Governo planeja rota de Turismo Rural Sustentável no Baixo São Francisco

Através dela, será possível conhecer a região através de excursão por quatro comunidades beneficiadas pelo Projeto Dom Távora, beneficiando 222 famílias

Nesta segunda-feira, 17, as secretarias de Estado da Agricultura (Seagri) e do Turismo (Setur) iniciaram tratativas relativas à criação da Rede de Turismo Rural Sustentável do Baixo São Francisco, que será composta por uma rota turística para fomentar o desenvolvimento sustentável e oferecer experiências conectadas entre diversos locais aos visitantes. Através dela, será possível conhecer a região através de excursão por quatro comunidades beneficiadas pelo Projeto Dom Távora, beneficiando 222 famílias.

A consultora técnica em negócios rurais do Baixo São Francisco para o projeto Dom Távora, Ericka Carneiro, disse que a rota foi pensada para explorar o Rio São Francisco e fortalecer as comunidades produtivas ao seu redor. “A ideia é criar um canal de comercialização e vivência de experiências entre as comunidades Bongue (Ilha das Flores), São Pedro (Ilha das Flores), Brejão dos Negros (Brejo Grande) e Resina (Brejo Grande). São comunidades tradicionais de quilombolas, pescadores, artesãos – em sua maioria, jovens e mulheres -, que já desenvolvem turismo ecológico e histórico nas comunidades”, disse Ericka.

No projeto inicial, a excursão pela “Rota Turismo Sustentável” dura menos de um dia e o itinerário prevê a visitação a quatro comunidades do Baixo São Francisco, com passagem pelo Restaurante & Centro de Resgate da Cultura do Baixo São Francisco (em Bongue), passeio pelo Barco de Turismo (em São Pedro), visitação à trilha, ao centro comunitário e ao empório de produtos locais (em Brejão dos Negros), e, ainda, a participação em oficinas de pesca (em Resina).

O secretário de Turismo, Manelito Franco Neto, falou sobre a intenção de somar forças ao projeto para possibilitar a criação da rota turística. “O projeto Dom Távora fortaleceu ainda mais a base para o turismo rural. A região do Baixo São Francisco é rica em cultura, pesca, agricultura, artesanato. São locais lindos e que têm um potencial turístico muito grande”, afirmou Manelito.

Para o secretário André Bomfim (Agricultura), a parceria fortalecerá os planos de negócio do projeto Dom Távora. “Saímos daqui com encaminhamentos. Vamos agora fazer a aproximação dos técnicos das secretarias de Turismo e da Agricultura com as comunidades. Em breve, marcaremos uma reunião com os prefeitos dos municípios que fazem parte da região do Baixo São Francisco para envolvê-los sobre a importância de criação desta rota turística entre os projetos do Dom Távora daquela localidade, o que ajudará a economia dos municípios”, destacou André.

O próximo passo da parceria, de acordo com a diretora de Turismo da Setur, Lara Brunelle, será ir às localidades. “Após isso, poderemos então fazer o cadastramento das ações junto ao Ministério do Turismo através da Setur, que se une à iniciativa para que caminhemos juntos e consolidemos ainda mais o projeto Dom Távora”, contou.

Dom Távora
O Projeto Dom Távora é desenvolvido pelo governo de Sergipe, em parceria com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola – FIDA, e tem o objetivo de contribuir para a remissão da pobreza rural, através de apoio aos pequenos produtores para desenvolvimento de negócios agropecuários e não agropecuários, que contribuam para a segurança alimentar e permitam a inclusão pelo trabalho e pela renda de maneira sustentável. Executado pela Seagri, o projeto Dom Távora atende a 15 municípios nos territórios: Centro Sul [Tobias Barreto, Poço Verde e Simão Dias]; Agreste Central e Médio Sertão [Pinhão, Nossa Senhora Aparecida, Carira, Graccho Cardoso e Aquidabã]; e Baixo São Francisco [Japoatã, Santana do São Francisco, Ilha das Flores, Pacatuba, Brejo Grande, Neópolis e Canhoba].

Governo planeja aplicativo com informações climáticas para auxiliar produtores rurais

Os produtores rurais de Sergipe vão ganhar um importante aliado para o desenvolvimento dos seus trabalhos.

A secretaria de Estado da Agricultura (Seagri) e a Superintendência Especial de Recursos Hídricos e do Meio Ambiente (SERHMA) estão discutindo a criação de um aplicativo que possa fornecer, ao agricultor e pecuarista, informações em tempo real relativas, por exemplo, à previsão meteorológica, que ajudarão no planejamento da produção. Em reunião realizada nesta sexta-feira (14), as duas pastas discutiram termos de uma futura cooperação.

De acordo com o secretário de Estado da Agricultura, André Bomfim, o uso da tecnologia tem sido cada vez mais importante no setor agropecuário. “A previsão meteorológica interfere diretamente no planejamento de ações que precisam tomar por base a melhor época de plantio, de adubação, etc; e ações de defesa sanitária e vegetal da agricultura. Por este motivo, procuramos a SERHMA para estreitar parceria, no sentido de tentar, cada vez mais, auxiliar as atividades da agricultura de precisão no nosso estado”, disse.

O superintendente de Recursos Hídricos, Ailton Rocha, informou que o Estado dispõe de três valiosas ferramentas no planejamento da produção agropecuária sergipana. “A Sala de Situação não trabalha apenas com o monitoramento do tempo e clima, mas também, com a previsão do que poderá ocorrer para o trimestre seguinte, além de fazer o registro do que aconteceu por meio do monitor de seca – ou seja, são três ferramentas importantes para o setor agropecuário”, explicou.

Ao final da reunião ficou estabelecido que, na próxima semana, a proposta apresentada será levada ao Ministério da Agricultura, com o objetivo de pleitear a liberação de recursos para a aquisição de equipamentos que auxiliarão o planejamento do setor agrícola no estado.

Produtores rurais de Simão Dias recebem títulos de propriedade fundiária do Governo de Sergipe

A Regularização Fundiária é desenvolvida pelo Governo do Estado, através da Emdagro, e consiste no cadastro, georreferenciamento, expedição e entrega de títulos de propriedades para os agricultores familiares.

