comércio internacional de produtos avícolas.
A diretora de Defesa Vegetal da Emdagro, Aparecida Andrade, enfatizou a importância desses inquéritos para fortalecer a capacidade de detecção precoce e resposta imediata a doenças que afetam a pecuária e a produção avícola em Sergipe. “A prioridade máxima é garantir a saúde dos rebanhos e a segurança alimentar da população, além de manter a competitividade do setor agropecuário sergipano no mercado internacional”, destacou.
Medida é fundamental para garantir a biossegurança do agronegócio avícola no estado
Foi publicada nesta sexta-feira, 1º, no Diário Oficial do Estado de Sergipe, a Portaria nº 017/2024 da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), que estabelece a proibição de eventos que promovam a aglomeração de aves em todo o território do estado. A medida foi tomada em conformidade com o Decreto Estadual nº 358/2023, que declara Estado de Emergência Zoossanitária em Sergipe e institui o Sistema de Monitoramento, Avisos e Ações para prevenção da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade.
A decisão foi embasada em diversos documentos e normativas, como a Portaria nº 624 do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), de novembro de 2023, que prorroga por mais 180 dias o estado de emergência no Brasil, bem como a ocorrência de novos focos da doença em outros estados, como o Espírito Santo, e o registro de quatro focos da doença na Bahia, no ano passado.
Segundo o presidente da Emdagro, Gilson dos Anjos, a portaria visa proteger o status sanitário do Brasil e de Sergipe, mantendo-os livres da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade e da Doença de Newcastle. “Não existem casos de Influenza Aviária em Sergipe, mas essa medida é fundamental para garantir a biossegurança do agronegócio avícola no estado, preservando o status de Sergipe como área livre de doenças aviárias, de alta patogenicidade”, afirmou.
O presidente reforça que o descumprimento da medida acarretará penalidades. “Aqueles que descumprirem a determinação estarão sujeitos a penalidades previstas em lei. A população e os criadores de aves devem estar atentos e colaborar com as autoridades para evitar a disseminação dessas doenças”, alertou Gilson.
Prática acarreta sanções administrativas e multas a quem descumprir a lei
A Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) alerta sobre a proibição do uso de agrotóxicos em áreas urbanas. A advertência surge em meio a preocupações crescentes sobre os potenciais riscos à saúde pública e ao meio ambiente, associadas ao uso inadequado desses produtos químicos. A prática, que configura desvio de uso, pode resultar em sanções administrativas e multas, de acordo com a legislação federal e estadual.
Os agrotóxicos, também conhecidos como defensivos agrícolas, têm como função primordial proteger as lavouras contra insetos, plantas daninhas e doenças que afetam o ciclo das culturas. Contudo, a legislação proíbe seu uso em áreas urbanas. A proibição está fundamentada no risco de contaminação do trabalhador, como também de moradores e transeuntes, bem como da impossibilidade de isolamento da área tratada e do risco de acúmulo de agrotóxicos, água contaminada e de intoxicação de animais domésticos e selvagens.
“Os agrotóxicos agrícolas, devidamente registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), são destinados exclusivamente às áreas rurais, com a apresentação de receita agronômica adequada. A aplicação desses produtos em ambientes urbanos constitui um desvio de uso, sujeito a sanções administrativas e multas, conforme a legislação federal e estadual vigente”, alertou a diretora de Defesa Animal da Emdagro, Aparecida Andrade.
Segundo ela, é importante respeitar a proibição de uso desses defensivos em áreas urbanas, pois há diversos riscos envolvidos, tanto para a saúde humana quanto para o meio ambiente. “Estamos comprometidos em garantir a segurança e o bem-estar da população, e isso inclui a proteção contra os perigos associados ao uso inadequado desses produtos, seja na zona rural, seja na área urbana”, comentou.
A programação vai ocorrer ao longo de todo o mês de março
Na manhã desta quarta-feira, 28, na sede da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), teve início a capacitação inicial dos 48 novos concursados do órgão. O evento marca o primeiro passo para integrar os novos membros à equipe e apresentar-lhes as áreas, ações e programas da empresa, visando identificar potencialidades e definir suas lotações nos escritórios da Emdagro. Os aprovados no último concurso nas áreas de Técnico Agrícola, Engenharia Agronômica e Medicina Veterinária terão a oportunidade de participar de uma programação abrangente ao longo do mês de março, tanto na capital quanto no interior do estado.
A abertura do curso foi conduzida pelo presidente da Emdagro, Gilson dos Anjos, que ressaltou a importância da formação dos novos colaboradores. “É com grande satisfação que damos as boas-vindas aos novos integrantes da nossa equipe. Vocês representam o futuro da nossa empresa e são peças fundamentais para o desenvolvimento do setor agropecuário em Sergipe”, destacou o presidente.
Na programação desta quarta-feira, cada diretor fez uma breve apresentação da sua área, seguido pela vez de cada novo servidor, que compartilhou suas experiências no campo agropecuário. Ao término das apresentações, os participantes tiveram a oportunidade de realizar uma visita às instalações do escritório central da Emdagro, situado em Aracaju, encerrando assim o primeiro dia de capacitação.
“Este evento representa um marco importante para a empresa, pois reforça seu compromisso com a integração e formação do seu corpo de profissionais, fortalecendo assim sua missão, que é contribuir para o fortalecimento da agricultura familiar e expansão do agronegócio do estado de Sergipe, atuando nas áreas de Assistência Técnica e Extensão Rural, Pesquisa, Defesa Agropecuária e Ações Fundiárias, para assegurar o desenvolvimento sustentável e o bem-estar da sociedade”, sintetizou o presidente.
“O campo em Sergipe é produtivo, são 231 mil pessoas ocupadas no setor agropecuário
A produção no campo em Sergipe vem crescendo, gerando empregos, rendas e conquistando posições de destaque
A produção no campo em Sergipe vem crescendo, gerando empregos, rendas e conquistando posições de destaque. No ano passado, o IBGE contabilizou 20 tipos de cultura no estado, divididas entre lavouras temporárias e permanentes, colocando o milho, a laranja e a cana de açúcar como as principais, sendo que o milho já representa 50% do valor de produção. A soma das três principais culturas representa 70% do valor da produção agrícola sergipana. Para se ter uma ideia, em 2022 a produção da agricultura sergipana atingiu r$ 2,14 bilhões. No segmento pecuário, o alto sertão, o agreste central e o centro-sul sergipano concentraram 73% do rebanho bovino de Sergipe. No cargo de Secretário de Estado da Agricultura desde agosto de 2021, Zeca Ramos da Silva traz, nesta entrevista ao Jornal da Cidade, dados do cenário agropecuário que revelam uma agricultura em crescimento, com imensa função social quando trata da segurança alimentar e econômica, considerando que a produção impacta desde a balança comercial até a renda familiar. Com a experiência de produtor rural, Zeca da Silva também pontua a existência de uma tendência de crescimento deste setor, quando se leva em consideração os investimentos feitos pelos agentes financeiros, os incentivos governamentais, além da força de vontade dos produtores e a demanda crescente do mercado consumidor. Veja a seguir os principais trechos da entrevista:
Por Eugênio Nascimento
JORNAL DA CIDADE – Sergipe é um bom estado para a produção agrícola? E para a criação de gado bovino? Por quê? ZECA DA SILVA – São várias as condições que favorecem a produção agrícola e pecuária em nosso estado. Além da geração e adaptação de materiais genéticos propícios às condições climáticas da região Agreste, outros fatores que contribuem para nossa agropecuária são a assistência técnica, a instalação de empresas de insumos e máquinas, a presença de agentes financeiros oferecendo mais crédito, e a intensificação da motomecanização e demais tecnologias de automação agrícola. Não podemos deixar de citar também as boas condições da infraestrutura viabilizada pelo governo, como estradas e o Porto de Sergipe, que a partir de 2023 começou a exportar o milho sergipano, os incentivos fiscais do estado, e evidentemente, os preços dos nossos produtos que estão entre as principais commodities brasileiras, a exemplo do milho, laranja, cana-de-açúcar e arroz. Um grande sinal de que Sergipe é bom para a agropecuária é o sucesso do Sealba Show, a maior vitrine da agropecuária regional, que na terceira edição, realizada agora em 2024, movimentou mais de R$ 300 milhões com participação de mais de 175 marcas do agronegócio. Temos o melhor rebanho bovino do Nordeste e um dos melhores do Brasil.