A noite desta terça-feira, 11, foi de alegria para produtores e produtoras rurais de Simão Dias com a entrega de 380 títulos de propriedade e regularização fundiária. A concessão dos documentos foi realizada pelo Governo do Estado de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Com investimento de mais de R$ 2 milhões, os títulos fundiários representam a regularização das terras estaduais ocupadas de forma mansa e pacífica por agricultores e agricultoras familiares. “Os títulos são frutos de convênio firmado entre o Incra, a Seagri e a Emdagro. São recursos de origem federal com contrapartida do Governo do Estado. Os títulos possibilitarão uma segurança jurídica aos agricultores, por serem proprietários do terreno. Além disso, a regularização também fará com que eles possam acessar créditos agrícolas, pois essa garantia é uma exigência dos bancos”, disse o secretário da Seagri, André Luiz Bonfim.

O agricultor Hermenegildo Modesto de Sousa mora há 50 anos em sua propriedade, localizada no povoado Jaqueira. Para ele, o documento de regularização fundiária é a realização de um sonho. “Espero há muito tempo por essa escritura, representa muita coisa. Vou poder fazer empréstimo, vai ser muito bom. Tem 50 anos que ajudei a construir essa propriedade. Agora vou trabalhar ainda mais e criar gado. Só tenho a agradecer ao governador que nos ajudou muito”, disse o produtor rural.

Regularização Fundiária

A Regularização Fundiária é desenvolvida pelo Governo do Estado, através da Emdagro, e consiste no cadastro, georreferenciamento, expedição e entrega de títulos de propriedades para os agricultores familiares, dando-se prioridade para a regularização gratuita de áreas de acordo com a Lei de Terras de Sergipe (Lei 8.496/2018).

Ao todo no estado, 70.428 imóveis rurais foram demarcados pela Emdagro em 32 municípios sergipanos, e 19.104 títulos foram entregues a agricultores familiares de 20 municípios nos últimos anos. De 2007 até hoje, foram investidos mais de R$ 11 milhões na Regularização Fundiária em Sergipe, através de convênios entre Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA)/Incra/Seagri/Emdagro.

Entrega dos títulos

A entrega dos títulos fundiários aconteceu em cerimônia realizada no Ginásio de Esportes de Simão Dias. No mesmo dia, o Governo do Estado também realizou a assinatura de autorização de Licitação para reforma do Ginásio de Esportes de Simão Dias; assinatura de Ordem de Serviço para construção de Ponte do Rio Jacaré; assinatura de Convênio para construção do novo Lar São Francisco de Assis; inauguração da pavimentação em paralelepípedo da Rua Manoel Messias Alves e do acesso ao Povoado Água Branca; inauguração da pavimentação em paralelepípedo de ruas e da ampliação do Sistema de Abastecimento de Água do Bairro Areal; e inauguração da duplicação da Avenida João Antônio de Santana.

Fórum da Agricultura Sergipana é instalado com palestra sobre possibilidades de investimentos internacionais

O Fórum é formado por mais 33 instituições que lidam diretamente com a agropecuária e pesca sergipana, com representação dos produtores, do setor público estadual e federal, e associações de classe empresariais e profissionais

O Fórum Permanente da Agricultura Sergipana foi oficialmente instalado esta semana, com palestra do cônsul da Finlândia e presidente do Conselho Consultivo do Fundo Comum de Commodities (CFC) da Organização das Nações Unidas (ONU), Wilson Andrade, sobre as possibilidades de investimentos internacionais para o agronegócio. Coordenado pela secretaria de Estado da Agricultura do Desenvolvimento Agrário e da Pesca (SEAGRI) o Fórum é formado por mais 33 instituições que lidam diretamente com a agropecuária e pesca sergipana, com representação dos produtores, do setor público estadual e federal, e associações de classe empresariais e profissionais.

A solenidade foi presidida pelo secretário de Estado da Agricultura, André Bomfim, que fez a saudação de abertura do encontro, destacando os seus objetivos. “Para a Seagri, é uma honra receber esta grande representação do setor produtivo, e das demais instituições estaduais e federais que apoiam as atividades no campo. Fica, portanto, neste ato, instalado oficialmente o ‘Fórum Permanente da Agricultura Sergipana’, que tem como objetivo integrar esforços dos segmentos oficiais e privados que compõem as cadeias produtivas, e somar esforços para a promoção do desenvolvimento do setor agropecuário e da pesca sergipana”, disse o secretário.

O presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Sergipe (Faese), Ivan Sobral, disse que a criação do Fórum atende a uma demanda do setor produtivo. “Entregamos ao governador um trabalho elaborado por técnicos da casa, juntamente com produtores rurais de diversas regiões do estado, no qual constavam propostas para o agro sergipano, dentre as quais estava a criação do Fórum. Então, sem dúvidas, é muito importante para o estado ter esse ambiente de discussão. Torcermos que apareçam vários resultados positivos”, pontuou.

A parceria com instituições de ensino superior, segundo o representante do departamento de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Sergipe, Veronaldo Souza de Oliveira, tende a colaborar com os debates que envolvem o setor. “Penso que a UFS, com seis cursos da área de ciências agrárias, pode contribuir com a discussão das políticas públicas. Achei de suma importância trazer os órgãos, cada um na sua competência, para juntos discutirmos as problemáticas e trazer soluções para a agricultura e pecuária do estado”, afirmou.

Possibilidade de investimentos

O presidente do Conselho Consultivo de Commodities da ONU, Wilson Andrade, destacou as possibilidades de investimentos. “Faz um ano e meio que estamos à frente deste conselho internacional e temos trazido parte dos recursos para projetos na Bahia. Queremos que Sergipe, como todo o Brasil, seja aquinhoado com essa possibilidade. Só este fundo, além dos mais de cem no mundo inteiro, dispõe de 40 a 50 milhões de dólares todos os anos com juros subsidiados. Alguns recursos, em menor porte, não reembolsáveis podem ajudar na implantação de projetos e na melhoria dos processos dos nossos produtos agroindustriais”, relatou.

Wilson também destacou que o fundo é uma fonte de investimento que o Brasil está ocupando pouco, ressaltando que a África dispõe de 60% destes recursos. Para ele, é preciso entender que este é o momento de conhecer as possibilidades e investir na captação destes recursos. “Na hora que você tem acesso a um fundo desses, naturalmente desperta o interesse de fundos adicionais, como fundos governamentais, privados – como por exemplo o Fundo dos países produtores de petróleo (OPEP), que disponibilizam 300 milhões de dólares por ano para investimento em commodities – que podem ajudar a alcançar os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU. Como digo sempre, o Brasil é referência para o mundo na área de proteção ambiental. Nós fazemos produtos agrícolas com qualidade e competitividade de preço. Temos, sem dúvidas, condições de melhorar ainda mais essa área”, acrescentou o presidente do CFC.