JC – Quais são os principais produtos agrícolas de SE? Qual é a produção média de cada um? Geram quanto em receita para Sergipe? ZS – Essas são perguntas muito boas porque dão a oportunidade de dizermos que Sergipe se destaca no âmbito regional e até nacional em várias culturas. A Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), publicada pelo IBGE ano passado, contabilizou 20 tipos de cultura no estado de Sergipe, divididas entre lavouras temporárias e permanentes, colocando o milho, a laranja e a cana de açúcar como as principais, sendo que o milho já representa 50% do valor de produção. A soma das três principais culturas representa 70% do valor da produção agrícola sergipana. Para se ter uma ideia, em 2022 a produção da agricultura sergipana atingiu R$ 2,14 bilhões, a maior da série histórica iniciada em 1974, em termos nominais. Oficialmente a produção sergipana de milho, em 2023, foi de 986.951 toneladas, colocando o estado como o 4° em produção e o 1º em rendimento médio do Nordeste brasileiro, com 5.483 Kg/h. Mas essa produção pode ser maior ainda, porque não contabiliza o milho que fica aqui no estado para forragem e ração animal. Acredito que já passamos de 1 milhão de toneladas. Outras culturas se destacam no ranking, a exemplo do arroz, com a produção média de 39 mil toneladas, somos o 3º produtor do NE; a laranja com 400 mil toneladas, mantém o estado como o 5º produtor nacional; o coco- -da-baía, com 160 milhões de frutos, coloca Sergipe na 4ª colocação nacional; a batata- -doce é outro exemplo, com 64 mil toneladas, cerca de 18% da produção regional, somos o segundo do NE.
JC – Quais são os municípios que mais produzem essas culturas? ZS – Temos algumas culturas consolidadas não apenas nos municípios, mas em termos de região. Por exemplo, percebemos uma grande expansão da cultura do milho no semiárido sergipano, concentrando o maior volume nos municípios de Simão Dias e Carira. Além disso, outras áreas agrícolas se firmaram, tais quais a citricultura, na região Sul e Centro Sul, onde Cristinápolis, Itabaianinha e Lagarto se apresentam como os principais produtores. A cocoicultura, na faixa costeira, tem como principais municípios Neópolis, Estância e Santa Luzia. E a cana-de-açúcar, com destaque para Laranjeiras, Capela, Japoatã e Japaratuba, na zona do Cotinguiba.
JC – Qual é o rebanho de bovinos, caprinos, ovinos e galináceos de Sergipe? Quais são os municípios que mais têm? ZS – Temos um rebanho bovino com cerca de 1,2 milhão de animais que vem melhorando muito em termos de qualidade genética. O rebanho de pequeno porte como caprinos está em torno de 56 mil animais e 490 mil ovinos concentrados em Poço Verde e Tobias Barreto. O plantel de suínos está em torno de 440 mil animais, concentrados nos municípios de Glória e Poço Verde. Um dos pontos fortes da produção sergipana de suínos é a confiabilidade na procedência do rebanho. Sergipe recebeu e mantém da Organização Mundial de Sanidade Animal (OIE) a certificação internacional como área livre da Peste Suína Clássica (PSC). Já os galináceos são cerca de 11 milhões de aves comerciais, mais 600 mil aves de subsistência, ou seja, aquelas que não são para consumo próprio do agricultor familiar.
JC – Onde está concentrado o rebanho? Todo nosso rebanho é de corte? ZS – Então, podemos dizer que, no contexto territorial, o Alto Sertão, o Agreste Central, o Centro-Sul Sergipano concentraram 73% do rebanho bovino de Sergipe. Grande parte do gado é, realmente, para corte, e temos quatro frigoríficos com certificação e inspeção estadual para atender a demanda de carne local. Do total de 1,2 milhão do rebanho bovino, cerca de 700 mil são fêmeas em condições de lactação, numa demonstração da força também do gado leiteiro estadual.