Como acessar os recursos

Para ter acesso aos investimentos, são abertos dois editais por ano. “Um edital é aberto em março e vai até o final de abril ou outro sai em maio e vai até agosto. Qualquer pessoa ou instituição pode ter acesso por meio do site http://www.common-fund.org/. Lá, basta procurar informações em chamada de projetos do Fundo Comum. Depois de dar entrada, as propostas passam pela área técnica de análise, para conferir documentação e, em seguida, vão para o Conselho do qual eu participo para avaliação final”, detalhou Wilson Andrade. O economista Fábio Teixeira, que veio com ele, relatou para o fórum muitas outras instituições internacionais de financiamentos para o setor público, privado e não governamental.

Na avaliação do secretário da agricultura, André Bomfim, o evento foi além do esperando. “O encontro superou as expectativas da Secretaria da Agricultura, com vários representantes de órgãos como Emdagro da Cohidro, órgão federais como Ministério da Agricultura, Embrapa, a Federação da Agricultura, o CREA, a AEASE, UFS e a participação do presidente do Fundo de Commodities da ONU, que abrilhantou a abertura falando sobre as alternativas de captação de recursos internacionais. Já saímos com encaminhamento de próximas reuniões sob a coordenação da Seagri, mas de forma itinerante, para conhecer as várias instituições que compõem o colegiado, sendo a próxima a ser realizada no prazo de 30 dias, quando discutiremos o regimento interno”, finalizou.

Missão FIDA avalia positivamente evolução do Projeto Dom Távora em Sergipe

Projeto tem prazo de execução estendido e ampliará número de famílias sergipanas atendidas

Em reunião na Secretaria de Estado da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) concluiu sua missão de supervisão de dez dias em Sergipe. Foram definidos os últimos ajustes do documento emitido e assinado pelo Fida e pela Seagri, resumindo as conclusões da visita, que tem caráter avaliativo sobre o Projeto de Negócios Rurais para Pequenos Produtores – Projeto Dom Távora, cofinanciado pela entidade e executado pelo governo de Sergipe. Um dos destaques foi a extensão do prazo de execução do projeto por mais 18 meses, permitindo a aplicação de mais R$ 4 milhões em benefício de aproximadamente mil famílias, através de 20 planos de negócios (PNs). 

Atualmente, o Dom Távora executa 132 planos de negócios, nos quais R$ 17,6 milhões foram investidos – equivalendo a 56% dos R$ 31,6 milhões totais dispóníveis para os projetos. Além de aumentar o prazo para a conclusão dos PNs em andamento, a prorrogação vai ampliar a quantidade de planos executados no estado. É o que explica o coordenador geral do programa em Sergipe, Gismário Nobre. 

“Nós temos uma relação de 20 projetos que já foram aprovados, mas faltou a contratação deles dentro do prazo inicial, até setembro. Estamos com mais ou menos 80% de execução e faremos a contratação desta outra parte com o restante de recursos. São novos projetos, mas da mesma leva dos demais que foram aprovados via edital. Existia esta meta de atender 6.200 famílias, nós estamos hoje em 5.600 e vamos, nesses cerca de 20 projetos, atender de 800 a 1.000 famílias, que serão contempladas com esses R$ 4 milhões disponíveis”, detalhou.

O secretário de Estado da Agricultura, André Bomfim, explicou que o Dom Távora tem transformado a realidade das famílias atendidas nos PNs, com investimentos na produção e beneficiamento da safra rural, negócios familiares e cursos que promovam a geração de renda no campo. “Além das 5.600 famílias já beneficiadas pelo componente I do programa, que são os PNs, o Dom Távora alcançou um total de mais de 9 mil famílias beneficiadas. No componente II. Até agora, foram realizadas capacitações temáticas para 2.000 famílias em Gestão de Negócios Rurais e quase o mesmo número em oficinas produtivas. Cerca de 400 pessoas também participaram de visitas, intercâmbios e viagens comerciais”, listou o gestor. 

Ainda segundo Bomfim, o Estado entra no projeto com a contrapartida de US$ 12,3 milhões, do valor global de US$ 28 milhões investidos. A meta é, ao final, ter beneficiado 12 mil famílias de pequenos produtores rurais de 15 municípios do Agreste Central, Centro Sul, Baixo São Francisco e Médio Sertão Sergipano; com o financiamento de planos de negócios, capacitações e assistência técnica rural. 

Avaliação

Segundo o oficial do programa para a Divisão da América Latina e Caribe, Leonardo Bichara, foi identificada, nas duas missões realizadas em 2019, melhora no ritmo de execução do projeto. “Muitos avanços ocorreram, principalmente nos últimos 12 meses. Vários PNs já estão em fase avançada de implementação. Vimos que 27 dos 132 já estão em fase de conclusão, ou seja, é uma situação bem melhor do que a gente tinha há um ou 2 anos, em que os planos estavam todos no início”, detalhou. 

Leonardo Bichara chefiou missão do Fida em Sergipe, na qual também estiveram Richard Abila (especialista em Aquicultura e Pesca Artesanal); Emmanuel Bayle (coordenador técnico da missão e Especialista em Desenvolvimento Rural); Danilo Pisani (especialista em Gestão Financeira); Lucianna Matte (especialista em Aquisições e Contratações); Rodrigo Dias (especialista em Planejamento, Monitoramento e Avaliação); Thiago Silva (especialista Ambiental); e Ana Luiza Santos (especialista em Gestão do Conhecimento).


|Fotos: Vanessa Passos

DOM TÁVORA | FIDA visita e avalia projeto de criação de caprinos e ovinos em Carira

Ainda durante a missão do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) em Sergipe, pequenos produtores de ovelhas e cabras beneficiados pelo Projeto Dom Távora foram visitados pela equipe, em Carira

Os produtores fazem parte da Associação Comunitária do Povoado Lagoa do Meio, que corresponde a um dos 133 planos financiados pelo Dom Távora. Com a missão de contribuir para a diminuição da pobreza no campo, o projeto beneficia 15 municípios do estado por meio de apoio financeiro do FIDA e suporte técnico do governo de Sergipe para desenvolvimento de negócios rurais em diversas áreas, como agricultura, criação de animais, artesanato e turismo rural.

O oficial de programas do FIDA para o Brasil, Leonardo Bichara, explica que o FIDA é uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU) que direciona recursos para o alivio da pobreza no campo. “O Dom Távora é um dos nossos oito projetos no Nordeste. Aqui em Sergipe, temos recursos na ordem de 40 milhões de dólares, dos quais cerca de $ 15 milhões vêm do FIDA, cerca de $ 12 milhões do governo do Estado e o restante dos próprios beneficiários. A essência do FIDA é investir na capacitação dos agricultores, ou seja, não somente disponibilizar o recurso para a produção, mas especialmente realizar o acompanhamento por meio de assessoria técnica”, revela. 

Ainda segundo ele, o projeto está em fase final e tem previsão de conclusão no segundo semestre. “O plano de negócio do Dom Távora é bem sucedido, os produtores estão bem capacitados, temos uma forte assessoria técnica aqui, através da Seagri e Emdagro. Estamos satisfeitos”, avalia Leonardo Bichara.

A produtora rural Josineide Augusta de Lima começou a criar ovelhas há um ano, após a chegada do projeto Dom Távora na Associação. “Eu achei o projeto muito bom. Comecei com seis ovelhas e, com novas crias, fiquei com 16. Dessas, vendi quatro filhas e agora estou com 12 ovelhas que gerarão outras mais. Graças a Deus estão nascendo muitas. É só alegria”. Para o beneficiário Jorge Almeida Costa, a perspectiva também é de crescimento. “Esse investimento nos ajudou a gerar renda, através da estruturação do espaço, criação, nascimento e venda desses novos animais. O projeto ajudou a melhorar a renda da gente e a desenvolver o nosso povoado. Estou com 10 animais, e três vão parir futuramente, com isso vamos render cada vez mais”, disse Jorge.

Desenvolvimento local

De acordo com o presidente da Associação Comunitária Povoado Lagoa do Meio, Paulo Almeida Costa, a evolução da comunidade local foi um dos frutos desse investimento. “O povoado Lagoa do Meio era o mais pobre do município de Carira. Hoje, já não é mais. Com esse crescimento, todo mundo está caminhando quase com suas próprias pernas. A associação não tinha como tomar um empréstimo no banco e, através dessa parceria entre o FIDA e o governo, os moradores daqui puderam ter uma criação de animais, fazer capristos e cercamentos, plantar e adquirir as rações. Em troca, eles se comprometem a criar as ovelhas e cabras e ir vendendo os filhotes para geração de renda. A associação contribui orientando e buscando projetos. A perspectiva é de crescimento, em parceria com órgãos do poder público. Estamos satisfeitos com o governo, por financiar projetos para que a gente possa crescer”, disse o presidente da Associação.

Ainda segundo ele, a associação conta com 30 associados, dentre os quais há 22 mulheres produtoras. “O Projeto exige que, no mínimo, 30% dos beneficiários sejam mulheres e jovens rurais. Junto à comunidade, realizamos capacitações e oficinas com o objetivo maior de fortalecer as próprias associações comunitárias, para que eles possam aplicar aqui o conhecimento adquirido. Existem também os intercâmbios, que ocorrem quando os agricultores se deslocam para observar experiências similares em outras localidades dentro e fora do estado. A ideia é que eles adquiram conhecimentos para aplicar na própria comunidade”, detalhou a consultora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para o projeto Dom Távora, Amarize Soares Cavalcante.

Capacitações e intercâmbios

O representante jovem da Associação, Paulo Mateus Costa, conta que as capacitações o estimularam a iniciar o curso de graduação em Engenharia Agronômica. “Participei de todas as capacitações disponibilizadas pelo Projeto Dom Távora e hoje posso ensinar para quem não sabe. Fui para Alagoas para uma capacitação sobre inseminação artificial para caprinos e ovinos; fui para um curso de castração, manejo e melhoramento genético de rebanho na Paraíba; fui para outro sobre manejo, vacina e qualidade da alimentação em Pernambuco. O que os produtores precisam, ligam para mim e eu vou até a casa deles tentar ajudar. O projeto me fez querer aprender cada vez mais, e hoje estou cursando a faculdade de Engenharia Agronômica na Faculdade Nordeste da Bahia”, conta o jovem.

O técnico agrícola da Emdagro e coordenador da Unidade Local de Gestão do Projeto (ULGP), José Ananias Rezende Silva, afirma que as ações da assessoria técnica que são realizadas dentro do projeto dão novas perspectivas para os produtores da região. “Além das capacitações sobre gestão de negócios rurais, tratamento dos animais, manejo, vacinação, entre outros conhecimentos, fazemos visitas diárias, com a ida dos técnicos até a criação dos produtores, para acompanhar o que está sendo feito e ver se os animais estão bem. Junto à comunidade, estamos com a perspectiva de criar uma cooperativa para que possamos buscar novas formas de mercado que auxiliem a geração de renda dos produtores”, conta o técnico.

|Fotos: Vanessa Passos

CITRICULTURA EM FOCO| Municípios debatem soluções para o setor produtivo

Sergipe é o 5º maior produtor de laranja do Brasil. Cerca de 40 mil pessoas sobrevivem da citricultura em Sergipe. Suco concentrado de laranja e derivados são 65,4% da exportação de Sergipe.

Reunidos em Umbaúba, no I Seminário Estadual Sobre Citricultura, representantes dos 14 municípios do polo citrícola sergipano (Arauá, Boquim, Cristinápolis, Estância, Indiaroba, Itabaianinha, Itaporanga, Lagarto, Pedrinhas, Riachão do Dantas, Salgado, Santa Luzia do Itanhy, Tomar do Geru e Umbaúba) discutiram soluções para questões que afetam o cultivo, como pragas, necessidade de revitalização dos pomares e propostas de crédito. Participaram agentes públicos das prefeituras municipais, pequenos e médios produtores, empresas de assistência técnica e pesquisa, e agentes financeiros.

Conforme o cenário atual da citricultura em Sergipe apresentado pelos expositores, apesar da queda na produção desde o final da década de 1990, a laranja continua sendo um dos principais cultivos agrícolas do estado, respondendo por 3,0% do nosso Produto Interno Bruto (PIB). O suco concentrado de laranja e derivados constituem os principais produtos de exportação (65,4%) de Sergipe, que se destaca como quinto maior produtor de laranja do Brasil (depois de SP, MG, PR e BA) e segundo do Nordeste. A importância social do cultivo é significativa. Cerca de 40 mil pessoas sobrevivem da citricultura em Sergipe, em cerca de 11 mil estabelecimentos agropecuários, em sua maioria, de base familiar (81%). 