JC – A produção de leite é expressiva? ZS- Veja, é importante dizer que, embora a participação do estado seja modesta em termos de vacas ordenhadas, produção e valor da produção de leite, a produtividade média de leite por vaca/ano é superior 5,81 % em relação à média do Brasil e 64,42 % em relação à média do Nordeste. Nossa produtividade é maior que a média brasileira com 2.336 litros/vaca/ ano, ao mesmo tempo que a média brasileira é de 1.343 litros/vaca/ano. A produção anual de leite em 2023 foi de 435.577 milhões de litros. Outro destaque são as agroindústrias de leite. A aquisição e industrialização de leite em Sergipe chegou a 112 milhões de litros, no primeiro trimestre de 2023, posicionando Sergipe no 10º lugar no ranking nacional em relação à aquisição e industrialização de leite cru e como o 2º estado do Nordeste. Esse cenário positivo não vem do acaso, além do esforço dos criadores em investir em tecnologia, a melhoria do rebanho tem contato com incentivos do governo, com o projeto de inseminação artificial e todo trabalho de controle da sanidade do rebanho.
JC – Quantas mil galinhas de granja temos anualmente em SE? As poedeiras geram quantos ovos? ZS – Como falei anteriormente, são 11 milhões de aves produzidas anualmente em Sergipe. A criação de galinhas em sistema intensivo (granja) é destaque, sobretudo, em São Cristóvão e Areia Branca, que juntos correspondem a mais de 50% do efetivo. Um dado interessante publicado pelo Banco do Nordeste, agora em 2024, coloca Sergipe como a maior produção de ovos em todos os estados da região Nordeste. A produção no estado subiu de 7,3 milhões para 8,1 milhões de dúzias de ovos, um aumento de 11,45%. Sergipe também registra o maior crescimento em relação ao número de alojamentos (galinhas poedeiras) em todo o país: são mais de 1,3 milhão de aves alojadas no segundo trimestre, que totalizam uma ampliação de 14,38%. É possível que este crescimento tenha relação com a alta produção de milho, que é um dos principais insumos para a avicultura.
JC – O campo emprega quantas pessoas em SE? Sabe o salário médio desses trabalhadores? ZS – De acordo com dados do IBGE são 231mil o número de pessoas ocupadas no setor agropecuário, totalizando 11 no acumulado de 2023. O Caged não trabalha com rendimento, mas os dados da Relação Anual de Informações Sociais – RAIS 2021 dão conta de que o rendimento médio do trabalhador rural é de R$ 1.581,83.
JC – O Sertão de SE é produtivo!? Produz o quê? ZS – Pode ser surpreendente para muitos, mas nosso Sertão é bastante produtivo. Como falei anteriormente, é lá que se concentra a produção de leite de vaca, ou seja, a bacia leiteira do estado, respondendo por 64% de toda a produção estadual e também do beneficiamento, pois é nessa região que se concentram as principais agroindústrias de leite. É no Sertão que se encontram os municípios maiores produtores de suínos. No Alto Sertão temos grandes áreas de produção de milho em grão e de forragem. Além disso, é onde está localizado um dos maiores perímetros públicos irrigados, o Califórnia. São 1.360 hectares irrigados e 373 lotes agrícolas onde se planta quiabo, milho e feijão-de-corda e tem um grande destaque para a fruticultura e outras produções como acerola, goiaba, aipim, abóbora e hortaliças. Lá foram produzidos 29.706t de alimentos em 2023, totalizando 45 milhões em valor de produção, destinada ao abastecimento local, a feiras e supermercados de Aracaju e Itabaiana, e que também chega à Bahia e a Alagoas. O Sertão sergipano é verdadeiramente um grande exemplo de resiliência e desenvolvimento de uma região, mesmo com as dificuldades climáticas.
JC – Os nossos perímetros irrigados são quantos? Ficam em quais municípios? Produzem o quê? ZS – Atualmente, o governo do estado mantém seis perímetros irrigados públicos: Califórnia, em Canindé de São Francisco; Jabiberi, em Tobias Barreto; Jacarecica I, em Itabaiana; Jacarecica II, entre Malhador, Itabaiana e Riachuelo; Piauí, em Lagarto; e Poção da Ribeira, entre Areia Branca e Itabaiana. A gestão é executada por meio da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri). Os perímetros são grande fonte de produção de alimentos para a população e riqueza para os produtores. São hortaliças, raízes, frutas, enfim, uma diversidade de alimentos que chegam à mesa da população.
JC – É significativo o valor de produção? ZS – Para se ter ideia do valor de produção, em cinco dos perímetros irrigados com vocação agrícola, foi registrado um quantitativo de 110.155 toneladas de alimentos produzidos em 2023, que ocuparam a área plantada de 4.971,55 hectares e tiveram um valor de produção estimado em R$ 205.167.139,88. No perímetro Jabiberi, com vocação à pecuária, foram produzidos 2.295.500 litros de leite, o equivalente a R$ 5.096.010,00.
JC- Vale a pena investir na agricultura e na pecuária de Sergipe? Há tendência de crescimento? ZS – Os números que mostramos aqui em termos de produção, de geração de riqueza e desenvolvimento de nossas regiões não deixam dúvidas da importância da agricultura e da pecuária para a segurança alimentar e para o desenvolvimento econômico do estado, a exemplo do suco e derivados da laranja que impactam diretamente na balança comercial. Sim, a tendência é de crescimento. O governo do estado, reconhecendo a importância do setor está investindo R$ 400 milhões em três grandes ações: a construção da Adutora do Leite; implementação da Citricultura Sustentável; e a implantação do Projeto “Sertão Vivo”, esse último com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida) para a região do Semiárido. Além das dezenas de ações permanentes feitas por meio da Coderse e da Emdagro, voltadas para a segurança hídrica, defesa animal e vegetal, regularização fundiária, pesquisa e assistência técnica aos produtores.
JC – É um leque de oportunidades? ZS – Sim, de forma resumida dentro desse contexto de oportunidades que apontam para o crescimento do setor, nós temos em Sergipe produtores que têm visão de futuro e investem em tecnologia e no profissionalismo. Nós temos um governo que acredita e fomenta a agropecuária, temos agentes financeiros investindo bastante para fortalecer o setor e um mercado consumidor bastante favorável e crescente. Somado a todo esse leque de oportunidades, não podemos deixar de acreditar que o agronegócio – mesmo o pequeno, o da subsistência – seja parte importantíssima nas vidas brasileiras e sergipanas garantindo a segurança alimentar, aliás 77% das 93 mil propriedades rurais sergipanas são consideradas como agricultura familiar. Já citei no início da entrevista o grande sucesso da feira agropecuária Sealba Show, como exemplo do crescimento do setor. Outra demonstração do crescimento são os vários produtores que estão chegando a Sergipe para investir, por exemplo em fábrica de ração, áreas produtoras de milho, laranja e beneficiamento do arroz. Costumo dizer que onde há crédito, há tendência de crescimento, daí a grande contribuição dos agentes financeiros que fomentam este setor produtivo. Só por meio do Banese mais Agro foram investidos R$ 200 milhões para a agropecuária, na safra atual.
Reunião teve como objetivo buscar mais eficiência nas ações entre os dois estados
Com o propósito de discutir as funcionalidades da área e de promover um intercâmbio de experiências, representantes ligados à defesa animal de Sergipe e da Bahia se reuniram na última sexta-feira, 23. O objetivo principal do encontro foi buscar uma dinâmica mais eficiente nas ações de defesa animal nos dois estados, com potencial de impacto também em outros locais do Nordeste. Durante a reunião, foram identificados pontos-chaves que interferem na evolução dessas ações, visando aprimorar sua eficiência. Em nome do Governo de Sergipe, estiveram presentes gestores da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário (Emdagro).
Representando a Emdagro, compareceram o presidente Gilson dos Anjos, a diretora de Defesa Animal e Vegetal, Aparecida Andrade, e o coordenador de Defesa Animal, Emerson Sales. O presidente da Agência de Defesa da Bahia (Adab), Paulo Sérgio, e o diretor da entidade, Carlos Augusto, representaram a Bahia. Os dois estados mantêm um termo de parceria.
Os representantes baianos compartilharam sua experiência recente na gestão dos programas de defesa animal, destacando os desafios enfrentados e as estratégias adotadas para tornar as ações mais eficientes em 2024. Por sua vez, os sergipanos também contribuíram, compartilhando suas práticas e pontos de vista sobre o tema.