Um dos sinais de que a citricultura precisa de atenção, contudo, está na queda da produção, que saiu de 822.000 t em 2011 para 421.353 t em 2017. A produtividade, no mesmo período, declinou de 14,5 t por hectare para 11 t/ha. No seminário, o assessor estadual da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário (Emdagro), Walter Ferreira Ramos, fez um balanço histórico do crescimento e declínio do cultivo em Sergipe. Segundo ele, nem o crescimento nem a diminuição da produção estão associados a apenas um fator. 

“No auge da citricultura [décadas de 1980 e 1990], quando Sergipe chegou a ser o segundo produtor nacional de laranja, havia uma combinação de fatores, como assistência técnica, pesquisa, crédito rural e mercado, que contribuíram para o estado ser referência. Hoje, temos um contexto diferente: mercado de preço regulado internacionalmente; novos hábitos alimentares que diversificaram o consumo de frutas e sucos; o surgimento de novas pragas e doenças; e a fragilidade econômica dos produtores rurais”, explica Walter.

O diretor técnico da Emdagro, Esmeraldo Leal, reiterou a importância do seminário e da atuação conjunta para se encontrar caminhos para a citricultura. “O governo está atento e atuante sobre os problemas da citricultura. Só em assistência técnica rural, a Emdagro investiu R$ 40 mil em 2019, atendendo mais de 2.100 produtores nos 14 municípios da região”, destacou Esmeraldo, pontuando ainda outras diversas ações e programas realizados pela Seagri, com parceiros como a Seit, a Conab, e outros. 

Ainda segundo ele, a Emdagro realiza outras ações, como a organização de produtores em associações ou cooperativas; o apoio à comercialização e acesso aos programas da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). “Também realizamos, em parceria com a Secretaria de Inclusão e Trabalho (SEIT), o Programa Mão Amiga, que auxilia financeiramente o catador de laranja, que na entressafra praticamente fica sem trabalho. Na assistência técnica, estimulamos o produtor à diversificação do plantio com outras frutíferas (abacaxi, acerola, banana, cacau, açaí); auxiliamos a produção de material básico de citros (sementes e borbulhas) em ambiente protegido, tornando disponível para os viveiristas. Fazemosm, , ainda, o monitoramento e a fiscalização das fronteiras, para evitar introdução de pragas e doenças nocivas à citricultura”, relacionou Esmeraldo.

A importância da defesa vegetal na citricultura foi o tema abordado pelo representante da Superintendência Federal da Agricultura (SFA) em Sergipe, André Barreto Pereira. A palestra do representante do Governo Federal explicou para os produtores detalhes da legislação que regulamenta a produção e comercialização das mudas dentro de critérios técnicos e com certificação. Ainda segundo ele, a legislação atual não impede que o produtor produza sua própria muda apenas para consumo interno ou faça o plantio direto no solo. “A manutenção de um sistema de produção de mudas cítricas em ambiente protegido (viveiros telados) depende de nova regulamentação”, defendeu André Barreto.

Na avaliação do secretário municipal da Agricultura de Umbaúba, Edgar Cerqueira, foi importante a participação de todos os municípios da região e das instituições. “Organizamos o seminário com os próprios parceiros, que trouxeram suas sugestões para revitalização da nossa citricultura. Contamos com a experiência das instituições sergipanas”. Também o representante da secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), Hugo Carlos Coelho, considerou satisfatório o evento. “Nosso objetivo foi discutir soluções conjuntas para fortalecer este importante setor econômico. Acho que conseguimos o resultado esperado”, analisou.

Pesquisa e combate à mosca negra

O pesquisador Marcelo da Costa Mendonça destacou as contribuições da Emdagro na pesquisa fitossanitária voltada para o controle de pragas e outros danos à citricultura. “Nosso principal problema hoje é a mosca negra. Temos realizado ações de controle e orientação técnica junto aos produtores”, disse o pesquisador, que destacou duas ações em andamento. “Em curto prazo, estamos desenvolvendo um tipo de nanobioinseticida preparada a partir do óleo essencial de laranja, com aplicação no controle de insetos na agricultura. Esse trabalho é realizado em parceria com a UFS e tem o apoio do BNB. Temos também a Unidade de Produção de Inimigos Naturais (UPIN), já com 600 m² de área construída, onde se investiu R$ 1.431.655,19, que está em andamento, sob a execução do SergipeTec”, explicou Marcelo.

Segundo diagnóstico feito pelo pesquisador Hélio Wilson de Carvalho, da Embrapa Tabuleiros Costeiros, nos pomares sergipanos, com poucas exceções, predomina o uso da combinação laranjeira pera e limoeiro cravo. “Cerca de 90% dos pomares sergipanos está fundamentado em apenas uma variedade de enxertia, deixando a lavoura vulnerável a pragas, doenças e outros efeitos que podem levar à perda da safra. É preciso que haja alternativas de lavouras”, argumenta Hélio. Neste sentido, a Embrapa realiza experimentos com foco na avaliação e validação de novas variedades de citros. Segundo ele, é a maior área de copas e porta-enxertos do Brasil com 237 variedades que já começam a ser adotadas por produtores do Sul Sergipano e Nordeste Baiano, como alternativas às opções tradicionais de limão, laranja, tangerina e outros.

“Como a base da citricultura sergipana é de pequeno produtor, ele sugere a organização de sistemas de produção de até 2 hectares, obedecendo as indicações técnicas da Embrapa de porta-enxerto, adubações, densidade e de plantio para tentar reerguer a citricultura, buscando uma produtividade acima de 25 t/ha”, completou o pesquisador da Embrapa. Ele considera que a baixa produtividade atual, de 11 t/ha, significa que o produtor não está usando tecnologia, ficando fora do mercado e reduzindo seu lucro. O chefe-geral da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Marcelo Fernandes, integrou a mesa de abertura, traçou um panorama das pesquisas da Embrapa como foco na citricultura e colocou a instituição à disposição dos agricultores para a realização de dia de campo nas unidades experimentais da Embrapa.

Acesso a mercado e crédito

O seminário contou, ainda, com palestra do representante do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Matheus Felizola, que apresentou alternativas de comercialização para a cultura da laranja. Gerentes do Banco do Estado de Sergipe e do Banco do Nordeste também participaram, e apresentaram linhas de financiamento específicas disponíveis para o setor agrícola. Tanto o gerente de área de crédito do Banese, Bruno Santiago, como o gerente do Banco do Nordeste, Ricardo Luiz Carvalho Osório, destacaram o benefício da Lei Federal 13.340, que tirou muitos produtores do endividamento e abriu novas possibilidades de operações de crédito.

Projeto Dom Távora realiza troca de experiência entre beneficiários e FIDA

Esta semana, beneficiários do Projeto Dom Távora participaram de um encontro com técnicos, consultores, coordenadores e representações do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola – FIDA, que financia o projeto em parceria com o Governo de Sergipe

Realizado no auditório do Núcleo de Apoio ao Trabalho – NAT, o encontro teve como objetivo a troca de experiências sobre os resultados dos investimentos em Negócios Rurais para Pequenos Produtores, com a presença de 80 beneficiários vindos dos três territórios abrangidos pelo projeto: Centro Sul, Agreste Central e Médio Sertão, e território do Baixo São Francisco.

“O Dom Távora não chegou dando um complemento de renda, ele literalmente mudou a história da renda familiar do nosso povoado. Antes não tínhamos fonte de renda e hoje, com o projeto de corte e costura, nós conseguimos atingir grandes valores mensais. Graças ao investimento do Dom Távora, hoje temos mais de 30 máquinas de costura, um salão para o trabalho, com banheiros, almoxarifado, escritório, computador, tudo adquirido através do financiamento. Esse projeto foi fundamental para o nosso desenvolvimento. Só temos a agradecer”, disse Pedro Bispo de Aragão, presidente da Associação do Desenvolvimento Social e Comunitário (Adescom) do Povoado Gavião, no município de Graccho Cardoso.

O coordenador geral do Projeto Dom Távora em Sergipe, Gismário Nobre, afirmou que o contrato de financiamento vai até setembro, mas que há a possibilidade de prorrogação para projetos ainda não finalizados. “Estamos em fase de conclusão, então este é um momento importante de troca de ideias para saber a impressão dos beneficiários. O projeto encerra financeiramente, mas a nossa assistência técnica continua. Ao total, foram 132 projetos participantes do Dom Távora, com recursos no valor de cerca de 20 milhões. Vamos conseguir cumprir 80% dos projetos até setembro. Para os 18 projetos que não conseguiram se concretizar, nós encaminhamos um pedido de prorrogação para o Governo Federal. Se aprovado, os projetos terão essa oportunidade até início de 2021. Os principais problemas estão justamente na região do Baixo São Francisco, pois são projetos mais complexos que dependem de licenciamento ambiental, licitação, entre outras normas legais”, explicou.

De acordo com o oficial de programas do FIDA para o Brasil, Leonardo Bichara, o principal objetivo do projeto é contribuir para a remissão da pobreza rural nas localidades de baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). “A gente percebe que trabalhar com agricultura não é fácil. Poucas agências financiam a agricultura familiar. O FIDA vem com o intuito de agregar e potencializar algo que muitas vezes já existe. Aqui em Sergipe, já temos histórias de sucesso e estamos contentes com o progresso do Dom Távora. Quem faz o projeto são os beneficiários, que transformam o financiamento em bens, produção, maquinário, estrutura. Espero que o FIDA possa vir a financiar novos projetos para Sergipe no futuro. Vamos continuar o nosso diálogo com o governador do Estado, secretários e com o Governo Federal para continuarmos vindo”, disse.

Mulheres e jovens

Podem participar do Dom Távora todas as famílias pobres que vivem nas áreas rurais de atuação do Dom Távora e que estejam organizados em associações, comunidades quilombolas e assentamentos rurais. O Projeto exige que, no mínimo, 30% dos beneficiários sejam mulheres e jovens rurais. “Temos os chamados ‘agentes jovens’ das comunidades, que atuam como multiplicadores das orientações e conhecimentos passados pelos técnicos em capacitações e intercâmbios. São jovens dos 16 aos 29 anos que estão muito empolgados por estarem inseridos. Eles têm um potencial muito grande e devem realizar atividades de responsabilidade. Por isso, fazemos um resgate desses jovens para o projeto e eles se sentem mais protagonistas das suas histórias. Antes, eram os pais que tomavam conta do plano de negócio, agora eles passaram a ser a primeira pessoa”, afirmou Edilene Souza Barros, consultora na temática juventude do Dom Távora.

As mulheres também têm papeis prioritários nas comunidades, muitas vezes exercendo posições de liderança, como é o caso de Josefa Santos de Jesus, conselheira fiscal da Associação de Proteção Comunitária do Sítio Alto, em Simão Dias. “Tenho 61 anos, sou nascida e criada no sítio quilombola. Lá temos projeto de aves, ovelhas e agricultura, e também temos o nosso projeto cultural. Hoje, a gente agradece ao FIDA por ter nos proporcionado um galpão, que é o nosso centro comunitário. Agora, a gente pode trabalhar na roça e usar o galpão para vender os nossos produtos, fazer nossas reuniões e atividades culturais. O projeto incentivou o público a fazer a feira com a gente e estimulou os jovens a se sustentarem dentro do campo, desenvolvendo a nossa localidade”, disse.

A especialista em gênero do Dom Távora, Márcia Roseane, disse que ainda serão realizadas diversas ações ate a finalização do Dom Távora. “As mulheres correspondem a mais de 50% dos beneficiários. A gente está trabalhando para qualificar as ações, com alguns grupos de mulheres do artesanato e da agricultura familiar, trabalhando três eixos: empoderamento social e pessoal, autonomia econômica e organização. Estamos com um trabalho piloto na comunidade de Rancho, em Pacatuba, com 26 artesãs. A partir desse piloto, vamos mensurar as ações e possíveis contribuições para o cotidiano dessas mulheres. Paralelo a isso, vamos desenvolver uma ação com todos os projetos apoiados pelo FIDA no Nordeste, com a entrega de 200 Cadernetas Agroecológicas, que servirão como instrumentos para viabilizar e valorizar as produções das mulheres”, contou.

Dom Távora

O Projeto Dom Távora é uma ação do governo de Sergipe em parceria com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola – FIDA, e execução pela Secretaria de Estado da Agricultura Desenvolvimento Agrário e da Pesca – SEAGRI, que dispõe de uma unidade técnica específica para análise das propostas originadas das comunidades. O Projeto atende a 15 municípios do estado localizados nos seguintes territórios: Centro Sul – Tobias Barreto, Poço Verde e Simão Dias; Território Agreste Central e Médio Sertão – Pinhão, Nossa Senhora Aparecida, Carira, Graccho Cardoso e Aquidabã; Território do Baixo São Francisco – Japoatã, Santana do São Francisco, Ilha das Flores, Pacatuba, Brejo Grande, Neópolis e Canhoba.

|Fotos: Vanessa Passos

Projeto Dom Távora investe no cultivo de forrageiras como suplemento alimentar para caprinos e ovinos

Já foram investidos R$ 1,52 milhão na ampliação da área plantada de forrageira para ração animal.