Um dos pontos levantados pelos representantes de Sergipe foi a necessidade de diálogo com o Ministério da Agricultura para tratar de questões que impactam diretamente as ações desse órgão nos estados. Esse diálogo visa otimizar os processos e garantir uma melhor integração entre as esferas estadual e federal no que diz respeito à defesa animal.
Como encaminhamento da reunião, ficou acordada a marcação de um encontro com o Secretário Nacional de Defesa, Carlos Goulart, em Brasília, no próximo dia 14 de março. Esse encontro será uma oportunidade para ampliar a discussão sobre as necessidades e desafios enfrentados na área de defesa animal, buscando soluções conjuntas e alinhadas com as políticas nacionais.
A diretora de Defesa Animal e Vegetal da Emdagro ressaltou a importância do diálogo e da cooperação entre os estados para enfrentar os desafios comuns na área de defesa animal. “É fundamental que trabalhemos em conjunto, compartilhando experiências e buscando soluções inovadoras para garantir a saúde e o bem-estar dos animais e a segurança alimentar da população”, afirmou Aparecida Andrade.
“Essa reunião representa um passo significativo na busca por uma gestão mais eficiente e integrada da defesa animal, demonstrando o compromisso dos estados em enfrentar os desafios e promover o desenvolvimento sustentável do setor agropecuário na região Nordeste”, comentou o presidente da Emdagro.
Órgãos do governo se colocam à disposição para somar competências na regularização de viveiros e fiscalização ambiental para proteção aos manguezais
Visando à regularização da atividade de carcinicultura em Sergipe, representantes da Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema) e da Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e Pesca (Seagri) estiveram no Ministério Público Federal (MPF) nesta sexta-feira, 23, para mais uma reunião de alinhamento institucional.
Em razão do aumento da quantidade de viveiros identificados e da preocupação com os impactos ao meio ambiente, os órgãos do Governo de Sergipe se colocaram à disposição do MPF no sentido de unir competências para solucionar impasses, considerando a sua importância social e econômica para o estado.
A ideia é realizar uma mobilização conjunta para buscar a regularização dos viveiros que estejam atuando sem licença, desde que não estejam incorrendo em crime ambiental, e intensificar a fiscalização para encerrar aqueles que estiverem instalados em áreas de preservação permanente, desmatando manguezais ou realizando atividades poluidoras.
O tema foi discutido anteriormente, em reunião realizada entre Seagri, Adema, Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) e Associação dos Carcinicultores de Sergipe, na presença de um representante do Legislativo estadual.
“Entendemos a relevância da atividade de carcinicultura, mas ela precisa ser feita em obediência à legislação ambiental. Não podemos criminalizar todos os carcinicultores, porque muitos atuam dentro da legalidade. Temos nos reunido com diversos órgãos no sentido de buscar parcerias para fortalecer essa fiscalização e, em março, iremos reunir consultores ambientais atuantes nas áreas de carcinicultura para que reforcem, junto aos criadores, orientações para a obediência da legislação ambiental”, afirmou o presidente da Adema, George Trindade.
De acordo com a procuradora federal titular do 5º Ofício Ambiental, Gisele Bleggi, a preocupação do Ministério Público é, sobretudo, com as áreas em que a legislação proíbe expressamente qualquer tipo de atividade ou intervenção antrópica. “É nessas áreas que realmente precisamos agir. São elas que necessitam de uma intervenção, de maior rigor. O dano ambiental é imprescritível”, destacou.
Segundo o secretário de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca, Zeca da Silva, a Seagri tem grande interesse na regularização dos viveiros. “Sabemos que há pessoas que desvirtuam, mas a gente não pode deixar que quem anda correto pague por quem faz o errado. Por isso, viemos nos colocar à disposição do MPF, para nos somarmos nessa missão, mostrando toda boa vontade tanto da parte do órgão ambiental quanto da nossa, que somos os incentivadores da produção, que estamos sempre com nossos técnicos dando orientações em campo, ensinando as boas práticas também em relação ao meio ambiente”, concluiu o secretário.
Também participou da reunião a superintendente da Seagri, Ana Patrícia Guimarães.
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Última atualização:
26 de fevereiro de 2024 09:36.