Agricultores familiares de nove municípios do semiárido sergipano (Aquidabã, Canhoba, Carira, Graccho Cardoso, Nossa Senhora Aparecida, Pinhão, Poço Verde, Simão Dias e Tobias Barreto) atendidos pelo projeto Dom Távora estão recebendo apoio financeiro para o cultivo de plantas que possuem características nutricionais para a produção de forragem. As forrageiras servem como suplemento na alimentação do rebanho da região. Além de garantir recursos financeiros, o projeto também possibilita capacitação para o plantio, como aconteceu no Dia de Campo realizado em Tobias Barreto.

Segundo o coordenador geral do Projeto Dom Távora, Gismário Nobre, já foram investidos R$ 1,52 milhão na ampliação da área plantada de forrageira para ração animal. “Até setembro deste ano, pretendemos concluir o investimento no plantio de 300 hectares de Palma e 200 hectares de bancos de proteínas com Gliricídia e Leucena nas 78 comunidades apoiadas com recursos para produção de caprinos e ovinos”, disse. Ainda de acordo com ele, a ampliação do cultivo de palma e outras forragens representa muito para as unidades produtivas de caprinos e ovinos do semiárido. “O Projeto já entregou para os pequenos produtores sergipanos mais de 15 mil animais, entre caprinos e ovinos nas comunidades apoiados pelo projeto. Todos os nossos projetos para aquisição de animais contemplam no mínimo um hectare de área plantada com forragem”.

Um dos exemplos vem da Associação Comunitária em Agropecuária do Projeto de Assentamento Francisco José dos Santos, no município Poço Verde. O Presidente da associação, Mílton Pereira dos Santos, disse que o Projeto Dom Távora financiou o plantio de 2 tarefas de palma consorciada com gliricídia e a associação contribuiu com mais duas tarefas como contrapartida da comunidade. “Depois de dois anos, quando a palma estiver no tempo de corte, vamos ter palma para mais dez anos”, garantiu Milton.

Para o secretário de Estado da Agricultura, André Bomfim, a ação leva ao fortalecimento da cadeia produtiva da ovinocaprinocultura, contribuindo para a superação da pobreza no campo. “Esse investimento no suporte forrageiro atende aos pequenos agricultores que têm maiores dificuldades durante a estiagem prolongada. Essa inclusive foi uma das preocupações do governador Belivaldo Chagas na última reunião com o FIDA em fevereiro”, destacou o gestor. Ainda de acordo com ele, o governo de Sergipe está investindo R$ 1 milhão no plantio de palma na cadeia produtiva do leite. “A palma tem dado uma resposta muito positiva na bacia leiteira, que é extremamente forte e depende muito de água. Então estamos em esforço conjunto com a Secretaria da Inclusão Social e a Emdagro para a distribuição de sementes de palma, que ajudará a região do Alto Sertão”, pontuou.

Dia de campo

Um dia de campo sobre uso da gliricídia foi realizado com o objetivo de levar orientações e desenvolver capacidades dos produtores sobre o uso de forrageiras como fonte de proteína suplementar para alimentação do rebanho de ovinos e caprinos. Participaram 72 produtores e produtoras beneficiários do Projeto Dom Távora, atendidos com projetos de ovinocultura nas localidades Canaã, Pedra de Amolar, Poço das Claras, Curtume, Zumbi dos Palmares e Belo Monte, do município de Tobias Barreto.

A capacitação foi promovida pela Secretaria de Estado da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri) em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). As orientações técnicas foram ministradas por Cristiane Otto de Sá, pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros; e José Luiz de Sá, pesquisador da Embrapa Semiárido. A organização local da logística e mobilização dos produtores foi feita pelos consultores do Projeto Dom Távora, Camila Xavier Costa e Fernando Arimateia Oliveira.

“Estamos trazendo informações sobre a gliricídia, uma planta tolerante a longos períodos de seca, como suplementação na alimentação do rebanho de ovinos dessa comunidade. A ideia é que, além do milho e da palma que eles já cultivam e usam na alimentação dos animais, possam adicionar a gliricídia. Desta forma, terão uma importante alimentação rica em energia, proteína, água e fibra”, explicou a pesquisadora Cristiane Otto.

Além de explicar a importância da planta, modos de cultivo e produção de silagem e forragem desidratada, a pesquisadora da Embrapa também distribuiu sementes para a experiência inicial. “Com os 400 gramas de sementes que estamos distribuindo hoje, dá para produzir cerca de 2 mil mudas da gliricídia, quantidade suficiente para plantar 1 hectare dentro do espaçamento 5m x 1,5m. Dentro dessa área, depois de dois anos, é possível colher 6 toneladas por ano”, detalhou Cristiane.

O presidente da Associação do Assentamento Canaã, que sediou o dia de campo, João Catarino Nascimento, conhecido como João Branco, disse que a gliricídia vai ajudar a economizar na compra de ração. “O que vi hoje é muito importante porque vai ajudar a matar a fome dos animais no tempo de seca e ajudar na economia da ração. No meu caso, os nove animais que tenho consomem de 40 a 50 quilos de ração por dia. Se não tiver uma palma ou outra forragem não dá para sustentar”, disse o produtor.

A consultora do Projeto Dom Távora, Camila Xavier, explicou que a nutrição dos animais é importante para o tipo de negócio da ovinocultura. “Nesse tipo de negócio os produtores precisam, a cada quatro meses, ter animais em condições de venda para gerar renda e fazer novos investimentos, é para isso que estamos preparando os produtores”, disse a consultora.

DOM TÁVORA | Missão do FIDA visita projetos de pesca no Baixo São Francisco

Projetos comunitários de aquicultura, pesca artesanal e carcinicultura em dez povoados recebem investimento de R$ 2,9 milhões

Pescadores e pescadoras dos povoados Saramem (Brejo Grande) e Serrão (Ilha das Flores) receberam, essa semana, a visita de consultores do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), que estão em missão de supervisão ao Projeto Dom Távora. O projeto é realizado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), e recebe recursos internacionais para combater a pobreza em 15 municípios sergipanos com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

“As visitas fazem parte do nosso trabalho de acompanhamento e orientações aos projetos apoiados pelo FIDA no Brasil. Nossa intenção é contribuir com o avanço na implementação das ações e poder ouvir as pessoas da comunidade. Elas têm muito a contribuir com experiências que podem ser repassadas para outras regiões”, disse o Coordenador Técnico para Investimentos Produtivos e Comercialização do FIDA, Emmanuel Bayle, em reunião com a comunidade.

Segundo o engenheiro de pesca e consultor do Projeto Dom Távora, Marcelo Chamas, as atividades produtivas da aquicultura e pesca estão recebendo apoio financeiro significativo no Baixo São Francisco. São R$ 2,9 milhões investidos em 14 projetos comunitários que envolvem aquicultura, pesca artesanal e carcinicultura, nos povoados Saramém, Resina, Brejão dos Negros, Serrão, Bolivar, Bongue, Saúde, Betume, Santana dos Frades e na sede de Brejo Grande. Conforme dados da Seagri, a Associação do Povoado Saramém tem 36 famílias atendidas, que receberam R$ 199.620,00 para implantação projeto de pesca artesanal e ações na área de turismo de base comunitária. Já a Associação do Povoado Serrão, com 26 famílias de pescadores, recebeu R$ 125.095,63 para compra de barcos motorizados, redes, outros apetrechos de pesca e freezer.

“No caso dos projetos do Saramem e Serrão, os recursos estão sendo aplicados na pesca artesanal para renovação da frota de barcos, compra de motores para as embarcações, redes e apetrechos para pesca de peixe grande e equipamentos salva-vidas. Em alguns projetos, as comunidades estão inovando e diversificando as atividades produtivas com a inclusão do turismo rural. É o caso do Saramem, Resina e Brejão dos Negros, mas o maior volume dos investimentos é para pesca e aquicultura”, explicou Marcelo Chamas.

O Saramém

A população do Saramém é remanescente da antiga vila de pescadores do Cabeço, destruída pelo avanço do mar há cerca de 20 anos, conta a presidente da Associação de Doceiras e Artesão do Povoado Saramém, Maria Orlanda dos Santos. “Tivemos que sair do Cabeço e recomeçar nossas vidas aqui como doceiras, pescadoras e artesãs. E a luta é assim: acompanhamos nossos maridos ou filhos na pesca, quando é no defeso – entre novembro e março -, fazemos doces e artesanato para complementar a renda”, disse a presidente.

A renda que vem da pesca e da venda dos doces ou artesanato chega a mais de um salário mínimo por mês para cada família, segundo Maria Orlanda. “Tem semanas que não conseguimos trazer nada da pesca, fica difícil sustentar a família, então aprendemos a fazer a cocada baiana e o artesanato com a palha do Ouricuri. Depois a gente mesmo vende para os turistas que visitam a foz. Mas nós queremos mesmo é terminar a construção dos barcos e comprar logo as redes porque agora no inverno tem muita curimã, é época boa de pescar e ganhar dinheiro”, acrescentou Maria.

O pescador e membro da Associação, Ronildo dos Santos, representante da comunidade no Programa de Monitoramento Participativo do Desembarque Pesqueiro (PMPDP), apoiado pela Petrobras, apresentou a apuração de 2018. Segundo ele, o programa apresentou o resultado médio de 4,8 toneladas/mês de pescados comercializados no ano passado, só no povoado Saramém. Ronildo diz que esse é o resultado real e seguro da pesca, em rio e em alto mar, feita pela frota do povoado Saramém. O levantamento inclui espécies como Caranguejo, Pescadinha, Robalo, Xaréu, Tainha, Carapeba, Curimã, Pescada, Bagre, Boca-mole entre outros, pescados.

Jonata Rosa, de 31 anos festeja o progresso que alcançou na atividade. “Fui criado pescando na praia com meu pai. Agora, com o Projeto Dom Távora, tenho meu próprio barco motorizado e ainda vamos receber as redes. Nunca pensei que isso fosse possível. O máximo que a gente fazia era pegar uma parte do que recebia do defeso para consertar a rede ou uma reforma a velha embarcação. É um sinal de que as coisas estão melhorando”, disse.

Povoado Serrão

Com os pescadores do Povoado Serrão, em Ilha das Flores, a equipe do FIDA conheceu outra realidade de trabalhadores que exploram a pesca no Rio São Francisco. O presidente da Associação, José Ronaldo Dos Santos, disse que eles sobrevivem da pesca do Carapeba, Piau, Xira, Piranha e Tucunaré. “Se a gente vender na feira rende mais. Enquanto o atravessador compra nosso peixe de primeira por R$ 15 e R$ 17, na feira podemos vender entre R$ 20 a R$ 25. Esse problema não é fácil resolver em curto prazo, porque o pescador precisa do dinheiro, fica agoniado e vende logo por um preço baixo. Cada um vende sua pesca separado, mas com a conclusão do projeto queremos mudar. Vamos fazer um trabalho coletivo. O freezer que estamos adquirindo pelo Dom Távora vamos armazenar o pescado para vender na feira com o preço bom”, revela Ronaldo.

Para o pescador Antônio Otávio, além do que foi aprendido sobre a compra dos equipamentos e sobre a organização da associação, têm sido de grande ajuda os barcos motorizados e as redes de boa qualidade. “Uma rede fraca a gente joga no rio e ela vem toda rasgada do siri. Com uma rede boa como essa do projeto, podemos passar de dois a três anos sem preocupação com material. Agora é trabalhar pra ganhar o sustento”, completou .

O especialista em aquicultura do FIDA, Richard Abila, orientou os pescadores a pensar em práticas sustentáveis. Quais medidas eles poderiam tomar para o peixe não desaparecer. A provocação de Richard despertou um bom debate, fazendo surgir ideias como devolver ao rio os peixes pequenos, fazer um trabalho educativo junto às colônias de pescadores para respeitar o defeso, e parcerias com os órgãos ambientais. Richard percebeu que existe naquele pequeno grupo de pescadores uma relação de respeito com o meio ambiente.

Presenças

Participaram da visita os especialistas do FIDA Lucianna Matte [Aquisições e Contratações]; Rodrigo Dias [Monitoramento e Avaliação]; o coordenador de Desenvolvimento de Negócios Rurais do Projeto Dom Távora, Fábio Melo Carvalho Moraes; o coordenador regional da Emdagro e da Unidade Técnica Local do Projeto Dom Távora, Paulo Roberto Barbos;  e os técnicos da unidade local do Dom Távora, Ericka Carneiro Leão, Gilmar Nunes e Natalice Aparecida Scaramelo.

| Fotos: Pritty Reis 

Governo

Última atualização: 18 de maio de 2019 15:16.

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